J.Ferreira
Depois das novelas, todos parecem interessados em perseguir os funcionários públicos. A começar pelo Governo... Com que intenção? Esquecer os problemas da incompetência dos governantes...?
Seja qual for, a questão que se coloca é:
Como vai ser isto de avaliar os funcionários públicos ?
Desconhecemos... No entanto, gostaríamos de saber de que forma é que alguém se arroga da competência para comparar o trabalho de milhares de funcionários públicos que desempenham os seus cargos nos mais diversos organismos do Estado... Aliás, como podemos determinar a quem atribuir o prémio ? Por voto via SMS? E já agora, dos contribuintes ou de todos os portugueses?...
Percebo para quem gosta da bola que haja o melhor jogador do Mundo... Afinal todos poderemos ver os jogadores a trabalhar dentro das 4 linhas... Mas nem mesmo aqui é sério. Sabemos que nem todos os jogadores são chamados a jogar e se o são frequentemente, não o fazem em todos os jogos nem muito menos durante o mesmo tempo de jogo... E muitos, ficam pelo banco... quase toda a época. O que não é menos importante pois todos sabemos que eles fazem parte da equipa e participam nos treinos que contribuem para que se preparem bem os 11 jogadores que vão defrontar a equipa adversária. TODOS são importantes. Mas, que fazem os adeptos? Votam, injustamente, apenas nos jogadores que vêem em campo... E em função do tempo que os adeptos, espectadores ou telespectadores, têm para observar o desempenho de cada jogador em campo... Ora, se o treinador os deixa no banco... Como poderão ser bem avaliados com justiça?...
Mais... poderíamos perguntar: Será que os adeptos de um clube fariam a mesma equipa que os treinadores desse clube? Mas a resposta seria óbvia.
Então creio ser necessário reflectir sobre como avaliamos?... em que condições?... em função de que critérios?... etc... etc...
Muito mais se podería acrescentar para reflexão. Por exemplo: Quantos comentadores não ouvimos nós, quando fazem o relato dos jogos na rádio, a dizer que deveria tirar este ou aquele jogador que "não está a fazer nada" e outros a dizer o mesmo, exactamente, em relação a outros jogadores...?
Pois bem... Nunca me atreveria a avaliar a equipa apresentada pelos treinadores de futebol. Só o treinador tem os dados todos disponíveis (físicos, médicos, psicológicos,...) pelo que ele é quem melhor se encontra posicionado para saber com que jogadores pode contar... Ele deve saber o que faz e se o não faz bem... que seja digno e se demita. Continuar no exercício quando se não tem capacidade é que é inaceitável. Porém, como podem os portugueses aceitar qeu o dinheiro dos seus impostos seja para dar prémios a profissionais que, pelo menos na fama, já ganham demasiado? Ou não é isso que se ouve em cada esquina?
Enfim... Parece que temos uma predestinação para "treinadores de bancada"... Sim. É treinadores de bancada é o que a maioria dos portugueses tem fama de ser por essa Europa fora.
Os portugueses deveriam olhar-se ao espelho dos resultados dos estudos internacionalmente reconhecidos e produzir mais em vez de se aperfeiçoarem e de se tornarem exímios críticos dos funcionários públicos...
Por isso, questionamos:
Com que legitimidade se atrevem os portugueses a criticar os funcionários públicos que os servem quando, Portugal é dos que apresenta um índice de produtividade mais baixo da União Europeia dos 25 ?
Ou será que a produtividade nacional se mede apenas pelo desempenho funcionários públicos ? Serão os funcionários públicos os responsáveis por os trabalhadores das empresas portuguesas produzirem muito menos que os restantes trabalhadores das empresas europeias?
Serão os portugueses preguiçosos? Seguramente que não... Com efeito, por essa na Europa fora, milhares de cidadãos portugueses (que em Portugal nem encontram emprego) contribuem para engrandecer os países de destino (França, Suiça, Luxemburgo, etc...) produzindo mais do que quando estavam em Portugal...
Então, a que se deverá isto? De quem será, de facto, a culpa dos problemas económicos que Portugal atravessa há décadas? Que há de diferente entre viver num qualquer país da Europa ou viver em Portugal?
Que influência na produtividade terá, de facto, a quantidade de papelada produzida pelos funcionários públicos? Ainda querem que produzam mais...?
Pois bem. Se querem mais papelada, há que dizer ao nosso Sócrates que chegou a hora de passar da fase do Simplex à fase do Complex!
Por que motivo se dá credibilidade a qum critica os funcionários públicos quando se sabe que na Europa, segundo divulgou o Correio da Manhã, com dados do Eurostat, Portugal é um dos países com menor número de funcionários públicos. Sabemos que o povo repete o que passa na televisão... E uma mentira repetida é, para os ignorantes, uma verdade. Mas por muito que queiram negar, a verdade é como o azeite. Os políticos que se deixem de jogar comos números e sobretudo parem de enganar os portugueses. Mas como muitos engolem o discurso, não se admirem depois se tiverem de esperar dias e dias por coisas que na Europa se fazem num ou dois se não mesmo no próprio dia!
Que legitimidade têm os portugueses (incluindo os jornalistas "fazedores de opinião", e outros...) para criticarem os Funcionários Públicos se a produtividade nos mais diversos ramos da economia envergonha o país? Será que, o importante não é apagar o fogo nas nossas casas masa antes tentar incendiar a do vizinho para que ele não possa ter a tentação de se rir da nossa desgraça?
Oh, quantos "comentadores de meia tigela" não temos nós em Portugal...
Quantos não se apressam a opinar ireflectidamente sobre tudo quando, sobretudo e acima de tudo, deveriam aprender a fazer como os nórdicos: não se pronunciar sobre matérias de que nada percebem!... E esta, é uma delas...
Pois bem... Muitos funcionários públicos se recusam a avaliar companheiros de outros organismos... Nós apenas referiremos que, apesar de habituados a avaliar, apenas sentimos que seríamos capazes de avaliar um funcionário por comparação do que é capaz de fazer, no momento da avaliação, com o que ele era capaz de fazer no momento anterior.
Avaliar, comparando o incomparável (pessoas com diferentes recursos, diferentes locvais de trabalho, difererntes chefes, oriundos de diferentes partidos ou adeptos de diferentes clubes... é uma treta...
Lérias, lérias, lérias...
Por isso, quantos jogadores que se sentam sistematicamente no banco de grandes clubes, não gostariam outros clubes de ter como titulares...?
Pois bem, se estivessem num clube onde pudessem jogar semanalmente, será que não poderiam chegar tão longe como Cristiano Ronaldo?
Fica a dúvida...
Para nós a certeza de que não se pode avaliar quem não tem as mesmas oportunidades... E, a vida das pessoas, não pode depender de uma eleição como se de uma entrega de "Oscares" se tratasse. Aliás, esta degfradante tentaiva governamental não poderá servir senão para desmotivar uma enorme quantidade de bons profissionais que se dedicam de corpo e alma ao seu trabalho e que verão a entrega deste "Oscar" como um atentado ao seu profissionalismo.
Imagine o leitor: Que motivação terá Cristinano Ronaldo para passar a bola a Nuno Gomes, se souber que APENAS UM, o marcador, será o premiado no fim do jogo...?
Egoísmo, individualismo, egocentrismo, e outros "ismos" caracterizam a visão cega desta Minmistra da Educação, que pretende reduzir o profissionalismo os funcionários públicos (onde se incluem os docentes) a um mero teatro, a uma fantochada... Por certo, as asneiras desta política nunca terão a correspondente punição dos seus mentores. O mais que lhes pode acontecer é perder as eleições... É assim que s‼o avaliados?
Quem vai pagar as consequências das desgraças cometidas no cumprimento das leis destes governantes? O salário que auferiram exercendo a sua incompetência? Ou serão de novo os professores e os demais funcionários públicos?
Incrível... Esta semelhança com a realidade empresarial poderá resumir-se a que alguém terá esta oportunidade de ser o "premiado" (qual será deles: o sabujo ou o chibo?) mas que esta atribuição estará condenada ao fracasso. Aliás, com os milhares de funcionários, bem que muitos sabem que por melhores profissionais que sejam, lhes é mais fácil acertar no totoloto do que receber o prémio em vida...
Assim, já estou a imaginar uma Escola "não sei bem de onde", que com as verbas "não sei de quem", tentará contratar o premiado "não sei quantos" para ir ensinar "não sei onde", com um contrato de trabalho propementdo pagar-lhe "não sei quanto" ... Ridículo... No mínimo, ridículo, Senhor Primeiro Ministro!
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