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Até que o Teclado se Rompa!

"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons." (Martin Luther King)

Até que o Teclado se Rompa!

"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons." (Martin Luther King)

J.Ferreira

Deixem-nos em Paz... "Deixem-nos Trabalhar"!

Se foi a professora Maria de Lurdes Rodrigues (Ministra da Educação em Portugal, imagine-se) e a sua equipa ministerial que concebeu o Concurso para Professor Titular e que definiu os critérios para determinar quem eram os professores que a ele acediam (os melhores e com maior experiência!), como podemos exigir a esta Senhora que tenha competência para saber que é incompetente para o cargo?

Creio que temos de continuar a exigir do Poder Político que assuma as suas responsabilidades e deixe de endossar aos professores (que sempre tiveram uma atitude responsável perante os interesses nacionais colocando-se ao serviço de todos quantos obtiveram em eleições a legitimidade democrática para gerir os destinos do país.

Os professores serviram os ideais educativos de governos dos mais diversos partidos (PS, PSD ou PSD-CDS/PP) com uma dedicação extrema que sempre os caracterizou (e por vezes até altruísta, em nome da construção de um futuro melhor para as crianças e jovens que são a sua única razão de existir profissionalmente!). Nós, os professores, temos direito a sermos respeitados com a dignidade com que respeitamos os demais.

Estamos fartos de ser enxovalhados por políticos e alguns jornalistas (tipo Miguel de Sousa Tavares que escondendo a sua mediocridade, incompetência, ignorância (ou o que quer de mais "soft" lhe queiram chamar, porque eu aprendi com o meu avô a "chamar os bois pelos nomes!")  por detrás de umas "toardas" que mandam enquanto comentadores de televisão em horário nobre sem que os visados (ou até mesmo ofendidos!) estejam presentes... E estou precisamente a recordar-me do tema das "férias dos professores" que foi motivo de chacota e escárnio por parte desse senhor em Horário Nobre de um canal de televisão que não me recordo se era de serviço público (pago também por nós, professores) ou de serviço tendencioso ou parcial...

Enfim... Passado que foi o tempo em que o K.O. do governo lançou por terra as capacidades reactivas dos professores, passado o tempo em que a anestesia deixa de fazer efeito, chegou a hora da Luta... Sem Tréguas... Por isso, temos que estar preparados para uma longa luta. Porém, se outros o conseguem, nós também havemos de recuperar o nosso prestígio, a nossa dignidade, não perdida porque não fizemos nada para isso, mas “roubada” porque fomos vítimas de um assalto inesperado, daqueles assaltos pelos quais jamais algum cidadão se sentará no banco dos réus... É que são feitos por decreto, por lei, ou despacho e, como tal, apenas têm penalização política, o que é, diga-se, muito pouco pois, basta-lhes um, dois ou três anos na oposição para verem expurgados os seus pecados (leia-se, incompetências) que já podem voltar ao poder e fazer o mesmo (ou ainda pior...)! Dúvidas? Afinal, que foi que aconteceu com José Sócrates em 2002 e em 2005? Abandonou o País quando Guterres saiu, não se apresentou ao eleitorado para seguir os seus ideais para o país... OS socialistas perderam mas voltaram ao poder 3 anos depois... os mesmos (ou outros iguais, talvez com uma cosmética diferente para poderem enganar o povo com promessas de baixa de impostos, melhor saúde, melhor educação, melhor justiça... TUDO PROMESSAS para não serem cumpridas... Ou será que todos os portugueses são cegos e eles são os únicos que têm razão?

Pois bem... temos de acreditar nas possibilidades que nós professores temos se estivermos unidos nesta luta... Nós recusamo-nos a avaliar os nossos pares sem que nos seja dada a possibilidade de, de facto, podermos demonstrar que somos melhores que eles, que esses pares não têm realmente competência para o exercício das suas funções. E não nos venham com tretas de analisar a programação, os relatórios, os resultados dos alunos, a sua relação com os pais e a comunidade... Ser professor não tem que ser “ser diplomata”, fazer tudo para agradar aos pais e aos políticos da comunidade! Ser professor é zelar pela aprendizagem dos seus alunos colocando as suas capacidades ao serviço da sua aprendizagem, utilizando os recursos que lhe são disponibilizados pelo Ministério... Não tenho mais que continuar a pagar o giz que utilizo na escola, o papel higiénico que uso ou usam os meus alunos... Deixemo-nos de tretas, senhores políticos. Dêem a todas as crianças as condições que colocaram à mercê dos alunos na escola situada na zona da Parque-Expo! Mostrem-na a todos os portugueses para que vejam como e onde é aplicado o dinheiro dos seus impostos...

Os jornalistas que façam uma séria cobertura dos equipamentos que as escolas têm, desde a última do Ranking até à primeira! E que a população portuguesa ajuíze se é justo avaliar os professores pelos resultados... Todos compreendem e reconhecem que um clube de 3.ª Divisão não pode aspirar a vencer a “Taça de Portugal”... Claro, todos sabem muito bem como é diferente ter um “Centro de Estágio” como tem o Sporting, o Porto ou o Benfica, ou ter um “lamaçal” (como muitos clubes da regional!) para se preparar para a disputa dos jogos... Será que alguma vez o presidente ou os sócios de um clube da 1ª Divisão Regional ou da 3ª Divisão Nacional (ou lá como se chama, pois no que respeita a futebol temos que reconhecer a nossa ignorância...) seria capaz de exigir ao treinador da sua equipa que ganhasse a Taça de Portugal? Não... estou certo que dirão! Ou, em termos de brincadeira ou de motivação, “Sim”... Claro, pedir não custa nada...!

Pois, aos portugueses, e sobretudo aos pais pedimos: "Sejam razoáveis"... e em tudo e com todos! Também para com os professores! São seres humanos com as mesmas limitações de todos os profissionais... Sem carros de alta cilindrada, os polícias vêm fugir os assaltantes que se ficarão a rir... Sem armas adequadas os militares vêm a sua função esvaziar-se de sentido... Sem quartos ou camas livres nos hospitais, sem salas e equipamentos de cirurgia adequadas, os médicos sentem-se impotentes para dar resposta às necessidades dos seus doentes... Por favor... Culpemos quem tem responsabilidade pelo “status quo” da Educação... da Saúde, da Justiça, da Segurança, etc.. etc... Não culpem quem dá o melhor de si, sabe Deus em que condições e com que recursos...

Parafraseando o nosso actual Presidente da República, Cavaco Silva, quando era governante, diríamos:

“Deixem-nos em Paz... Deixem-nos Trabalhar!”

Os professores são profissionais credenciados e avaliados por imensos professores doutorados pelas universidades... Aprovaram nas disciplinas que as Universidades lhes exigiram para terem a competência de ensinar... Não passem a vida a querer pôr em causa esses mesmos professores doutores... Se há currupção nas universidades (e sabemos o quanto foi posto em causa o diploma do primeiro-ministro José Sócrates...) persigam-se os curruptos e metam-se nos eixos!... Mas deixem os professores dedicarem-se ao mais nobre do que têm que fazer (e não é, certamente, avaliar os seus pares pois isso em nada melhora os resultados dos alunos!)

Aos políticos apenas pedimos:

Sejam razoáveis! Sejam responsáveis! Não peçam aos professores que façam o impossível... Muito menos os julguem pela culpa que não têm, nem quanto ao tipo de jogadores que fazem parte do seu plantel (alunos da turma) nem quanto aos recursos que a Direcção do seu clube (Ministério da Educação e Autarquias) colocam à sua disposição para chegarem ao mais desejado prémio da competição: o primeiro lugar no campeonato (ranking de escolas) ou o melhor marcador ou jogador (aluno, professor) do ano.

Aos professores lembramos: Em  França, os intermitentes do espectáculo conseguiram o que queriam ... Na América, os guionistas estiveram em luta longas semanas.... o país pode pagar bem caro o que está a fazer aos professores. A onda da indignação está em Marcha... E pode tornar-se num Tsunami se todos tivermos consciência da importância da acção de cada um de nós enquanto professores.

Chegou a Hora de dizer "ALTO e BOM SOM": "Deixem essa obsessão pela Avaliação". É essa obsessão que está a criar um clima intolerável para uma relação pedagógica que se pretende e deseja saudável na escola... Um clima de guerra latente entre professores e professores titulares, entre pais e professores e, num futuro mais ou menos próximo, entre professores e alunos... Esta nova categoria (incrível: que falta de categoria teve esta ministra para querer criar uma nova categoria de professores...! E que falta de imaginação até mesmo para o nome que atribuiu ao "alto cargo" pois titulares eram já no primeiro ciclo (antigo ensino primário) todos os professores que tinham a seu cargo uma turma, isto é, eram os titulares de turma. Agora seremos os Professores Titulares Titulares de Turma! Que chique!... Vejam só que criatividade, a da Ministra! Somos duplamente Titulares... Que bonito e pomposo! Ou até... ridículo. Um estrangeiro que nos ouça a dizer a designação do nosso novo estatuto de Professores Titulares vai julgar que uma boa parte dos melhores professores portugueses são gagos...

Para mais, esta ideia considerada seguramente pela Ministra como candidata e merecedora do prémio da "Melhor Ideia do Ano" é uma ideia genial... Com efeito, ela por si só, está a tornar impossível a cooperação dos professores que colocou numa corrida em busca de alcançar o título de "o melhor professor do ano" (e muitos já escondem e guardam só para si e seus alunos, alguns "medicamentos" e "receitas", por vezes milagrosas para o sucesso dos alunos, que poderiam e estavam acostumados a partilhar... Só assim terão a garantia da inovação face aos seus companheiros e aspirar a integrarem os tais 5% dos candidatos melhores a progredir na carreira e/ou a melhor professor do ano... Sendo egoístas, guardando as receitas e os remédios milagrosos para si, poderão aspirar a que os seus alunos se situem acima da média da escola ou agrupamento a que pertencem... Só assim poderão ser reconhecidos como INOVADORES, ÚNICOS, os MELHORES do ANO...

De facto, esta ministra tentou impor um sistema contando com professores-heróis prontos a dar a vida (sofrer, passar fome, viver angústias, medos, horrores e terrores...) em nome da missão. Mas os professores não são missionários... Nem heróis.. O Sistema Educativo que esta Ministra pretende implementar é um sistema tipo "Missão Impossível": traz dentro de si mesmo o gérmen da auto-destruição. O tempo o dirá...

Há mil e um motivos e factos demonstram que este sistema de avaliação é descabido e absurdo em termos educativos. Os professores que são profissionais que, como os médicos, os advogados, os jornalistas, os médicos, etc, etc, e outros, se submeteram a avaliação de professores universitários. Alguém imaginou pedir a um engenheiro, a um médico, a um advogado etc... que deixou de exercer a sua função durante 20 anos (por exemplo, para ser Presidente de Câmara, Director de uma empresa...) que volte a ser avaliado por professores, por pares, ou por quem quer que seja?

Enfim... A necessidade de avaliação dos profissionais de educação é uma perseguição clara a uma classe profissional que se dedica a avaliar. Exacerbar esta necessidade de avaliação dos professores apenas pode radicar numa quase obsessão de uns tantos senhores, com origem em uma qualquer frustração ou recalcamento inexplicável (ou explicável à luz de uma qualquer “sede de vingança” face aos resultados atribuídos pelos seus antigos professores).

Os professores são profissionais que sempre buscaram o aperfeiçoamento da sua formação, a melhoria das suas competências: uns, voluntariamente, a pagarem cursos e/ou altas propinas nas universidades; outros, forçadamente e contrariados pela lei, como requisito para poderem progredir na carreira (em todas as profissões os há!) de acordo com aquilo que os mesmos políticos que hoje governam o país consideraram ser o "Excelente Sistema de Avaliação dos professores" que garantia as melhores performances educativas... Ou pelo menos, "venderam" politicamente esta ideia desde 1990 até 2005! E vêm agora criticar os professores que sempre foram avaliados pelas regras que esses mesmos políticos definiram na lei!

Hoje, são esses políticos descarados vêm dizer-nos que andamos sempre mal, que progredíamos automaticamente, sem nada fazer quando sabem muito bem que isto, mais que uma INVERDADE (termos politicamente correcto) é UMA ENORME MENTIRA (com todas as letras, como dizia o meu avô)... Não somos como Rui Veloso refere, e negamo-nos a usar eufemismos para com gente com este tipo de postura...!

Claro, estavam, à espera que um professor deixasse de ser competente da noite para o dia, depois de ter sido avaliado como "competente" ao longo de toda a sua carreira universitária e que lhe permitiu alcançar legitimamente o seu diploma... Incrível... Será que alguém imagina os jogadores da primeira divisão a reprovarem na disciplina de futebol? Alguém imagina Bill Gates a reprovar em Informática? Como querem que um profissional de ensino reprove naquilo em que é formado muito mais que aqueles que são indicados pelos políticos para o avaliarem!

Ou já nos esquecemos que, demagogicamente, esta Ministra determinou que, para qualquer português adquirir o direito (e a competência... claro!) para avaliar os professores... basta-lhe fazer um filho! Já agora, e parafraseando o texto da canção "A desfolhada - quem faz um filho, fá-lo por gosto" pelo menos isso! Agora premiar com direito a opinião pedagógica e de avaliação depois de já terem tido esse gosto... cremos ser demasiado!

Que os políticos (e jornalistas) se deixem de lérias... trabalhem para melhorar o resultado do PIB... para diminuir o desemprego e deixem os professores em PAZ... Eles avaliam os alunos e sabem também fazer a sua autoavaliação. Obriguem-nos a fazer formação para se actualizarem, mas não digam a um jogador (que chegou à primeira divisão e é campeão nacional) que não sabe jogar futebol!... E muito menos que, se não é chamado à selecção é porque não é um dos melhores... A verdade é que poderia ser, certamente, se estivesse a jogar num dos “grandes” (“clube rico” vs “escola rica”) ou se o treinador da selecção fosse outro... Enfim. Percebem-nos, não?

Por isso, a obsessão pela avaliação é uma enorme estupidez. E foi inventada por senhores que nunca são (verdadeiramente) avaliados. E quando o são, raramente têm uma verdadeira penalização pois até agradecem serem demitidos, dadas as chorudas benesses que acabam por receber (mesmo que sejam eles a pedir a demissão!!)...

Os professores têm em si o gérmen do aperfeiçoamento... Sabem que trabalham com massas que são distintas de escola para escola, e com recursos que dependem do poder político, seja nacional, seja autárquico...

Nunca, enquanto professor titular, poderíamos criticar um colega por não obter resultados melhores se nós, colocados em seu lugar, não fôssemos capazes de demonstrar que, com as mesmas condições (alunos e recursos), seríamos efectivamente, capazes de obter melhores resultados.

Na verdade, tal como outro texto temos publicado “Os alunos não são tijolos” tal como "os doentes não são tijolos"...

Alguém pensaria avaliar um médico pelo seu sucesso ou insucesso no salvamento de vidas? Pois bem... Nenhum dos cirurgiões aceitaria semelhante barbaridade... Os médicos do Hospital de Oncologia estariam condenados a contentar-se com não progredir na carreira, a serem enxovalhados pelos políticos como uns incompetentes, e, obviamente, traumatizados por verem que jamais sairiam do último lugar do Ranking... Alguém tem dúvida?

Afinal, nós, os professores de Portugal, precisamos de saber urgentemente: Que rumo querem que tomemos? Até quando nos vão apontar esse destino como o "objectivo a atingir"... Ou será que continuaremos a, de um momento para o outro, mudar de rumo, ao sabor das decisões destes políticos sem vergonha, que nos mandam navegar para Sul quando o objectivo é chegar à Finlândia!

Os professores devem sentir-se ENJOADOS de ouvir falar da necessidade de serem avaliados.

Esta Ministra deve andar “com a cabeça nas nuvens”... Por um lado despenaliza e desliga as faltas dos alunos do seu rendimento escolar... Podem faltar quando e quantos dias, semanas, ou até meses lhes “der nas ganas” (como dizem os espanhóis) que podem ter os melhores resultados na avaliação dos professores.

Com as suas palavras, a Ministra da Educação diz que com as normas aprovadas pretende-se desligar “a avaliação dos alunos das faltas"... Pois bem. Que rica lição de responsabilidade dá ela aos alunos quando, em simultâneo, os seus professores apenas podem ser excelentes, se não faltarem mais de 5% dos dias para poderem aspirar a serem considerados "bons professores" e, como tal, terem a possibilidade de ascenderem um degrau na sua carreira. Que futuro quer esta senhora? Habitua os alunos ao laxismo e depois crê que, no futuro, hão-de desenvolver hábitos de assiduidade ao trabalho?! Pois “ai de mim!” se faltasse às aulas por motivo que não fosse de "força maior" (doença, avaria ou atraso do transporte público...)!

É caso para perguntar à caríssima Senhora Ministra da Avaliação, pedimos desculpa pelo lapso, Ministra da Educação (pois os professores também têm direito a cometer "gafes" como o Senhor Primeiro-Ministro):

Que atitudes e que valores pretende desenvolver nos jovens?

E, depois, fazer a mesma pergunta aos pais... Se a resposta for diferente (o que não duvidamos!), a Senhora Ministra só tem uma solução: demitir-se e deixar de destruir o Sistema Educativo que tanto custou aos professores a manter vivo, dinâmico e funcional desde o 25 de Abril de 1974.

É chegada a Hora de uma Nova revolução: a Revolução "Docentocrática". Deixem os professores governar... pelo menos as suas escolas... Não ditem regras absurdas que os tornam, ainda em maior número, nos maiores "clientes" de psiquiatria... A não ser que exista algum compromisso ou protocolo oculto com os psiquiatras deste país... O que não cremos, claro! Os psiquiatras são profissionais com dignidade e estamos convictos de que jamais fariam um semelhante acordo com qualquer governo!

Um amigo dizia e com razão: se atendermos ao nível dos professores da nossa escola, esta Ministra seria considerada pelos seus próprios critérios "uma incompetente" e como tal, jamais chegaria ao mais alto cargo de dignificação de um docente, logo jamais seria Professora Titular! Como chegou ela a Ministra? Não por competência, seguramente... Muito menos por provas dadas, pois nunca foi Ministra! Então como foi? Claro, por... eleição ou nomeação! Competência por Nomeação! Que maravilha de Avaliação...

Pois, senhora Ministra... Os professores chegam às suas escolas por competência: logo, se a professora Maria de Lurdes Rodrigues não tem competência para o cargo, por que aceitou ser Ministra da Educação?

Quer a resposta? Volte a ler o primeiro parágrafo!...

O simples apelo ao egoísmo deveria ser suficiente para deixar de vigorar... mas como o objectivo é outro... compreendemos que se impulsione o egoísmo, numa sociedade cada vez mais competitiva... até à destruição dos valores da solidariedade (conquistas de outrora, hoje desprezadas... )

NOs mais diversos ramos da sociedade, todos sabem muito bem como alcançar os objectivos de uma equipa. Que todos sejam felizes naquilo que fazem e vejam reconhecido o mérito da sua quota de participação para o resultado final. Quando a selecção nacional ganha por 4 - 3 a qualquer outra equipa, se o guarda-redes fosse o único da equipa a ser elogiado pelo seu trabalho (invocando-se, por exemplo, que foi ele quem impediu a entrada de golos) ou se o marcador do último golo fosse premiado por ser ele a marcar o golo da vitória, seria normal assistirmos a gestos de descontentamento, de desmotivação ou até a revolta por parte dos restantes jogadores... Uma equipa é um todo. Todos participam. Como podem ser apenas alguns os heróis? Para a próxima – diriam os outros jogadores (defesas, os meio-campistas, etc.) deixamos passar os jogadores e vamos a ver se o guarda-redes é o quem ganha o jogo!...  É que, uma coisa é destacar-se um ou outro jogador; outra, é atribuir-lhe o mérito da vitória plasmado em dinheiro (prémio do melhor professor do ano!).

Confessamos já que de futebol (clubes) pouco entendemos. Mas tal não nos impede de entender muito bem como se desenvolve a dinâmica de grupo, como se constrói e como se destrói. O ponto forte desta ministra não é, certamente, a construção de dinâmicas ganhadoras, vitoriosas e de sucesso. Se o fosse não criava o sistema que implementou: destruidor do dinamismo, da partilha, da cooperação...

Esta Ministra nunca será capaz de entender a forma como trabalham as equipas de ciclismo... Se o é, como penaliza os pares de colegas que beneficiaram não apenas de um grupo de e alunos excelentes como ainda da participação dos outros colegas.

Ninguém tem dúvida de que é muito diferente ser professor de "Filosofia" numa turma onde os alunos são óptimos alunos a "Português" pois entendem mais facilmente  o discurso do professor que aquelas turmas onde os alunos têm um "vocabulário de bairro", nunca lêm um livro e raramente tocam num jornal que não seja de futebol...

Na verdade, esta Ministra apresenta-se para dirigir o Ministério da Educação como se fosse um "General Sem Medo" na luta contra o insucesso escolar. Mas cometeu o maior de todos os erros: elegeu os seus próprios soldados como inimigos.

Generais do exército ou treinadores de futebol sabem muito bem o quanto é importante ter os elementos das suas equipas mobilizados, motivados, com um elevado espírito de sacrifício. Todos os grandes "chefes" conhecem a melhor estratégia para levar ao sucesso da equipa. Como quer ganhar ela a batalha disparando tiros nos próprios soldados, colocando-os todos em guerra uns contra os outros?