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Até que o Teclado se Rompa!

"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons." (Martin Luther King)

Até que o Teclado se Rompa!

"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons." (Martin Luther King)

J.Ferreira

Por muito que custe a um determinado grupo de cidadãos (políticos que se julgam a elite social), para se ser democrata não basta ter-se sido eleito.

 

Com efeito, muitos ditadores também tinham sido eleitos… democraticamente!...

E muitos dos eleitos transformam-se em autênticos ditadores. E, Salazar também o tinha sido. Ou será que Salazar também foi mentor de uma revolução invisível como os capitães de Abril ?...

Pois bem. Este é um problema que as democracias têm e terão eternamente dificuldade em gerir: saber até que ponto um estado pode dizer-se democrático simplesmente porque, com base num determinado programa de governo, um determinado partido alcança o poder e, arroga-se do direito de legislar indefinidamente, contra tudo e contra todos, ressalvando apenas a postura de uma minoria.

Note-se que, os deputados deste governo aprovaram uma lei cujo conteúdo, parafraseando George Orwell no seu livro “Animal Farm”, traduzido em português (e, certamente, não por acaso!) por “O Triunfo dos Porcos”, se poderia expressar na seguinte frase: “Todos os portugueses são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

Referimo-nos, claramente, aos políticos que nos governam. Todos nos lembramos ainda das recentes alterações que o Governo introduziu no Sistema de Pensões dos funcionários Públicos, nomeadamente dos professores (que terão de trabalhar e descontar mais de 45 anos!), considerando que todos os portugueses deveriam ter a reforma na mesma idade. Tal, parece-nos claramente injusto pois, se alguns apenas começaram a fazer descontos aos 28 ou 38 anos, outros começaram aos 18 ou 25 por exemplo. Como se faz justiça de redistribuição dos descontos para aqueles que mais tempo descontam? Como se pode dizer que é justo atribuir-se uma reforma na mesma idade a dois companheiros de universidade se um termina o curso aos 25 anos e o outro, andando a passear os livros e a fazer o Estado gastar muito mais na sua formação, apenas termina o seu curso aos 35 anos? E vão os dois para a reforma com a mesma idade? Então um sairá para a reforma e o outro ficará a descontar mais uns 15 anitos… Pois, pois… Por isso, alguns companheiros de universidade deixarão de poder confraternizar com os seus colegas de curso pois perdem o direito de passar à reforma com 35 anos de descontos (ficando a trabalhar mais uns 10 anitos) mas mantém o direito de ir ao funeral… (isto se a ministra não os penalizar muito nas faltas…) Assim, só porque um aluno foi bem sucedido nos estudos, é agora penalizado por esta lei do Governo que menos dinheiro gastou na sua formação, pelo simples facto de não ter repetido nenhum ano!... Grande prémio para os alunos Excelentes… Trabalhar mais que os “insolentes”…

E são estes governantes que querem dizer que é importante ter sucesso nos estudos…? Uma “ova”, diria o povo! “Reguilas” são os que terminam o curso lá pela casa dos 35 anos (perguntem ao José Sócrates!…). É que, a  reformarem-se com 65 anos, apenas terão feito descontos durante 30 anos… Os que acabam o curso com 25 (ou menos!) estão feitos: têm que descontar durante 45 anos… e fartar-se de trabalhar…até serem velhinhos como os outros… mas mais desgastados por terem iniciado mais cedo…! É esta a justiça que apregoam os socialistas…? É esta a meritocracia que tentam impor?

Só se depois de mortos, a família tivesse direito a um certo número de anos de reforma do falecido. Assim, sempre os mais penalizados teriam direito a deixar em herança o fruto dos seus descontos, que os herdeiros receberiam tipo “a título póstumo”… É que, com os cortes sistemáticos nos salários, e os congelamentos sucessivos na carreira, já nem a casa os funcionários públicos podem deixar de herança, uma vez que, não a levando o Estado nos impostos, os bancos encarregam-se de o fazer (para continuarem a apresentar lucros exorbitantes a que o perdão de impostos não é alheio!) ainda que seja tijolo por tijolo.

Aliás, não será, certamente, por terem trabalhado mais que a esperança média de vida se vai alongar… Antes o contrário, isso, sim, pode verificar-se. Ou será que o trabalho agora é tão importante medicinalmente que até dá juventude?

 

Com as suas medidas, este Governo está a passar, claramente, um atestado de incompetência ao actual Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. De facto, foi durante o tempo de Cavaco Silva (em que este esteve à frente do governo do país como primeiro-ministro!) que foi construído o Estatuto da Carreira Docente que Sócrates diz desajustado e cheio de mordomias.

Para o governo de Cavaco Silva, o ECD era considerado um instrumento fundamental para a melhoria do Sucesso Educativo e da Educação em Portugal... Para além disso, José Sócrates passa também um atestado de incompetência ao seu companheiro (de governo e de partido), António Guterres, que, enquanto desempenhou as mesmas funções não deixou de reconhecer a função dos professores como fundamental ao avanço da sociedade...

 

Para José Sócrates, todas as profissões (excluindo, claro está, a dos políticos!) são todas igualmente desgastantesE, se Deus quiser (ou mesmo que não queira, para quem acredita na oração, bastará rezar…!) todos terão igual saúde, se não mesmo uma saúde de ferro...

 

Claro está que, para o Governo, o importante não é fazer a igualdade, mas antes, adiar a idade da reforma, o que significa pagar a reforma aos cidadãos comuns durante muito menos tempo, pois a esperança de vida, pós idade da reforma, diminui à medida que se aumenta a idade da sua atribuição! Por incrível que pareça, o exemplo não foi dado pelos legisladores. Assim, lamentamos que sendo todos portugueses (e os políticos os maiores responsáveis por o país chegar ao estado em que está!), o Governo e a Assembleia da República, se tenham acobardado e tenham mantido as mordomias exageradas dos políticos que se “reformam” com pouco mais meia dúzia de descontos, “ainda com o sangue na guelra”, o mesmo princípio não tivesse sido aplicado aos titulares de cargos políticos e similares. Mais… O incrível é que, apesar de terem criado um estatuto especial para as subvenções vitalícias dos políticos, ainda assim, os governantes tiveram a ousadia de adiar a sua aplicação para as calendas gregas, isto é, lá para 2013, altura em que seguramente, nenhum deles estará pelos corredores do parlamento e os próximos políticos vão revogar a legislação agora criada, com o argumento de que “não contribui para dignificar a função de deputado e não atrai os melhores para a política”.

 

Vejamos agora mais pormenorizadamente o alcance das medidas de Sócrates.

Sócrates ignorou a especificidade de determinadas funções exigentes ao longo da carreira, como é o caso dos docentes.... Por isso, não sei se estão ou imaginar mas eu já vejo como professora dos vossos e nossos filhos, uma idosa e dinâmica senhora de 62 ou 63 anos leccionando, numa escola do primeiro ciclo, todas as áreas disciplinares (incluindo a Educação Física!), equilibrada na sua bengala… (Que beleza... Quanta ternura...! ). E a comunicação social ajudou o Governo a vender esta medida como uma medida justa, na crença de que "uma mentira muitas vezes repetida se transforma numa verdade"!

 

Como pode considerar-se que um aluno universitário que acaba o curso de professor quando já está com 30 anos (filhinho de papá que anda a passear livros e como tal reprova várias vezes mas não há problema - lá diz o ditado "água mole em pedra dura tanto bate até que fura" - porque enquanto estudante foi sempre um baldas e um cábula, apenas faça descontos durante 35 anos (30+35=65) enquanto outros colegas da mesma turma que concluíram o curso com apenas 22 anos (porque se esforçaram, tiveram sucesso e gastaram menos dinheiro ao Estado para se formarem), terão de trabalhar e de descontar 43 anos (22+43=65). É esta a igualdade de que Sócrates tanto fala? Já repararam? Colegas da mesma turma... Que começaram a descontar para a Segurança Social na mesma data... ! Chamam a isto Justiça?

 

A continuar assim, teremos uns cidadãos que frequentaram a universidade numa mesma data a gozar a sua reforma nos cafés e outros a trabalhar, apesar de ambos terem já descontado para o estado durante o mesmo tempo? Que deve contar para se ter direito a receber? O que se pagou ou os poucos ou muitos anos que se viveu…? Não é este um incentivo a começar a vida activa mais tarde… Ficar no mercado negro durante uns anos e depois descontar apenas a partir dos 30 anos? Ou vão fazer trabalhar até aos 80 anos os que começarem aos 40 a descontar?

 

Para salvaguardar as expectativas dos senhores deputados, a alteração do sistema de cálculo das pensões dos senhores políticos apenas terá aplicação a partir de 2013.

Por que motivo apenas em 2013?

Façam as contas e depressa verão que as próximas eleições legislativas serão (a manter-se no ritmo normal dos acontecimentos pois lá diz o povo “não há uma sem duas, nem duas sem três”, e como tal, pode haver outra bomba atómica presidencial…) em 2009. E as eleições seguintes? Em 2013. Claro! Contas bem feitas (convencidos, claro, que o povo português será sempre masoquista, e que depois de uma maioria absoluta, vem uma segunda maioria, ainda que não seja absoluta) havia que colocar como data de efeito da aplicação da lei aos deputados o ano de 2013! Desta forma, o Governo não desiludiu os seus comparsas e uma grande parte do conjunto de deputados que suportam o governo, bem como uns quantos da oposição, conseguirão reunir em 2013 as condições para terem direito a receber do Estado as suas (míseras!...) subvenções vitalícias (eufemismo para dizer não dizerem que passam a receber uma pensão ou reforma com tão poucos anos de "trabalho" ...)

 

Independentemente de muitos continuarem bem jovens e com capacidades para trabalhar – o que explica o facto de todos ou quase, após terminarem o mandato e abandonarem o Parlamento, passarem a ser titulares de cargos de chefia no sector público (por nomeação) ou de direcção no sector privado (para o que trataram das suas vidinhas enquanto se “passeavam” no Parlamento) – a verdade é que o ataque aos diferentes sectores da administração pública não teve nenhuma medida que se aplicasse aos deputados que servisse de exemplo para que os portugueses pudessem dizer que, de facto, os deputados eram os primeiros a dar o exemplo… Uma vez mais a sabedoria popular nos faz valer o seu ensinamento “quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é burro ou não tem arte”. Ora, caros leitores, até podemos considerar que os nossos deputados não têm lá muita arte mas teremos de reconhecer que, para tratarem das suas vidinhas, "são artistas"!

 

Até 2013, "muita água passará debaixo da ponte". Assim, podermos ter a certeza que, tal como diz o poeta “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, quando chegar a altura de se aplicar a lei, os senhores deputados de então não perderão a oportunidade de preparar os portugueses para a alteração da mesma, protelando a sua aplicação para as calendas gregas, sob a desculpa de que é necessário atrair "mais e melhores cães para os ditos ossos". E não se cansarão a esforços para levar os portugueses e a opinião pública a acreditar que é preciso valorizar o estatuto da função dos cidadãos que se dedicam à política (como já todos estamos cansados de ouvir e que ainda há dois anos era mote de conversas televisivas) argumentando com a “necessidade de cativar os melhores para a política”. Convictos da força dos media onde, “uma mentira muitas vezes repetida se transforma numa verdade”, não hesitarão a matracar tais ideias na comunicação social para legitimar o estatuto privilegiado para si mesmos.

Porém, que se saiba até ao presente, pode haver carência de mão-de-obra em vários sectores mas não consta que nenhum lugar de deputado ficasse por preencher até ao presente.

Pelo contrário, “são mais de trinta cães a um osso”! Se o estatuto é assim tão mau, por que concorrem? Altruísmo? Acreditam que se interessam pela coisa comum?

Não deveriam os políticos receber do erário público apenas o correspondente ao custo da satisfação das suas necessidades básicas para apenas atrair para a política aqueles que de facto se querem dedicar ao Estado e aos Portugueses? Se acham que é pouco… “Por que se candidatam?

Por que não se aplica aqui a lei da oferta e da procura?

Ora, se estamos em ”época de vacas magras”, para quê pagar muito se há tantos candidatos e podemos pagar pouco?

Não lhes chega terem o reconhecimento social e os tachos que posteriormente lhes são oferecidos nas empresas por terem sido bons executores?

Ou será que têm medo de ser avaliados pelo seu desempenho e nenhuma empresa os queira integrar nas suas fileiras de trabalhadores?

 

Quase me arriscaria a fazer um pouco de futurologia e, ao estilo de Zandinga, dizer aqui que, chegando 2013, o Governo em exercício não hesitará em impedir a aplicabilidade da lei agora aprovada e reenviar de novo o início da sua aplicação para as calendas gregas. Duvidam? Também eu… Mas, “não há como esperar para ver”…

Não é por acaso que os lugares de deputados são tão apetecíveis.

Não é por acaso que usando uma vez mais expressões populares, são trinta cães a um osso”;

Como os políticos são os que fazem as leis lá diria o povo:

São eles que “têm a faca e o queijo na mão” e, como tal eles ficam sempre com a melhor fatia ou não seria verdade que “quem parte e reparte e não fica com a melhor parte… ou é burro ou não tem arte.

 

 

J.Ferreira

 

 

Que terão feito os professores à Senhora Ministra da Educação... (?) enquanto esta era aluna para que, uma vez chegada ao poleiro, não tenha qualquer pejo em colocar ao nível do subsolo um estatuto profissional e um reconhecimento social conquistados com muito esforço, tanto empenho e dedicação à causa educativa ?

 

Esta atitude dos governantes apenas poderá ter explicação à luz de um recalcamento por fracassos sofridos enquanto estes governantes estavam sentados nos bancos das escolas portuguesas como alunos! Quanto a nós, apenas poderemos concluir que, de facto, a medir pela competência destes governantes, a Escola não serve de facto para desempenhar o papel que a sociedade pretende: Desenvolver qualidades como o equilíbrio, o bom senso, a tolerância, o respeito, enfim, a competência!

Assim, não admira que, em Portugal, a incompetência tenha chegado ao Poder! Aqueles que mais exigem competência dos outros e se julgam competentes apenas ocupam o lugar de destaque porque, imagine-se, sem darem quaisquer provas de o que quer que seja, são eleitos pelo voto popular (diferente de verdadeiro reconhecimento de competência!) ou porque pertencem ao leque de amizades e conhecimentos dos chefes do partido mais votado e são convidados para cargos que nunca sonharam exercer, e, por isso mesmo, nunca para eles se prepararam! E assim vai esse país à beira-mar plantado!

Meus senhores! Entreguem a Educação ao Belmiro de Azevedo, ao Pinto Balsemão ou a outro empresário que nos diga para onde quer que vamos! Se os governantes fossem de facto competentes assumiam as responsabilidades pela bagunça que têm criado ano após anos na Educação. São eles que, dão constantemente ordens contraditórias, mandando os professores ora para um lado ora para outro, ora numa direcção ora noutra, mas que no fim os acusam de não terem chegado onde nunca os mandaram ir!

Limitados por leis que têm de cumprir e que os impedem de livremente organizarem a escola por forma a obter o melhor resultado (constituição de turmas, numero de alunos por turma,… etc.) os professores são obrigados a seguir sistematicamente indicações legislativas criadas pelo patrão que no fim muda conforme mudam os partidos do poder e se limitam a acusar os professores de falta de empenho, de profissionalismo, de dedicação e até, imagine-se, de não se importarem com o sucesso dos alunos! Ora, é precisamente a classe docente aquela que vive dia a dia com os alunos e que se interessa mais pelos seus problemas! Se não encontra soluções é porque os meios são escassos, as turmas enormes, os níveis dentro de uma mesma turma o obrigam a responder a questões diferentes quase que em simultâneo! Nenhum médico atende dois casos ao mesmo tempo! No bloco operatório segue apenas um caso de cada vez! A comparação feita pela Ministra é a prova mais que provada da sua incompetência, do seu desconhecimento do processo educativo! São palavras de burocrata habituada a dar aulas da sua cátedra indiferente ao resultado dos seus ouvintes que tenta projectar nos restantes docentes como se eles fossem o seu espelho! A classe docente é uma das classes que prima pelo profissionalismo! E não aceita de quem quer que seja lições de moral nem de pedagogia ou didáctica! Isto é o que pretende a senhora Ministra! Desacreditar os professores perante todos! Não o vai conseguir! O povo já se habituou à passagem de Ministros pela pasta que apenas destroem ainda mais o sistema porque, de ensino e aprendizagem, nada percebem!

E não será por decreto governamental que o governo vai fazer entrar na escola os fracassados e os que nunca se empenharam no esforço dos seus filhos! Façam os pais assinar os trabalhos e os cadernos dos seus filhos, os livros e as páginas cujo estudo acompanharam com a indicação referindo o que aprenderam ou não aprenderam os filhos! Nenhum ou quase nenhuns o fariam! Não estão para trabalhar… Mas para avaliar, muitos marcarão presença, nem que seja para tramar a vida aos professores!

E os eternos repetentes e aqueles que nem uma frase são capazes de escrever, sem que os erros turvem a sua leitura, também vão avaliar os professores!? Julgo ser caso para dizer: Bravo! Senhora Ministra! Com um simples decreto, acaba de formar milhares e milhares de pais para avaliar os professores?

Não foram os governantes que obrigaram há anos os professores a fazer formação pois consideraram-nos uns mal-formados? E os pais? Vão receber formação para avaliar ou não precisam porque o objectivo é criar apenas maior desestabilização nas escolas, criar um clima de conflito para dividir a comunidade educativa e legitimar a estagnação dos docentes em termos de progressão na carreira ; conseguindo desta forma que sobre mais dinheiro para os boys dos partidos obterem mais uns tachos?

Ou será que andou a tentar enganar toda a gente fazendo crer à população que os professores nada fazem mas afinal todos os pais têm uma formação que os dotou de competências tão vastas e tão amplas que, para além de peritos no seu trabalho (que os professores nunca terão direito de avaliar!) também são peritos em matérias tão sérias como a pedagogia, a didáctica, o conhecimento científico de uma maneira geral?

Se os pais são competentes para tal, para que precisam eles da Escola?

 

Senhora Ministra!

Os professores são dos profissionais com formação qualificada e de crédito indubitável, sancionado por imensos docentes ao longo de toda uma carreira de estudantes. Ao longo de cerca de 20 anos foram avaliados, nas mais diversas matérias, por profissionais que ninguém é detentor do conhecimento mais credenciados do país (professores universitários) que poucos se atreveriam a colocar em causa sob pena de desacreditar todo sistema. Submeter o resultado de longos anos de percurso académico a uma dúzia de horas ou a dois ou três indivíduos que avaliem a competências adquiridas, seria impensável por alguém que se digne ter o mínimo de senso comum.

 

Pretender afirmar que qualquer pessoa pode e tem capacidade de avaliar é o mesmo que dizer que muitos dos ensinamentos das universidades não têm qualquer razão de existir pois se adquirem sendo "pai" ou "mãe"... Permitir que indivíduos sem conhecimentos pedagógicos ou científicos (ainda que se reconheça a competência de alguns para tal), que não vivem nem "A Escola" nem "Na Escola" (e que muitas vezes preferem assistir à novela ou ao jogo de futebol que aparecer na reunião de pais) participem na avaliação dos professores dos seus filhos é o mesmo que permitir que uma testemunha preste depoimento em tribunal num caso que não presenciou ou de que nada conhece.

 

É inaceitável que profissionais que foram avaliados com o critério e o rigor das universidades, sejam submetidos à avaliação de pessoas que, tal como se viu nos comentários na internet no dia da divulgação da notícia, apenas buscam um motivo de vingança por terem sido inadaptados no seu tempo de alunos... Não se pode, de mofo algum aceitar, que os professores sejam avaliados por pessoas que, na sua generalidade, são alheios a conhecimentos do foro didáctico e/ou pedagógico!

 

Já reparou, Senhora Ministra, que é a qualidade de todo o sistema educativo e das próprias universidades bem como a dignidade de todos os docentes, incluindo os mais qualificados do ensino universitário que a Senhora Ministra acaba de colocar em causa! Séria e sinceramente, se de mim tivesse saído uma tal ideia peregrina, ter-me-ia demitido imediatamente!

 

Seriamente, apenas se pode concluir que tudo isto não passa de uma manobra de populismo para desestabilizar ainda mais o sistema educativo e desvalorizar o Estatuto já de si degradado dos professores! Este Governo pretende fazer crer aos cidadãos que, muito embora de pedagogia e didáctica nada percebam (salvo honrosas excepções pois também os professores podem estar na situação de « pais » ) podem perfeitamente avaliar os professores, diga-se, vingar-se deles sempre que as notas dos seus filhos estejam longe do desejado!

Além disso, veja-se a taxa de participação nas reuniões por parte dos pais que preferem faltar ao trabalho para ir ver a bola que para ir a uma reunião (ainda que seja à noite, se houver futebol, ei-los que ficam diante da televisão...)

Veja-se também que resultado foi alcançado na melhoria dos processos de acompanhamento familiar na aprendizagem com a participação dos pais na escola! Veja-se ainda que dinâmicas de confronto foram criadas em algumas escolas com a intromissão de cidadãos que de pedagogia nada percebem!

Para ter assento numa Escola, um professor tem de possuir um diploma, obedecer a certos critérios habilitacionais que atestam os conhecimentos científicos e a competência dos candidatos, os quais são determinados pelo empregador, seja ele o Estado ou Entidades Privadas!

Porém, para se ser pai, nenhum diploma é exigido, passando a ter-se « assento » na Escola automaticamente, isto é, basta ser-se « pai » e ter um filho matriculado na escola! Automaticamente, passa-se a ter lugar cativo! Mas, nenhuma exigência se lhes faz! Podem aparecer ou não às reuniões! Podem até mesmo faltar o ano todo! Que lhes acontece? Perdem o emprego? Não! Têm que prestar contas e justificações? Também não! Então por que têm os mesmos direitos se não têm os mesmos deveres? E podem aparecer para criar problemas e emperrar o sistema com as suas queixas, as suas questões inoportunas, as suas intervenções descabidas por terem faltado às outras reuniões, não compreenderem o que consta das actas porque desconhecem o vocabulário? Podem! Claro! Podem e devem chatear os professores porque as escolas são uma tal monotonia que até os professores adormeceriam se não aparecessem uns tantos de vez em quando para fazer parecer que estamos num estádio de futebol! E aparecem? Oh! Se aparecem! Sobretudo para descarregar sobre a escola o insucesso do seu clube, a «fúria» provocada pela atitude do árbitro que levou à derrota da sua equipa!

Como se pode aceitar que avaliem docentes pessoas que não têm quaisquer conhecimentos de pedagogia?

Como se pode aceitar que avaliem docentes pessoas que deixam muito a desejar na capacidade de educarem os seus filhos no âmbito do "saber ser"?

Como se pode aceitar que, por decreto, sejam sotados de capacidade avaliativa pessoas que não só não têm habilitações do mesmo nível como, tendo-as, não tenham tido, nunca, qualquer formação na área da avaliação tal como é exigido aos professores?

 

Desenganem-se os políticos portugueses. Já lá vai o tempo em que os professores temiam a avaliação. Haverá, porventura, profissionais portugueses que sejam, no seu dia-a-dia de trabalho, mais frequentemente avaliados que os docentes quando estes têm perante si um constante feedback bem visível nos resultados escolares dos seus alunos, mediante a realização de uma avaliação permanente decretada pelo governantes como "contínua e formativa" ? E, se todos reconhecem o valor da máxima popular que diz que "sem ovos não se fazem omoletes" também ninguém se negará a reconhecer que é do estado dos ovos que depende não só o número como a qualidade das omoletes que se podem fazer.

 

Os docentes não têm medo de ser avaliados! E desenganem-se também do ataque que fazem aos professores por recusarem ser avaliados pelos pais. É com eles que sempre trabalharam e trabalham no dia-a_dia, mantendo com a sua grande maioria (ou mesmo quase totalidade!) relações de simpatia e cordialidade... Não há qualquer animosidade por parte dos professores contra "os pais"! É que uma grande maioria dos professores também são pais. E têm consciência de que ser pai não é impeditivo da qualidade de avaliador! No entanto, ter sido pai e apenas ter sido pai não pode nunca ser aceite por profissionais da educação como critério suficiente para avaliar quem quer que seja. Por isso, o que os docentes exigem é ser avaliados por profissionais. Não profissionais que sabem dizer mas por profissionais que sabem fazer.

Que significa isto? Simplesmente que os docentes têm o direito de exigir uma avaliação por profissionais qualificados. Não apenas que tenham dado provas mas que sejam capazes de dar provas de num mesmo contexto, com os mesmos recursos, nas mesmas circunstâncias, serem capazes de fazer melhor! É que, dizer como se faz é fácil... decretar é fácil... fazer é que é difícil! E, milagres, segundo consta, são poucos por esse país abaixo e nem todos acreditam neles!

E isto vê-se « in loco »! Pessoas que se coloquem na sala de aula, frente à turma concreta em que determinado docente lecciona! Ora, se perante a incapacidade do docente fazer esses alunos aprenderem determinadas matérias, o avaliador provar que é capaz, então ai sim! Esse tem legitimidade para fazer a avaliação do docente em causa! Agora, teorias… deixem-se disso! Avaliar por avaliar… de nada serve! O que interessa é passar a tirar proveito da forma como se avalia! Para gastar apenas mais dinheiro aos contribuintes? « Não, Obrigado! ». Se formos sérios depressa vemos que esta acção apenas visa desestabilizar!

 

Que aconteceria se, após a carta de condução, os condutores tivessem que ser avaliados pelos automobilistas que usam também e com eles a mesma via pública? Seria uma autêntica guerra! Não! Muito embora eu possa ver um condutor fazer uma grande asneira, apenas me limito a desviar-me e nunca poderei interferir dizendo que é incompetente e como tal deve ser penalizado! Nesta matéria, são os polícias e guardas que têm autoridade!

 

Em matéria de conhecimento curricular das escolas, são os docentes aqueles que têm competência para avaliar os seus alunos! O que nem sempre é reconhecido apesar de estarem credenciados pelas universidades para o fazerem! Já imaginaram colocar um médico a dar consultas a doentes durante uma semana perante um júri, depois de ter conseguido passar o calvário que o levou à certificação das suas competências e à consequente obtenção do diploma? Era o descrédito de todo um sistema de ensino universitário que ficaria em causa... Com os professores passa-se o mesmo! Então porque se quer agora colocar em causa as suas competências avaliadas pelas mesmas universidades? E os engenheiros? E os advogados?

 

Os professores apenas podem aceitar ser avaliados por um grupo de profissionais do mesmo ramo que tenham dado provas de competência profissional em ambientes de trabalho e que, nas mesmas circunstâncias e com os mesmos recursos, demonstrem serem capazes de fazer melhor!

 

De outro modo, deixemo-nos de tretas... Em qualquer profissão é sempre mais fácil ser-se um profissional com bons resultados quando a matéria-prima é de primeira qualidade! Porém, os alunos não são tijolos! A matéria-prima com que trabalham os professores é a pessoa humana, única e sem paridade.

Um alerta aos caríssimos colegas profissionais que se pensam os melhores de todos porque as vossas escolas são as primeiras do Ranking... Cuidado com a vaidade e a auto-estima exagerada e injustificada! A defenderem uma filosofia de pagamento de vencimentos conforme os resultados dos alunos, preparem-se! É que o Governo pode ter a coragem de obrigar os professores das melhores escolas do ranking a demonstrarem as suas competências, no ano lectivo imediatamente seguinte, precisamente na escola antípoda da posição obtida por aquela em que se encontram a exercer actualmente, isto é, os docentes das escolas do ranking, vão exercer funções nas últimas... E, de professores bestiais, dos melhores do mundo, vamos todos rir-nos quando descobrirmos que é o consultório do vosso psiquiatra que estará "à pinha" de gente e que estais entre os seus clientes...

 

Senhores governantes... Deixem-se de tretas e tratem da governação dos verdadeiros problemas do país: falta de emprego, falta de habitação condigna, falta de segurança social, falta de... tudo! A ânsia dos governantes em avaliarem os professores a todo o custo e sem quaisquer critérios de justiça e equidade, está a colocar o estatuto dos professores pelas ruas da amargura. E são os médicos (sobretudo os psiquiatras!) que se ficam a rir, com os consultórios ainda mais cheios de docentes! E a Segurança Social não tarda na banca rota pois como vai suportar o pagamento de vencimentos a tanta gente à beira da loucura?... Mais, a continuar neste processo de desgaste e desmoralização das tropas não ganhará nenhuma batalha, e, muito menos a guerra! Lembrem-se sempre, "os ministros passam... os professores ficam"! Em vez de se preocuparem com o sucesso dos alunos os professores preocupar-se-ão em agradar a quem os vai avaliar! Seria um descalabro!

Na verdade, antes de chegar a ser professores, os docentes foram alunos e foram sistemática e criteriosamente avaliados, anos e anos a fio, submetendo-se durante quase 20 anos a avaliação de profissionais competentes nas diversas áreas! E nunca o Estado se lembrou de gratificar no salário aqueles que saíram melhor classificados! E adivinha-se bem por que motivo…

Avaliar não pode ser uma questão de treta! Os professores trabalham com pessoas... e não com tijolos! Avaliar o trabalho como bom ou mau implica ser capaz de fazer melhor num mesmo contexto, num mesma situação! Não queiram que um piloto tenha um mesmo lugar no campeonato de rally quer ele conduza um BMW quer ele conduza um Twingo!

A fim de atingir os seus objectivos — a destruição total do Sistema Educativo, única forma que encontra de deixar de serem desenvolvidos cérebros no nosso país e assim se perpetuarem no poder — os governantes portugueses não se cansam de atingir a dignidade dos profissionais de educação.

No ataque que faz a tudo e a todos, contra a filosofia e demagogia que usou para alcançar o poder, Sócrates e seus ministros beneficiam de de uma situação em que "a Oposição" se encontra anestesiada, parecendo incapaz de se recompor do desaire eleitoral das legislativas. Só assim se pode compreender que, perante o ataque do governo de Sócrates ao Sistema Educativo, o mais forte partido da Oposição (co-responsável juntamente com o partido que agora se encontra no governo pelas políticas educativas dos últimos anos e pelos caminhos trilhados na Educação) continua sentado nas bancadas da Assembleia da República sem uma tomada de posição clara e forte contra os mais indignos ataques aos docentes feitos por este governo, na defesa dos profissionais que se limitaram a seguir as orientações dos governantes que mudam como quem muda de camisa.

Esta Oposição adoptas uma postura inerte, procurando algo que justifique a sua existência, parece sofrer dos efeitos de uma anestesia crítica. Parece pois, ter chegado a uma das situações críticas que põem em causa a sua existência e a que o sociólogo francês, Emile Durkheim, chamaria de estado anómico. Com efeito, não encontra meios de recompor-se e por isso pouco ou nada faz para impedir que o actual governo defira golpes brutais naquilo que anteriores Ministros dos governos PS e PSD haviam tido como os melhores caminhos para a melhoria do Sistema Educativo. Ora, se anteriormente ainda havia na classe docente uma motivação para a mudança, um empenho dos professores que desempenhavam as suas funções com entusiasmo e profissionalismo, este governo aniquilou de uma assentada, não apenas o respeito que era devido aos professores como a sua imagem na opinião pública.

Esperava-se da "Oposição" a luta pela melhoria da qualidade da Educação de um país, desempenhando um papel fundamental na crítica cerrada à postura aniquiladora da dignidade da profissão docente que este governo está a levar a efeito com medidas legislativas e verdades fabricadas na comunicação social.

Uma classe que deveria ser estimada por todos pois é com ela (e não contra ela!) que se constrói a estabilidade necessária ao desenvolvimento de um trabalho pedagógico de qualidade que possa conduzir a uma futuro mais promissor para os nossos jovens, e consequentemente, o avanço de um país!

 

Creio que já seria bem chegada a hora de os nossos governantes reflectirem sobre a afirmação de Claude Charbol, escritor francês: "A estupidez é infinitamente mais fascinante que a inteligência. A inteligência tem limites; a estupidez não."

Mas como falar em estupidez não pode deixar de fazer lembrar as afirmações de certos políticos que no Portugal Moderno chegaram às cadeiras do poder, esta máxima faz ainda mais sentido se, associada a ela se lançar uma questão a que, por certo, muitos gostariam ter resposta: 

Se a estupidez pagasse imposto, Quanto receberiam os governantes?

 

 

J.Ferreira

 

Crónicas do Desencanto - Entre o Pântano e o Deserto

 

Qualquer cidadão, ainda que pouco atento aos problemas da educação, concordará que a Educação segue por caminhos sinuosos, um tanto obscuros e desconhecidos, em forma de zigue-zage, sem se saber muito bem qual o destino ou se há, de facto, algum objectivo educativo real digno desse nome. Andamos à deriva, em busca de um caminho, trilhando percursos aleatórios, com medidas avulso, inesperadas, sem um programa de facto compreensível para os professores e para os portugueses. Sabemos que temos alguém a chefiar o Ministério mas, cada vez que muda o chefe, sabemos que mudam todas as estratégias, muda o rumo.

Não há, pois, memória de um Governo que tenha contribuído tanto e de forma tão drástica para:

– aumentar o descrédito da população relativamente ao profissionalismo dos docentes;

– destruir a carreira construída ao longo de mais de 30 anos de luta;

– criar e desenvolver numa classe o desencanto profissional

transformar a Educação em Portugal num autêntico pântano;

 

Os professores são dos poucos grupos profissionais mais interessados na melhoria do processo de aprendizagem dos alunos e da cultura e competência dos cidadaos. Por isso, sempre se prontificaram para levar a cabo reformas que os (ir)responsáveis pelas políticas governativas decidiram empreender ao longo das últimas duas décadas.

Porém, como os resultados das políticas se distanciam cada vez mais do do desejado, há que descobrir e apontar um bode expiatório para o fracasso das políticas governativas. Assim se compreende que, de há uns anos a esta parte, os professores tenham passado a ser o alvo preferido de sucessivos e inqualificáveis ataques por parte dos dois últimos governos. Ataques que ferem não se limitam a ferir apenas o profissionalismo dos docentes mas que chegam a atentar contra os seus legítimos direitos e mesmo contra a sua dignidade pessoal e profissional.

Com efeito, os governantes não se têm cansado de lavar as mãos da maior responsabilidade que é evidentemente sua e dos seus anteriores, tentando passar para a opinião pública a ideia de que os professores são os responsaveis pelo estado a que chegou a educação e, por isso, devem ser avaliados e responsabilizados pelos erros de politica, criando-se para tal critérios que classificamos como inacreditáveis em democracia. E, nao desistem da ideia de julgar a competência dos professores "na praça pública" usando para tal criterios como por exemplo (imagine-se!...) os resultados escolares dos alunos e as taxas de abandono escolar...

 

Insatisfeitos com esta injustiça, o Governo Chefiado pelo Senhor Engenheiro (?!) José Sócrates tratou os pais como ingenuos, presenteando-os com o (pseudo) poder de avaliarem os professores, tal como se oferece "um rebuçado" a uma criança, pensadno que com isto os faria esquecer as dificuldades que lhes tem criado na vida com o encerramento das escolas, o pagamento de portagens, o encerramento de maternidades, e, acima de tudo, distraí-los dos problemas que atravessa o país.

 

Para esquecer as desgraçadas consequências das medidas governativas, o Governo tentou "vender" aos portugueses um pouco de poder que, de facto, não corresponde a poder nenhum. Assim nasceu a brilhante ideia da Ministra da Educação segundo a qual "todo e qualquer cidadão pode avaliar os professores. Não se sabe onde vão buscar a competência!... Claro: Ao acto que lhe permitiu a paternidade!... Lógica da Ministra: Se um indivíduo é competente para fazer filhos, também é competente para avaliar os professores! Pois bem... Grande Lógica, Senhora Ministra... Mas, cuidado! Temos a certeza de que, não deve haver lugar algum neste Planeta, onde não haja quem classificasse essa lógica como a "Lógica da Batata"!

 

Sabendo que excepções existem pois há muitos pais preocupados com os trabalhos de aprendizagem desenvolvidos na escola pelos seus filhos, muitos dos pais jamais faltariam a um "jogo de futebol", a um "capítulo da Novela" ou a uma "reality show" tipo "Quinta das Celebridades" para participar numa reunião na Escola... os professores recusam-se a serem avaliados por pais que nunca verificam os trabalhos de casa dos seus filhos, que nunca verificam se o filho têm o material escolar na pasta, o livro necessário para trabalhar, antes de saírem para a escola e que ficam indignados por haver falta de solidariedade dos colegas mais interessados que se recusam a emprestar-lhes sistematicamente o material, etc... etc...

Pais que nem educam os seus filhos no "saber ser" e no "saber estar" não têm o mínimo de credibilidade para se apresentarem como avaliadores, nem muito menos de serem apresentados pela Senhora Ministra como competentes para tal...

Quem vai avaliar os pais na sua função de acompanhamento da aprendizagem dos filhos?

Que se vai exigir aos pais e como vão ser penalizados sempre que o filho se apresentar na escola sem material necessário ao bom e normal desenvolvimento das actividades sem a constante perturbação causada pela sistemática falta de material?

 

Porém, não contentes com este absurdo, os governantes elegeram os professores como um alvo a abater, e parecem imparáveis nas suas intenções: destruir o sistema educativo, impedir a educação de qualidade que merecem os cidadãos, criar um Portugal de analfabetos (e criticam Salazar...) e, obviamente, culpar os professores por tudo isto... Ora, creio que nem Salazar se atreveria a desenvolver uma ideia tão... sui generis, para não dizer mesmo absurda!

Esta atitude do Governo, não passa de um acto demagógico assente na expectativa de colher o apoio dos pais contra os professores, expressão de um certo "Estado de Desespero" resultante da consciência que os governantes têm, de serem eles os responsáveis máximos do estado de coisas a que se chegou, pela sua manifesta incapacidade de desenvolver políticas educativas capazes de mobilizar o país para fora do pântano em que eles mesmos colocaram a Educação...

 

Assim, esta é mais uma tentativa de encontrar um bode expiatório para a sua auto-desresponsabilização perante os portugueses face às mudanças que impuseram no sistema educativo e na forma de agir dos profissionais de educação, sem quaisquer certezas de que as suas iniciativas legislativas seriam bem sucedidas e de que as mesmas contribuiriam para melhorar o sucesso educativo.

 

Os professores têm demonstrado ao longo dos anos ser um grupo profissional responsável e empenhado na busca de soluções para a melhoria da educação em Portugal, contribuindo para o desenvolvimento do país. Poucos profissionais se sujeitariam, como os professores, a exercer em locais sem quaisquer condições como as que proliferam ainda pelo país: sem as mínimas condições sanitárias exigidas por lei, sem aquecimento, sem qualquer conforto para os alunos nem para os professores, ou até mesmo de segurança. Tantos e tantos anos, isolados nas aldeias recônditas deste país, quantas vezes a dezenas de quilómetros para o meio da serra sem terem tão pouco um telefone para chamar uma ambulância, em caso de emergência!. E continuam a trabalhar dando o seu melhor, na expectativa de ajudar a construir um Portugal mais desenvolvido, mais próspero e mais solidário.

 

Por isso chegou a hora de dizer Basta!

 

Os professores não podem aceitar que se continue num processo de desgaste da imagem construída com muita dedicação, quantas vezes com sacrifício próprio e da família, e acima de tudo, com muito esforço e profissionalismo!

 

Incompreensivelmente, não faltam por aí uns quantos senhores, que se auto-consideram de uma intocável sabedoria, não se coíbem de tomar as decisões que interferem na autonomia pedagógica que deveria pertencer ao profissional.

Na verdade, por exemplo, o manual escolar que um professor utiliza nas escolas é, na maioria das vezes, escolhido por outros docentes…Um professor quando chega à escola, recebe uma turma e tem um manual como ferramenta de trabalho que foi adoptado por outros professores, por vezes há dois ou mais anos! E quantas vezes cheio de falhas científicas…

Por outro lado, os professores nunca (ou quase nunca) são consultados quanto às reformas que seria necessário implementar ou ao investimento em termos de recursos que as escolas necessitam. E se o são, não passam de meras consultas para delas "fazer tábua rasa"… Não é assim que o governo trata os parceiros sociais? Ouve-os, de acordo com a lei, coloca isso no preâmbulo dos normativos mas, de facto, não passa de isso mesmo. É que o governo não é obrigado a seguir, nem uma única vírgula, do que é proposto e sugerido pelos profissionais como metodologia a implementar para o sucesso escolar… Depois, os governantes ainda "têm lata" de culpar os professores que tanto se cansaram de alertar para a desgraça da via escolhida pelo governo… Mas eles é que foram eleitos… e o povo tem apenas o que merece!…. Não é verdade que foram os governantes que determinaram que uma criança que apenas conhece duas letras do alfabeto deve continuar no mesmo grupo-turma que os restantes que já lêem e escrevem bem? Pobre criança…

Se percebessem a sabedoria das palavras do Presidente da Câmara de Ponte de Lima quando afirmou prefiro pertencer à primeira e maior Vila de Portugal que ser da última e mais pequena cidade do país, depressa perceberiam o quanto será frustrador para o ego da criança continuar no meio das suas companheiras da mesma idade. É que entraram todas ao mesmo tempo na escola mas realizam trabalhos de dificuldade muito diferente, mais avançados, e são bem sucedidas…

Fazê-la integrar outra turma será uma frustração para a criança? E ficar a recalcar a frustração de não ser capaz de acompanhar os meninos bem sucedidos, com quem ingressou na escola? Não é frustrador? Ou será necessário ficar com os restantes para que se mentalize e consciencialize de que ela é realmente um fracasso…? Ou será que alguém acredita num milagre do tipo, a criança que nada aprendeu num ano vai conseguir "apanhar" os restantes…? Só se esses ficassem parados… Nada mais aprendessem… Pois, ao ritmo que levam, naturalmente, o que ficou irremediavelmente para trás, nunca mais chegará a acompanhar os que vão à frente… Não é assim em tudo? E também no futebol? Quem acredita que, a meio do campeonato a equipa que não ganhou nem um único jogo, que apenas empatou um ou outro, possa chegar ao final e vencer o campeonato? Só por milagre…

 

Na maioria dos casos, os professores "não são tidos nem achados" nas decisões que levam à escolha da forma como se investe na educação... Quantas vezes os responsáveis pela administração das verbas púbicas não enviam material didáctico para as escolas sem consultar as necessidades junto dos profissionais... Por isso, a maioria das escolas limitam-se a receber livros (e outros) que mais parecem ter sido adquiridos "a metro" ou "ao quilo", imitando a velha publicidade televisiva em que uma empresa vendia mobílias ao quilo: "Ao Quilo é Uma Maravilha!"

Noutras escolas, os professores vêem chegar computadores e máquinas sem que haja a necessária segurança e, mais dia, menos dia, confrontando-se com a triste "sina" de ver a escola assaltada e os ditos computadores desaparecerem...

Depois querem sucesso! E se o não obtêm… a culpa é dos professores! Claro… lá diz o povo: não pode morrer solteira…! A verdade é que ninguém parece estar interessado em casar com ela (muito menos os políticos que têm acesso aos media para a "sacudir do capote") e por isso, há que encontrar um bode… expiatório, claro: o único que será obrigado a "levar com ela" toda a vida.

 

Os professores, na sua generalidade profissionais com brio e empenho, são constantemente culpabilizados pelo insucesso escolar dos jovens quando deles não depende nem a decisão sobre os recursos a afectar à educação, nem mesmo o destino a dar aos parcos recursos que são investidos pelo governo.

Os professores portugueses não são em nada menos profissionais que os seus homólogos estrangeiros e, ao contrário do que é normalmente dito, exercem muitas mais horas lectivas nas escolas que os seus homólogos franceses ou espanhóis...

A questão é de saber, porque conseguem bons resultados em França e em Portugal não? Onde estará o problema?

Bem... resposta não parece ser fácil... Mas, já pensaram quantos Governos teve a França nos últimos 30 anos? E a Espanha?... Não sabem...? Investiguem! Depois, comparem com Portugal... Talvez encontrem onde está a diferença!

 

A verdade é que os professores em Portugal se limitam a seguir as instruções emanadas dos governos, caso contrário estariam fora da lei e sujeitar-se-iam a fortes penalizações...

Excepção, e justiça seja feita, diga-se na defesa da verdade, aos professores da escola de Vila das Aves que, com coragem e determinação mas também muito risco (ou costas largas... pois não se percebe como puderam seguir ensinando violando as leis da República...!). Mas seguiram os seus ideais, quantas vezes contra a lei e sujeitos a "perseguições"... Agora, findos longos anos de irreverência perante a administração educativa, "passaram de bestas a bestiais" ao verem o seu trabalho ser reconhecido como muitos gostariam de ver, simplesmente lhes falta a perseverança e coragem de arriscar avançar contra os normativos, enfim, contra o Sistema.

 

E é aqui que reside a diferença. Todos os professores são capazes de executar um bom trabalho. Mas não podem ir além do que lhes é imposto pelos normativos. Com a sua função balizada, enquadrada, entalada por todos os lados com normativos que determinam linha a linha o que podem ou não podem fazer, desde quando e até onde podem ir, sujeitos a inspecções e a exigências de que seja cumprida a legalidade normativa, a maioria dos professores limita-se a ser tão bom profissional quanto a lei o permite. Inovador... Só se for fora da lei. A lei determina tudo. O professo limita-se actualmente a cumprir normativos: leis, despachos, regulamentos, circulares,... um sem número de diplomas que tem de ler e conhecer para poder desempenhar a sua função sem que seja objecto de um processo disciplinar. Neste clima de medo de infringir a lei e os regulamentos, os professores desgastam as suas energias para estar a par da legalidade, pois o seu desconhecimento não os livra de um processo disciplinar.

 

Por isso, se não há muitos professores como os de Vila das Aves, é pelo mesmo motivo que não há muitos heróis ao longo da nossa História... como esses heróis.

 

O estado da Educação em Portugal é pura e simplesmente o resultado das políticas educativas levadas a cabo pelos diferentes responsáveis pela pasta da educação. De facto, vem uma equipa ministerial e dá ordens para que se caminhe numa direcção e, em pouco tempo, por vezes menos de um mês, surgem ordens contraditórias que ordenam aos professores que devem seguir noutro sentido.

 

Esta situação tem que acabar. Os governantes não podem continuar a "lavar as mãos", das suas responsabilidades lançando constantemente a suspeita sobre a competência daqueles que, dia a dia e muitas vezes sem quaisquer meios, são confrontados com os problemas da mais variada ordem. E desculpem me a linguagem futebolística, mas, se um treinador de uma equipa de profissionais a conduz a maus resultados, deve ser responsabilizado. Pois bem. Os professores são profissionais com habilitações e competências diferentes (como em todas as actividades humanas) reconhecidas pelas mesmas universidades que formaram os senhores engenheiros, advogados, médicos, economistas, etc. que governam o nosso país.

 

Não se compreende como pode o governo estar constantemente a pôr em causa a educação e a formação dos professores quando o defeito está na política do Ministério que joga num terreno caracterizado pelo pântano legislativo. De facto, em linguagem futebolística, o Ministério da Educação comporta-se como aquele treinador que no fim de um jogo internacional, após ter passado todo o jogo a emanar ordens contraditórias para dentro do campo — obrigando os jogadores a fazerem de "baratas tontas", ora exigindo que ataquem todos pela esquerda, ora indicando-os que devem atacar pela direita e simultaneamente criticando-os por não estarem todos no centro do campo — ainda tem o desplante de vir para a sala de conferências de imprensa criticar os jogadores pelo mau resultado obtido, não assumindo quaisquer erros na estratégia de jogo que implementara no campo.

 

Numa empresa privada, não é aceitável que aqueles que tomam as decisões (que determinam a estratégia e que decidem o que se deve e o que se não deve produzir, que matéria-prima se deve ou não utilizar, em que horário devem os operários laborar) se desculpem culpabilizando os funcionários que apenas se limitaram a executar o que lhes foi solicitado. Muito menos se pode exigir que o resultado seja "resmas de folhas de papel branco" quando a ordem foi para produzir "cartão".

O que falta aos nossos governantes é verticalidade para assumirem os erros das suas estratégias. Nisto se distinguem, de facto, dos gestores das empresas privadas.

 

Portugal precisa de privatizar a forma de gerir a educação. É de um Ministro da Educação com as qualidades de um gestor que Portugal precisa. Os professores estão cansados de serem o bode expiatório para a incompetência de quem legisla. Nenhuma empresa que ambiciona o sucesso tenta alcançá-lo desmoralizando os seus trabalhadores. Um bom treinador sabe que precisa dos seus jogadores para atingir o sucesso. Por isso preocupa-se com "o moral" da equipa. Há até clubes que têm psicólogos para acompanhar os jogadores e levantar "o moral". É com a equipa que se constroem vitórias e não contra ela.

 

Mas a Senhora Ministra da Educação ainda não se apercebeu desta realidade... Critica os professores de não saberem trabalhar em equipa... E que exemplo dá?... Pode saber ouvir, mas não parece saber escutar... Por isso rejeita a colaboração de todos... Até mesmo dos seus pares da Assembleia da República...

 

E o pior é que os políticos não se coíbem muitas vezes de faltar à verdade. Veja-se o caso da análise das faltas dos professores (que parece não poderem ter filhos, estar doentes, serem vítimas das congestionadas estradas nos longos percursos que fazem diariamente para, à sua custa, servirem os jovens portugueses)... A Ministra sabe que em Portugal os professores são dos profissionais que menos faltam ao seu trabalho. Confrontem-se as folhas de descontos para a Segurança Social e veja-se quantos dias por mês descontam os trabalhadores, multiplique-se pelo numero de horas de falta, incluindo gravidez, morte de familiares etc... etc... e publique-se as estatísticas da mesma forma que fizeram com os professores a quem um atraso de 5 minutos corresponde à comunicação de uma hora (ou cinco horas de falta) ainda que o professor esteja as restantes horas do dia a trabalhar no estabelecimento...

 

A estratégia utilizada pelo governo para "queimar a imagem social dos professores" tinha sido muito bem pensada e estrategicamente planeada para retirar a força aos professores junto da opinião pública. Passar a ideia de que os professores faltam muito e de que nas escolas não se trabalha foi uma estratégia pouco digna porque falsa, utilizada por uns tantos socialistas – veja-se a opinião ridícula de Miguel de Sousa Tavares pronunciada aos microfones de um dos canais de TV–, que apenas demonstra a falta de ética na sua forma de fazer baixa política, conhecida por nós como "não olham a meios para atingir fins!".

 

Não admira, pois, o desespero de alguns professores que, de um dia para o outro (e por lhes faltar uns míseros 30 dias de tempo de serviço), viram a sua idade de reforma adiada por mais 10 anos. O descrédito de muitos dos profissionais cansados de verem alteradas as regras dos concursos cujos resultados implicam necessariamente com o estado de equilíbrio emocional e sócio-familiar, o desencanto de todo um grupo profissional que vê o seu já efémero prestígio fortemente atingido por um governo que não se cansa de fazer rebaixar os professores. Sim, tantos e tantos que por esse Portugal fora, em escolas sem quaisquer condições de trabalho, deram tudo de si para o desenvolvimento do país...

Tantos e tantos professores que passaram a vida a gastar o que ganhavam para exercer as suas funções com qualidade, se deslocavam dezenas (e por vezes centenas) de quilómetros, para levarem o conhecimento, a cultura, a esperança aos jovens do país.

 

Que governantes mais ingratos... Tanto se esforçaram os professores para levar a bom porto os diferentes e contraditórios rumos estipulados pelos diferentes governos... E agora, não olham a meios para salvar a pele da incompetência... De nada valeu aos professores terem servido com profissionalismo e empenho a causa educativa, cumprindo sempre as directivas governamentais independentemente de em muitas ocasiões discordarem da sua implementação.

Na hora da verdade... os professores são sempre os culpados dos males… Os políticos apenas estão dispostos a receber os aplausos e condecorações de mérito…

Mas… Até têm razão. Não foram os professores portugueses que, por essas escolas do país formado os governantes actuais? Bem… Querem uma melhor razão para serem eles os culpados das desgraças do país…? Os professores são, de facto e em última análise, os culpados de termos o Governo que temos.

 

Hoje, numa sociedade sem valores, já nada espanta os professores! Basta analisarmos as palavras de uma mãe que, interrogada sobre os resultados do filhinho, afirmava quando eles eram excelentes:

"Ah! O meu filho é tão inteligente!"

Mas quando mais tarde alguém a interrogou de novo e os resultados já não eram tão bons, já não teve qualquer pejo em dizer:

"Oh! Claro… como há-de aprender se o professor é um grande BU_ _ _ ?"

 

O quê...? Faltam letras?!.... Não sabem o que diz o Zé-Povinho?

"Para bom entendedor, meia palavra basta !"

 

J.Ferreira

Portugal tem-se transformado numa sociedade caracterizada por contrastes cada vez mais gritantes.

De um lado, temos uma classe (in)activa que apenas serve para produzir discursos capazes de encantar as sereias (leia-se povo português!) constituída por uma classe política -  sobretudo por governantes e demais detentores de cargos públicos, em geral, de nomeação política - que ficou intacta no seu nobre direito a usufruir dos chorudos salários, associados a regalias e mordomias sociais especialíssimas que tocam o limite da dignidade humana, que seria motivo de vergonha de quem as aprovou, não tivera sido feita a dita aprovação pelos próprios beneficiados!…

Do outro lado, temos a população activa (leia-se, produtiva, de facto!) que tem sofrido, por parte dos legisladores, ataques constantes aos seus direitos e garantias legalmente instituídos, reduzindo severamente o direito a uma qualidade de vida e bem-estar, nomeadamente no que se refere ao acesso à saúde, ao ensino, à justiça…

De facto, a crise não é para todos!…

A redução de condições de vida tem deixado intocável a classe política e os dirigentes por ela nomeados.

A cada dia que passa se fica a conhecer mais um ou outro político que conseguiu, mercê de mordomias impensáveis que tocam os limites do pudor e da pouca vergonha. Num país onde o salário mínimo está ainda muito longe dos 500 euros, aprovar ou deixar em vigor uma lei (não a alterando quando se tem maioria absoluta!) que permite a qualquer ex-governante ou ex-titular de cargos públicos receber do Sistema do Estado (Segurança Social ou lá de onde for...!) pensões ou "subvenções" acima de 15.000 euros / mês, é um atentado à dignidade de qualquer trabalhador. Mais grave ainda porque aos titulares de cargos públicos a lei (que eles mesmos fizeram e aprovaram, não alteraram ou mesmo revogaram!) lhes permite acumular as reformas e subvençãoes...!

 

Estamos à beira da bancarrota...? A Segurança Social pode dar o "PUM" a qualquer momento?... Pois... Pois... Em democracia todos os cidadãos deveriam ser iguais! Mas assim não é! Instalou-se, em Portugal, uma democracia sem princípios! Por isso, a cada ano que passe, nos aproximaremos mais... ou então, muita fome se terá de passar para compensar o esvaziamento dos cofres por uns tantos cidadãos que alterram as leis como se a nossa democracia copiasse os vícios de um outro sistema político em que, como referia George Orwel na sua obra em Animal Farm, "todos os cidadãos são iguais mas alguns são mais iguais que os outros"!

 

De facto, o Estado está hoje a pagar a uma enorme quantidade de indivíduos que se reforma da política tendo servido, de facto, o Estado durante menos de 10 anos. Estes políticos (cidadãos "mais iguais" do que os outros) muitos deles com cerca de 40 anos de idade, se tivermos em conta a esperança média de vida, ficarão a receber do Estado estas “reformas disfarçadas” a que deram o nome de “subvenções vitalícias” (como se tivessem ficado deficientes ao serviço do Estado e, como tal, precisassem de ser ajudados pelo Estado) durante 40 ou 50 anos ou até mais...

 

É claro que a segurança Social não vai aguentar... E se aguentar até que estes governantes contabilizem o tempo necessário para adquirirem o direito a essas subvenções, após a saída deste governo ou do próximo, lá teremos o mesmo discurso a passar de novo e uma vez mais na televisão (de muito fraca qualidade e que deveria autoavaliar-se, comparando-se com o que se faz, por exemplo, no jornalismo de investigação francês em vez de se limitar a reproduzir uma quantidade de coisas sem qualquer suporte credível) a repetir programas do tipo "Prós e Contras" que apenas servem para legitimar medidas sem qualquer fundamento científico credível e, muitas vezes, onde são esgrimidos argumentos que intelectualmente, não são honestos. Lá diria o Zé-povinho : Estes governantes devem andar eclipsados… Estão mas é a querer "tapar o Sol com uma peneira".

 

A crise do Sistema de Financiamento da Segurança Social “tem dado pano para mangas”. Com efeito, estratégica e “inteligentemente”, o Governo foi preparando a opinião pública fazendo passar a ideia repetida de que a Segurança Social estava à beira da falência, procurando responsabilizar por esta triste realidade (que, só agora, se aperceberam, apesar de se considerarem tão competentes na matéria). Mas esta estratégia não foi focada nas necessidade de acabar com as mordomias daqueles que, tendo servido a coisa pública, estão a cobrar balúrdios ao erário público até ao se termo de vida…Referimo-nos, obviamente, às tão apelativas, tão atraentes e desejadas “subvenções vitalícias” dos titulares de cargos políticos e/ou públicos.

 

Dessa parte do bolo dos pagamentos não interessava falar…. E, como tal, nem foram apresentados nem foram pedidos quaisquer números pelos jornalistas... O objectivo estava direccionado e os professores eram o alvo a abater. Pois, pois. No entanto, seria bem mais interessante saber quanto está a pagar a Segurança Social a cada um dos políticos que exerceram funções, após o 25 de Abril, a fim de ficarmos todos a conhecer quanto nos custa a democracia, isto é, que fatia representa para o bolo da Segurança Social as subvenções e pensões dos titulares de cargos políticos ou de cargos de públicos de nomeação política...

 

Mas nada foi feito. Apenas interessou alterar a idade da reforma do cidadão comum... Estas medidas repressivas apenas abrangem o comum dos cidadãos... Os políticos ficam ainda de fora e continuarão... Por isso haverá sempre e cada vez mais interessados em entrar para a política. Não consta que haja falta de candidatos a deputados em partido nenhum. Vá se lá saber porquê...

 

De facto, os políticos alteraram a lei para obrigar o cidadão comum a trabalhar mais de 40 ou 45 anos, uma vez que apenas poderá pedir a sua reformam quando chegar 65 aos idade. No entanto, os políticos continuarão a reformar-se, até 2013, pelas mesmas regras. Governar assim é fácil. Impor sacrifícios aos restantes cidadãos não custa nada.

De facto, a reforma para todos aos 65 anos não só é injusta (pois as funções provocam diferentes desgaste) como imoral pois muitos dos que chegam a essa idade têm mais de 45 anos de descontos enquanto alguns (os políticos) apenas descontam durante pouco mais de meia dúzia e já passam a recebê-la, mesmo antes de chegarem aos 65 anos...!

Alguém contesta esta realidade? Poderemos comparar o trabalho de um calceteiro com o de um telefonista? Se a lei continuar como está, poucos chegarão em breve a receber a reforma pouco mais de 5 ou 10 anos, mesmo tendo descontado durante mais de 40 anos… De que lhes serviu então terem descontado? Garantia da reforma dos políticos? Claro…

 

Consideramos, pois, indigno que, conhecendo-se as vantagens profissionais da passagem pelo desempenho de funções políticas, se continue a aceitar, numa sociedade dita democrática em que "todos os cidadãos deveriam ser iguais", que os políticos continuem a auferir desde o momento em que abandonam os cargos, uma subvenção vitalícia, que podem acumular com vencimentos noutras funções...

Em contrapartida, o comum dos cidadãos, apenas tem direito a receber a sua Reforma (quantas das vezes mísera) depois de ter chegado aos 65 anos de idade (se lá chegar ou se ainda for vivo ou, sendo-o, tiver vida para dela usufruir!).

 

O problema para a Segurança Social agudiza-se se tivermos em conta que as reformas (ou subvenções, chamem-lhe o que quiserem, são melhores que autênticas reformas!) mais altas são as recebidas pelos cidadãos que ocuparam cargos políticos e que estas são as que são atribuídas durante muitos mais anos, uma vez que começam cedo a recebê-las (muitas vezes acumuladas umas com as outras e com o rendimento de uma actividade profissional que a maioria, mesmo estando "reformados", continuam a exercer!...).

 

Acrescente-se que, se tivermos em conta que são os titulares de cargos políticos os que mais facilmente têm acesso a um melhor sistema de saúde e de melhor qualidade, e que a longevidade é muito mais elevada para quem tem melhor assistência, depressa se compreenderá que a Segurança Social não vai aguentar com tantas e tão elevadas quantias pagas, pois o número de políticos aposentados cresce a um ritmo alucinante, incomportável com qualquer saneamento financeiro da Segurança Social.

 

Por isso dizemos que, enquanto a Segurança Social continuar a pagar Reformas acima de 5000 Euros (e há políticos a receber perto de 20.000 euros de pensões, reformas, subvenções ou o que lhe queiram chamar...) o futuro está traçado: caminhamos para o abismo financeiro, para ruptura total.

 

Se em 1990 já dizíamos nós que, quando chegássemos à idade da reforma, dado o ritmo a que cresciam os indivíduos reformados da política, não haveria dinheiro para pagar a nossa reforma, ao ver que nos faltavam 15 anos para atingir a idade da reforma e agora nos falta cerca de 27, depressa se pode concluir que, nestes 27 anos que aí vêm, milhares de políticos mais serão reformados e, quando lá chegar, constataremos que já não há nada. Se de facto até auferiam valores elevadíssimos, mais um motivo para terem amealhado fortunas e deixarem agora, não só por uma questão de justiça mas também de solidariedade democrática que tanto se apregoa, e não necessitarem de contribuir para arruinarem hoje a Segurança Social.

Ou então, que lhes seja permitido sim receber o valor a que têm direito, mas apenas e enquanto o valor dos descontos efectuados para a Segurança Social for superior ao devolvido por esta. Só desta forma seria feita justiça pois nenhum dos que começassem cedo a receber subvenções vitalícias contribuiria para arruinar a Segurança Social. E, nada mais justo do que, tendo recebido o que havia descontado… nada mais teria a receber. Caso contrário, descontam durante cerca de 10 anos (dos 30 aos 40) e ficam a receber, sem exagerando na esperança média de vida de cada um deles, durante cerca de 40 ou 50 anos…

 

Em conclusão:

As “subvenções vitalícias” pagas pelo Estado a titulares de cargos públicos ou políticos antes de chegarem à idade da reforma estipulada para o cidadão comum, são um atentado à dignidade humana dos restantes cidadãos que trabalharam uma vida inteira, e uma machadada na democracia e, sobretudo, no sistema politico onde um Presidente da República ouve, durante a campanha de um partido que se candidata a governar e vence as eleições, um conjunto de promessas que a seguir não são executadas ou são alteradas, sem que seja chamado à responsabilidade, isto é, demitido.

 

A credibilidade do Sistema Político Português está de facto pelas ruas da amargura... Todos os dias assistimos a denuncias pela internet que, não sendo controladas pelos maiorais da comunicação social, nunca apareceram a ser desmentidas...

 

De um "Estado de Direito" passamos a viver num Estado em que apenas nos podemos "Candidatar a Ter Direito"! Isto porque desta forma, uns terão efectivamente direito a tudo, e desses direitos usufruem efectivamente e a curto espaço de tempos sem que nunca lhes seja colocado em causa as legítimas expectativas, os direitos adquiridos, ... etc. Outros vêm a sua vida andar para trás, mudar do dia para a noite, perdendo em 30 dias tudo que haviam conquistado com tantos sacrifícios e esforço ao longo de mais de 30 anos. É esta a (pseudo)Democracia em que vivemos. De facto, à semelhança do que já foi por alguém afirmado na comunicação social, apenas se pode concluir que "A Democracia Está Enferma".

 

Por isso, continuamos a ver no partido que suporta este Governo (que tanto criticou a construção do Centro Cultural de Belém no tempo em que o actual presidente da república era primeiro ministro), uma intenção inequívoca de levar por diante não uma mas duas obras faraónicas: o TGV e a OTA. Incrivelmente mais parece uma guerra de teimosias a ver quem é o mais teimoso.

Não me recordo mas ainda há gente viva em Portugal que deve ter sofrido com fome quando outro Ditador levou por diante a construção de uma obra (na altura, faraónica mas que, contrariamente às actuais que apresentam uma necessidade relativa, ainda hoje faz imensa falta: a Ponte de Salazar, reconstruída em apenas algumas horas como Ponte 25 de Abril.) E não tem nada a ver com apreço pelo salazarismo. É apenas uma medida comparativa: na altura os portugueses passavam fome e hoje começam a ver-se em dificuldades com (sobre)endividamento e os preços a não pararem de subir, as dívidas cada vez a corresponderem a uma maior percentagem do salário que pouco ou quase nada aumenta... etc. etc...

Que venham agora (à semelhança do que fizeram para justificar que as propinas fossem pagas pelos estudantes) justificar-se perante os portugueses com o mesmo argumento que então utilizaram: não vão os pobres e os contribuintes da classe média portuguesa pagar para os filhos dos ricos andarem na Universidade...

Meus senhores. Sejam honestos. Eu prefiro pagar para esses filhos dos ricos andarem na Universidade (e um dia cobrar-me-ão menos pela consulta médica, ou consulta legal, ou mesmo pelo projecto de obras que tenho de apresentar na câmara Municipal) do que pagar para os senhores deputados e outros milionários ou que auferem altíssimos rendimentos (alguns árbitros, alguns dos jogadores de futebol, outros tantos altos empresários, etc.) viajarem em menos 30 ou 40 minutos entre Lisboa e Porto. Que se levantem mais cedo... Dormir e ler no comboio não faz mal a ninguém... Há famílias que dormem em viagem para desempenharem funções onde auferem muito menos que vossas excelências... (refiro neste caso, por exemplo, o caso dos professores cujo concurso foi alterado por este Governo obrigando-os a permanecer pelo menos 3 anos em locais distantes das suas residências e de suas famílias, e que, ou se deslocam diariamente e pagam do seu bolso as despesas com mais de 350 Kms para cada lado, ou têm que pagar uma segunda renda de casa para poderem exercer as suas funções regressando apenas nos fins de semana sem que lhes seja paga qualquer ajuda de custo....

 

Deixemo-nos, pois de hipocrisia, demagogia, silogismos. Falemos VERDADE às populações. Não façam como nos Estádios de Futebol onde os custos dispararam nalguns casos para 4 ou 5 vezes mais que o projecto... Quem pagará a diferença entre as previsões iniciais e os custos finais da obra...? O Zé-povinho... Não do seu bolso directamente, mas na gasolina, no pão, nas portagens, nos livros, nas roupas... etc... etc... etc...

Com o povo a passar fome, o exibicionismo e obras megalómanas mais próprias da idade média que do século XXI, são, quanto a nós um crime social que nenhum cidadão democrata deveria perdoar. É verdade que não há gente competente que chegue para tantos partidos. Mas há partidos no parlamento com gente tão ou mais competente que os governantes e que nunca chegam a governar... Que os portugueses sejam capazes de esquecer a cor da camisola do seu clube partidário e que apoiem uma selecção de políticos capaz de levar Portugal para a frente, na construção de uma sociedade mais justa, mais equilibrada, mais solidária, menos egoísta, menos fraccionada...

Que nas próximas eleições mostrem, como os árbitros de futebol, um cartão vermelho a este governo que, até hoje, apenas toma medidas não constantes do seu programa eleitoral, não cumpriu muitas das justas promessas que havia feito, e não se vislumbra que o possa vir a fazer, criando um clima de guerra psicológica, aberta ou silenciosa, entre diferentes grupos populacionais, utilizando uma estratégia medieval de "dividir para reinar".

 

Atentemos agora no que fez este Governo para sanear a Segurança Social...

E relembremo-nos do que fez o Governo de José Sócrates aos mais variados grupos profissionais e, particularmente, aos professores.

De facto, até já estou a ver um colega meu a dar aulas em 2019, com uma capacidade fenomenal para, já com 64 anos, estar a leccionar numa turma de 22 alunos, com idades compreendidas entre os 6 e os 11 anos, em que se pratica a mais moderna "filosofia pedagógica" conhecida como inclusão (de tudo e de todos, a todo o custo e sem olhar à falta de meios e/ou de recursos!) em que está integrada uma criança autista, outra surda ou com trissomia (quiça filhas de alguns dos reformados políticos mais influentes lá da paróquia que nem de 1 ou 2 dos seus netos aceitam cuidar durante umas horitas para que os seus filhos possam ir ao cinema!).

Provavelmente estarão já a pensar: "... Ui... Que retrógrado! vejam só como fala das crianças com necessidades educativas especiais..." mas, na verdade, se nos deixarmos de eufemismos (a que o Zé povinho chamaria verborreia) e do politicamente correcto, talvez as pessoas se dêem mais depressa conta de que para este tipo de crianças.

O facto é que em França, na grande metrópole onde trabalhei nos últimos 4 anos (Paris), e onde exerci funções em mais de 12 Escolas diferentes, não estava nenhuma criança com NEE's ou NE's (classificação a ser sistematicamente alterada pelos grandes sábios e especialistas nacionais!), porque eles, os franceses, só avançam para a integração quando há condições efectivas no terreno para as receber. Por isso, não estranhei não ter encontrado nenhuma criança integrada em qualquer das turmas, de nenhum desses estabelecimentos, que fosse portadora de qualquer uma das acima referidas necessidades, ditas especiais ou não...)

Aliás, os pais das crianças em Paris exigiam do Estado escolas e instituições capazes de dar resposta às necessidades dos seus filhos e não a prática de uma integração - "inclusão selvagem" - " a que se assistiu em Portugal nos últimos anos, com o único intuito de fechar as escolas especializadas existentes e assim poupar uns trocos. Para tal, apresentaram esta solução aos pais, como uma grande conquista dos seus filhos: estar entre os demais como equivalente a ser igual (como se estar com os demais na mesma escola fosse por si só o caminho para a felicidade da criança).

De um momento para o outro, escolas com exactamente os mesmo recursos de anteriormente (ou a falta deles!?), passaram a receber e integrar crianças com necessidades educativas especiais com as mais variadas problemáticas atrás referidas, sem que houvesse formação para os professores que com elas têm que trabalhar as cerca de 23 horas semanais (duas, ou três apenas, ficam com a tal professora itinerante, dita "professora de educação especial", que passa pela escola umas duas ou três vezes por semana! Que resposta, meus senhores.. que resposta deu o Estado a estas crianças... E eu é que tenho um léxico que ofende... (Consultemos, pois, o dicionário e não tenhamos medo das palavras portuguesas: cego, surdo e mudo estão lá. E não fui eu que as inventei ou que as acrescentei no dicionário.) E questionemo-nos antes: quanta ofensa não está silenciada no dia a dia destas crianças quando, perante os ditos "normais" se dão conta da sua diferença sem vislumbrarem uma possibilidade de resposta da parte da Escola... Afinal de que falamos? De Inclusão... ou de Frustração...?

 

Claro... dirão. Não há dinheiro... Pois... Não há dinheiro para recursos educativos... Mas para a OTA e o TGV..., vai haver...! Custe o que custar! Ou será que, também eu sou um pouco surdo e estou equivocado com o que ouvi das palavras do Senhor Primeiro-Ministro, José Sócrates? Tal como houve dinheiro (e de que maneira!) para os Estádios de Futebol. Agora são os cidadãos a pagarem a factura (veja-se o caso de Braga, em que o IMI foi colocado nos valores máximos permitidos pela Lei...

E os Bracarenses que se dêem por contentes... Até têm um Estádio de pedra (granito) que é dos mais belos da Europa e arredores (imagine-se!)... E serão felizes dando razão à máxima que há longo tempo penso orientar uma certa forma de fazer política: uma mentira muitas vezes repetida se transforma numa verdade. Por isso continuaremos a ver cartazes pagos por todos nós com a frase: "É Bom Viver em Braga!"... Oh, se é...

 

Mas voltemos à questão das finanças públicas e do Saneamento da Segurança Social de que tanto se vangloria o governo de estar controlada e, a médio prazo, saneada. Creio que se me der ouvidos (e não for por isso surdo!) vai levar à prática a solução milagrosa e infalivelmente eficaz, que lhe apresento de seguida.

E, como o Governo tanto aprecia o espectacular, o extraordinário, o fenomenal, já me imagino a receber o prémio para o melhor professor (de políticos, claro!) por este fenomenal contributo pedagógico para as finanças do País... Duplamente económica: é eficaz e é de borla: Por isso, o Estado ficará duplamente a ganhar.

E este será um óptimo contributo para levara bom porto as suas obras megalómanas. Poderá, por conseguinte, o Senhor Primeiro-Ministro José Sócrates ficar para a História de Portugal como um outro Sócrates (grego) ficou para a "História da Filosofia".

E, com a medida que lhe vou fornecer, gratuitamente, bem que José Sócrates poderá vangloriar-se de ter sido o único português capaz de, num único mandato, construir a OTA, construir o TGV e ainda sanear a Segurança Social.

Aqui fica a proposta de lei, tão simples que nem dá para crer:

 

 

Artigo Único

1. Todos os cidadãos trabalhadores e que tenham descontado para a Segurança Social, têm direito a receber uma pensão.

2. A pensão a que sse refere o número anterior, será paga pelo Estado apenas aos cidadãos que, pessoalmente, apresentarem o seu “Atestado de Óbito”.

3. O disposto no número anterior não é aplicável aos titulares de cargos políticos ou de nomeação política.

 

E pronto! Aqui tem, senhor Primeiro-Ministro. E, de uma cajadada só, mata três coelhos!  E que coelhos!... Mas calma... Não embandeire em arco... Tenha, pois, muito cuidadinho com o traçado da linha do TGV... Senhor Primeiro-Ministro. Com efeito, será bem melhor certificar-se de que a mesma não vai passar perto de nenhum sítio daqueles que todos nós sabemos (imagine e depressa descobrirá!). É que se os cidadãos que partem para o outro mundo podem obter a permissão divina para voltar à Terra... E, com o TGV ali à mão… seria melhor para o Senhor Primeiro-Ministro José Sócrates que já não estivesse pelas bandas de S. Bento. É que ainda pode haver algum que lhe provoque muitas insónias ou até pesadelos... Já imaginou um morto-vivo aparecer no Palácio de S. Bento com o Atestado de Óbito na mão a reclamar pela sua legítima reforma... Pior... Estando do outro lado, podem reclamar o seu pagamento até à eternidade… Já imaginou o prejuízo? Muito pior que as subvençoes vitalícias dos deputados "reformados" em pleno auge da pujança das suas vidas e cuja esoperança média de vida pode ulttrapassar os 90 anos?

 

 

Ainda assim, apesar dos perigo desta medida, ascredito que se sinta tremendamente tentado a fazer aprovar esta belíssima proposta. Aliás, ela nem destoaria muito... Com efeito, ela é em tudo consonante com as políticas governativas que tem implementado em Portugal nos últimos tempos...!

E pedimos desculpe lá esta imodéstia!... Mas com as ideias tão maravilhosas que temos visto serem publicadas em lei, até nem achamos esta nada menos luminosa! 

 

No entanto, Mas, como lá diz o Zé-povinho, "Não vá o Diabo tecê-las!", aconselhamos a pensar muito bem antes de fazer aprovar no Parlamento a maravilhosa proposta de Lei que enviamos... É que, tal como as leis que tem vindo a ser aprovadas, aparenta ser indiscutivelmente tão inovadora quanto excepcional, merecedora de um prémio de “Mérito” pois os prémios “Nobel” já estão entregues todos este ano… !

... 

J.Ferreira

Assistimos em Portugal ao desenvolvimento de uma sociedade que se caracteriza por cada vez maiores e mais fortes contrastes. De um lado, a classe política (governantes e demais cargos públicos de nomeação política) a usufruir de salários "chorudos" num momento em que Portugal atravessa uma forte crise. De facto, a crise toca a todos menos à classe política e dirigentes por ela nomeados. A cada dia que passa se fica a conhecer mais um ou outro político que se encontra a receber do Estado avultadas quantias mensais...

acumuladas....

 

O Estado está hoje a pagar a uma enorme quantidade de indivíduos que se reforma da política tendo servido o Estado durante menos de 10 anos. Estes políticos (cidadãos "mais iguais" do que os outros) muitos deles com cerca de 40 anos de idade, se tivermos em conta a esperança média de vida, ficarão a receber do Estado estas “reformas disfarçadas” a que deram o nome de “subvenções vitalícias” (como se tivessem ficado deficientes ao serviço do Estado e, como tal, precisassem de ser ajudados pelo Estado) durante 40 ou 50 anos ou até mais...

 

É claro que a segurança Social não vai aguentar... E se aguentar até que estes governantes contabilizem o tempo necessário para adquirirem o direito a essas subvenções, após a saída deste governo ou do próximo, lá teremos o mesmo discurso a passar de novo e uma vez mais na televisão (de muito fraca qualidade e que deveria autoavaliar-se, comparando-se com o que se faz, por exemplo, no jornalismo de investigação francês em vez de se limitar a reproduzir uma quantidade de coisas sem qualquer suporte credível) a repetir programas do tipo "Prós e Contras" que apenas servem para legitimar medidas sem qualquer fundamento científico credível e, muitas vezes, onde são esgrimidos argumentos que intelectualmente, não são honestos. Lá diria o Zé-povinho : Estes governantes devem andar eclipsados… Estão mas é a querer "tapar o Sol com uma peneira".

 

A crise do Sistema de Financiamento da Segurança Social “tem dado pano para mangas”. Com efeito, estratégica e “inteligentemente”, o Governo foi preparando a opinião pública fazendo passar a ideia repetida de que a Segurança Social estava à beira da falência, procurando responsabilizar por esta triste realidade (que, só agora, se aperceberam, apesar de se considerarem tão competentes na matéria). Mas esta estratégia não foi focada nas necessidade de acabar com as mordomias daqueles que, tendo servido a coisa pública, estão a cobrar balúrdios ao erário público até ao se termo de vida…Referimo-nos, obviamente, às tão apelativas, tão atraentes e desejadas “subvenções vitalícias” dos titulares de cargos políticos e/ou públicos.

 

Dessa parte do bolo dos pagamentos não interessava falar…. E, como tal, nem foram apresentados nem foram pedidos quaisquer números pelos jornalistas... O objectivo estava direccionado e os professores eram o alvo a abater. Pois, pois. No entanto, seria bem mais interessante saber quanto está a pagar a Segurança Social a cada um dos políticos que exerceram funções, após o 25 de Abril, a fim de ficarmos todos a conhecer quanto nos custa a democracia, isto é, que fatia representa para o bolo da Segurança Social as subvenções e pensões dos titulares de cargos políticos ou de cargos de públicos de nomeação política...

 

Mas nada foi feito. Apenas interessou alterar a idade da reforma do cidadão comum... Estas medidas repressivas apenas abrangem o comum dos cidadãos... Os políticos ficam ainda de fora e continuarão... Por isso haverá sempre e cada vez mais interessados em entrar para a política. Não consta que haja falta de candidatos a deputados em partido nenhum. Vá se lá saber porquê...

 

De facto, os políticos alteraram a lei para obrigar o cidadão comum a trabalhar mais de 40 ou 45 anos, uma vez que apenas poderá pedir a sua reformam quando chegar 65 aos idade. No entanto, os políticos continuarão a reformar-se, até 2013, pelas mesmas regras. Governar assim é fácil. Impor sacrifícios aos restantes cidadãos não custa nada.

De facto, a reforma para todos aos 65 anos não só é injusta (pois as funções provocam diferentes desgaste) como imoral pois muitos dos que chegam a essa idade têm mais de 45 anos de descontos enquanto alguns (os políticos) apenas descontam durante pouco mais de meia dúzia e já passam a recebê-la, mesmo antes de chegarem aos 65 anos...!

Alguém contesta esta realidade? Poderemos comparar o trabalho de um calceteiro com o de um telefonista? Se a lei continuar como está, poucos chegarão em breve a receber a reforma pouco mais de 5 ou 10 anos, mesmo tendo descontado durante mais de 40 anos… De que lhes serviu então terem descontado? Garantia da reforma dos políticos? Claro…

 

Consideramos, pois, indigno que, conhecendo-se as vantagens profissionais da passagem pelo desempenho de funções políticas, se continue a aceitar, numa sociedade dita democrática em que "todos os cidadãos deveriam ser iguais", que os políticos continuem a auferir desde o momento em que abandonam os cargos, uma subvenção vitalícia, que podem acumular com vencimentos noutras funções...

Em contrapartida, o comum dos cidadãos, apenas tem direito a receber a sua Reforma (quantas das vezes mísera) depois de ter chegado aos 65 anos de idade (se lá chegar ou se ainda for vivo ou, sendo-o, tiver vida para dela usufruir!).

 

O problema para a Segurança Social agudiza-se se tivermos em conta que as reformas (ou subvenções, chamem-lhe o que quiserem, são melhores que autênticas reformas!) mais altas são as recebidas pelos cidadãos que ocuparam cargos políticos e que estas são as que são atribuídas durante muitos mais anos , uma vez que começam cedo a recebê-las (muitas vezes acumuladas umas com as outras e com o rendimento de uma actividade profissional que a maioria, mesmo estando "reformados", continuam a exercer!...).

 

Acrescente-se que, se tivermos em conta que são os titulares de cargos políticos os que mais facilmente têm acesso a um melhor sistema de saúde e de melhor qualidade , e que a longevidade é muito mais elevada para quem tem melhor assistência, depressa se compreenderá que a Segurança Social não vai aguentar com tantas e tão elevadas quantias pagas , pois o número de políticos aposentados cresce a um ritmo alucinante, incomportável com qualquer saneamento financeiro da Segurança Social.

 

Por isso dizemos que, enquanto a Segurança Social continuar a pagar Reformas acima de 5000 Euros (e há políticos a receber perto de 20.000 euros de pensões, reformas, subvenções ou o que lhe queiram chamar...) o futuro está traçado: caminhamos para o abismo financeiro, para ruptura total.

 

Se em 1990 já dizíamos nós que, quando chegássemos à idade da reforma, dado o ritmo a que cresciam os indivíduos reformados da política, não haveria dinheiro para pagar a nossa reforma, ao ver que nos faltavam 15 anos para atingir a idade da reforma e agora nos falta cerca de 27, depressa se pode concluir que, nestes 27 anos que aí vêm, milhares de políticos mais serão reformados e, quando lá chegar, constataremos que já não há nada. Se de facto até auferiam valores elevadíssimos, mais um motivo para terem amealhado fortunas e deixarem agora, não só por uma questão de justiça mas também de solidariedade democrática que tanto se apregoa, e não necessitarem de contribuir para arruinarem hoje a Segurança Social.

Ou então, que lhes seja permitido sim receber o valor a que têm direito, mas apenas e enquanto o valor dos descontos efectuados para a Segurança Social for superior ao devolvido por esta. Só desta forma seria feita justiça pois nenhum dos que começassem cedo a receber subvenções vitalícias contribuiria para arruinar a Segurança Social. E, nada mais justo do que, tendo recebido o que havia descontado… nada mais teria a receber. Caso contrário, descontam durante cerca de 10 anos (dos 30 aos 40) e ficam a receber, sem exagerando na esperança média de vida de cada um deles, durante cerca de 40 ou 50 anos…

 

Em conclusão:

As “subvenções vitalícias” pagas pelo Estado a titulares de cargos públicos ou políticos antes de chegarem à idade da reforma estipulada para o cidadão comum, são um atentado à dignidade humana dos restantes cidadãos que trabalharam uma vida inteira, e uma machadada na democracia e, sobretudo, no sistema politico onde um Presidente da República ouve, durante a campanha de um partido que se candidata a governar e vence as eleições, um conjunto de promessas que a seguir não são executadas ou são alteradas, sem que seja chamado à responsabilidade, isto é, demitido.

 

A credibilidade do Sistema Político Português está de facto pelas ruas da amargura... Todos os dias assistimos a denuncias pela internet que, não sendo controladas pelos maiorais da comunicação social, nunca apareceram a ser desmentidas...

 

De um "Estado de Direito" passamos a viver num Estado em que apenas nos podemos "Candidatar a Ter Direito"! Isto porque desta forma, uns terão efectivamente direito a tudo, e desses direitos usufruem efectivamente e a curto espaço de tempos sem que nunca lhes seja colocado em causa as legítimas expectativas, os direitos adquiridos, ... etc. Outros vêm a sua vida andar para trás, mudar do dia para a noite, perdendo em 30 dias tudo que haviam conquistado com tantos sacrifícios e esforço ao longo de mais de 30 anos. É esta a (pseudo)Democracia em que vivemos. De facto, à semelhança do que já foi por alguém afirmado na comunicação social, apenas se pode concluir que "A Democracia Está Enferma".

 

Por isso, continuamos a ver no partido que suporta este Governo (que tanto criticou a construção do Centro Cultural de Belém no tempo em que o actual presidente da república era primeiro ministro), uma intenção inequívoca de levar por diante não uma mas duas obras faraónicas: o TGV e a OTA. Incrivelmente mais parece uma guerra de teimosias a ver quem é o mais teimoso.

Não me recordo mas ainda há gente viva em Portugal que deve ter sofrido com fome quando outro Ditador levou por diante a construção de uma obra (na altura, faraónica mas que, contrariamente às actuais que apresentam uma necessidade relativa, ainda hoje faz imensa falta: a Ponte de Salazar, reconstruída em apenas algumas horas como Ponte 25 de Abril.) E não tem nada a ver com apreço pelo salazarismo. É apenas uma medida comparativa: na altura os portugueses passavam fome e hoje começam a ver-se em dificuldades com (sobre)endividamento e os preços a não pararem de subir, as dívidas cada vez a corresponderem a uma maior percentagem do salário que pouco ou quase nada aumenta... etc. etc...

Que venham agora (à semelhança do que fizeram para justificar que as propinas fossem pagas pelos estudantes) justificar-se perante os portugueses com o mesmo argumento que então utilizaram: não vão os pobres e os contribuintes da classe média portuguesa pagar para os filhos dos ricos andarem na Universidade...

Meus senhores. Sejam honestos. Eu prefiro pagar para esses filhos dos ricos andarem na Universidade (e um dia cobrar-me-ão menos pela consulta médica, ou consulta legal, ou mesmo pelo projecto de obras que tenho de apresentar na câmara Municipal) do que pagar para os senhores deputados e outros milionários ou que auferem altíssimos rendimentos (alguns árbitros, alguns dos jogadores de futebol, outros tantos altos empresários, etc.) viajarem em menos 30 ou 40 minutos entre Lisboa e Porto. Que se levantem mais cedo... Dormir e ler no comboio não faz mal a ninguém... Há famílias que dormem em viagem para desempenharem funções onde auferem muito menos que vossas excelências... (refiro neste caso, por exemplo, o caso dos professores cujo concurso foi alterado por este Governo obrigando-os a permanecer pelo menos 3 anos em locais distantes das suas residências e de suas famílias, e que, ou se deslocam diariamente e pagam do seu bolso as despesas com mais de 350 Kms para cada lado, ou têm que pagar uma segunda renda de casa para poderem exercer as suas funções regressando apenas nos fins de semana sem que lhes seja paga qualquer ajuda de custo....

 

Deixemo-nos, pois de hipocrisia, demagogia, silogismos. Falemos VERDADE às populações. Não façam como nos Estádios de Futebol onde os custos dispararam nalguns casos para 4 ou 5 vezes mais que o projecto... Quem pagará a diferença entre as previsões iniciais e os custos finais da obra...? O Zé-povinho... Não do seu bolso directamente, mas na gasolina, no pão, nas portagens, nos livros, nas roupas... etc... etc... etc...

Com o povo a passar fome, o exibicionismo e obras megalómanas mais próprias da idade média que do século XXI, são, quanto a nós um crime social que nenhum cidadão democrata deveria perdoar. É verdade que não há gente competente que chegue para tantos partidos. Mas há partidos no parlamento com gente tão ou mais competente que os governantes e que nunca chegam a governar... Que os portugueses sejam capazes de esquecer a cor da camisola do seu clube partidário e que apoiem uma selecção de políticos capaz de levar Portugal para a frente, na construção de uma sociedade mais justa, mais equilibrada, mais solidária, menos egoísta, menos fraccionada...

Que nas próximas eleições mostrem, como os árbitros de futebol, um cartão vermelho a este governo que, até hoje, apenas toma medidas não constantes do seu programa eleitoral, não cumpriu muitas das justas promessas que havia feito, e não se vislumbra que o possa vir a fazer, criando um clima de guerra psicológica, aberta ou silenciosa, entre diferentes grupos populacionais, utilizando uma estratégia medieval de "dividir para reinar".

 

Atentemos agora no que fez este Governo para sanear a Segurança Social...

E relembremo-nos do que fez o Governo de José Sócrates aos mais variados grupos profissionais e, particularmente, aos professores.

De facto, até já estou a ver um colega meu a dar aulas em 2019, com uma capacidade fenomenal para, já com 64 anos, estar a leccionar numa turma de 22 alunos, com idades compreendidas entre os 6 e os 11 anos, em que se pratica a mais moderna "filosofia pedagógica" conhecida como inclusão (de tudo e de todos, a todo o custo e sem olhar à falta de meios e/ou de recursos!) em que está integrada uma criança autista, outra surda ou com trissomia (quiça filhas de alguns dos reformados políticos mais influentes lá da paróquia que nem de 1 ou 2 dos seus netos aceitam cuidar durante umas horitas para que os seus filhos possam ir ao cinema!).

Provavelmente estarão já a pensar: "... Ui... Que retrógrado! vejam só como fala das crianças com necessidades educativas especiais..." mas, na verdade, se nos deixarmos de eufemismos (a que o Zé povinho chamaria verborreia) e do politicamente correcto, talvez as pessoas se dêem mais depressa conta de que para este tipo de crianças.

O facto é que em França, na grande metrópole onde trabalhei nos últimos 4 anos (Paris), e onde exerci funções em mais de 12 Escolas diferentes, não estava nenhuma criança com NEE's ou NE's (classificação a ser sistematicamente alterada pelos grandes sábios e especialistas nacionais!), porque eles, os franceses, só avançam para a integração quando há condições efectivas no terreno para as receber. Por isso, não estranhei não ter encontrado nenhuma criança integrada em qualquer das turmas, de nenhum desses estabelecimentos, que fosse portadora de qualquer uma das acima referidas necessidades, ditas especiais ou não...)

Aliás, os pais das crianças em Paris exigiam do Estado escolas e instituições capazes de dar resposta às necessidades dos seus filhos e não a prática de uma integração - "inclusão selvagem" - " a que se assistiu em Portugal nos últimos anos, com o único intuito de fechar as escolas especializadas existentes e assim poupar uns trocos. Para tal, apresentaram esta solução aos pais, como uma grande conquista dos seus filhos: estar entre os demais como equivalente a ser igual (como se estar com os demais na mesma escola fosse por si só o caminho para a felicidade da criança).

De um momento para o outro, escolas com exactamente os mesmo recursos de anteriormente (ou a falta deles!?), passaram a receber e integrar crianças com necessidades educativas especiais com as mais variadas problemáticas atrás referidas, sem que houvesse formação para os professores que com elas têm que trabalhar as cerca de 23 horas semanais (duas, ou três apenas, ficam com a tal professora itinerante, dita "professora de educação especial", que passa pela escola umas duas ou três vezes por semana! Que resposta, meus senhores.. que resposta deu o Estado a estas crianças... E eu é que tenho um léxico que ofende... (Consultemos, pois, o dicionário e não tenhamos medo das palavras portuguesas: cego, surdo e mudo estão lá. E não fui eu que as inventei ou que as acrescentei no dicionário.) E questionemo-nos antes: quanta ofensa não está silenciada no dia a dia destas crianças quando, perante os ditos "normais" se dão conta da sua diferença sem vislumbrarem uma possibilidade de resposta da parte da Escola... Afinal de que falamos? De Inclusão... ou de Frustração...?

 

Claro... dirão. Não há dinheiro... Pois... Não há dinheiro para recursos educativos... Mas para a OTA e o TGV..., vai haver...! Custe o que custar! Ou será que, também eu sou um pouco surdo e estou equivocado com o que ouvi das palavras do Senhor Primeiro-Ministro, José Sócrates? Tal como houve dinheiro (e de que maneira!) para os Estádios de Futebol. Agora são os cidadãos a pagarem a factura (veja-se o caso de Braga, em que o IMI foi colocado nos valores máximos permitidos pela Lei...

E os Bracarenses que se dêem por contentes... Até têm um Estádio de pedra (granito) que é dos mais belos da Europa e arredores (imagine-se!)... E serão felizes dando razão à máxima que há longo tempo penso orientar uma certa forma de fazer política: uma mentira muitas vezes repetida se transforma numa verdade. Por isso continuaremos a ver cartazes pagos por todos nós com a frase: "É Bom Viver em Braga!"... Oh, se é...

 

Mas voltemos à questão das finanças públicas e do Saneamento da Segurança Social de que tanto se vangloria o governo de estar controlada e, a médio prazo, saneada. Creio que se me der ouvidos (e não for por isso surdo!) vai levar à prática a solução milagrosa e infalivelmente eficaz, que lhe apresento de seguida.

E, como o Governo tanto aprecia o espectacular, o extraordinário, o fenomenal, já me imagino a receber o prémio para o melhor professor (de políticos, claro!) por este fenomenal contributo pedagógico para as finanças do País... Duplamente económica: é eficaz e é de borla: Por isso, o Estado ficará duplamente a ganhar.

E este será um óptimo contributo para levara bom porto as suas obras megalómanas. Poderá, por conseguinte, o Senhor Primeiro-Ministro José Sócrates ficar para a História de Portugal como um outro Sócrates (grego) ficou para a "História da Filosofia". E bem que poderá, com a medida que lhe vou fornecer gratuitamente, vangloriar-se de ter sido o único português capaz de ter conseguido, num único mandato, construir a OTA, construir o TGV e ainda sanear a Segurança Social. Aqui fica o artigo único que deveria constar na lei:

 

 

Artigo Único

1. Todos os cidadãos trabalhadores e que tenham descontado para a Segurança Social, têm direito a receber uma pensão.

2. A pensão será paga apenas aos cidadãos que apresentarem o seu “Atestado de Óbito”.

3. O disposto no número anterior não é aplicável aos titulares de cargos políticos ou de nomeação política.

 

E pronto, senhor Primeiro-Ministro. Tem o problema resolvido.

 

Mas cuidado com o traçado da linha do TGV... Senhor Primeiro-Ministro. Seria melhor certificar-se de que a mesma não vai passar perto de nenhum sítio daqueles que todos nós sabemos (imagine e depressa descobrirá!). É que se os cidadãos que partem conseguem obter a permissão divina para voltar à Terra, ainda apanham o TGV… E, nessa hora, seria melhor para o Senhor Primeiro-Ministro José Sócrates que já não estivesse pelas bandas de S. Bento. É que ainda podem por lá aparecer com o Atestado de Óbito (que a proposta de Lei os obriga a apresentar) a reclamarem o pagamento da reforma até à eternidade… Aliás, não é verdade que a mesma lhes reconhece esse direito caso apresentem o atestado de óbito...?

 

Imagino que se sentirá imensamente tentado a fazer aprovar esta belíssima ideia (desculpe lá esta imodéstia!). Mas, como lá diz o Zé-povinho, "Não vá o Diabo tecê-las!", pense muito bem antes de fazer aprovar no Parlamento a proposta de Lei que lhe envio, que, tal como o que tem vindo a fazer, aparenta ser indiscutivelmente tão inovadora quanto excepcional, merecedora de um prémio de “Mérito” pois os prémios “Nobel” já estão entregues todos este ano… !

J.Ferreira

Professores penalizados pela incompetência governativa dos responsáveis políticos pela pasta da Educação.

O Governo chefiado por José Sócrates deve ter feito uma promessa de encerrar tudo, e quiçá, o país.... Encerrado para balanço: Vende-se ou Trespassa-se!"

Com efeito, primeiro “acabou com uma grande quantidade de Escolas", depois “acabou com outras tantas maternidades", a seguir "acabou com umas quantas urgências…  Realmente, devem ter pensado. Acabamos com tudo e não acabamos com o trabalho infantil? E, claro, como todas as ideias que falem em acabar com alguma coisa aprazem ao chefe deste governo, ao descobrirem que os cofres do Estado ficariam mais cheios, caso os professores fossem penalizados na progressão na carreira devido ao abandono escolar (que nem o Governo nem a Sociedade Civil foi capaz de resolver), toca a pôr esta ideia peregrina na lei.  Bem, pensará o Governo, se os alunos não estão na escola então andam nas ruas... ou até podem estar reféns de empresários sem escrúpulos que os empregam como mão-de-obra barata que faz aumentar o desemprego em Portugal... Há que arranjar quem faça o trabalhinho de os ir buscar para a escola por nós! Daí que, com esta ideia genial, a Sra Ministra se tenha transformado numa excelente profissional da caça. De facto, mata dois coelhos  de uma só cajadada: diminui o trabalho infantil e diminui o abandono escolar... Que genial, não acham? Quase me atreveria a dizer "Fenomenal!".

 

Todos se devem recordar, muito bem, que a sociedade portuguesa há muito tem uma bandeira: o combate ao Trabalho Infantil. São muitas as denúncias feitas pelos organismos internacionais e por diversas associações portuguesas de luta contra o trabalho infantil. Esta realidade apenas vem constatar um facto: o fracasso das medidas governamentais no que respeita a mais uma das vertentes de que deveriam assumir a responsabilidade.

Ainda em 26 de Fevereiro de 2007 o jornal "O Público" noticiava uma dura realidade: "Mil casos de trabalho infantil denunciados em Portugal" .  Não há dúvida que existe um claro fracasso das medidas governamentais para combater este flagelo social. Por seu turno, se muitos dos que abandonam a escola acabam por ser vítimas de trabalho infantil, não é menos verdade que muitos dos que abandonam a escola não é para ir trabalhar, tal como salienta Joaquina Cadete, directora do Programa para Prevenção e Eliminação da Exploração do Trabalho Infantil (PETI) no referido artigo: "muitos dos que abandonam não estão a fazer nada e o ócio é um bom caminho para a asneira".

Por seu lado, a CNASTI - Confederação Nacional de Acção Sobre Trabalho Infantil manifestou-se, em Braga, preocupada com o aumento da taxa de abandono escolar em Portugal, que entre 2005 e 2006, passou de 38,6 % para 40 %. Imagina-se que, se a prática do desmentido governamental sobre os números for igual à que se pratica quanto aos números de adesão à greve, ouviremos certamente um discurso das mentiras (inverdades se quiséssemos usar a linguagem do politicamente correcto!!!, a que os governantes nos foram habituando), os 40% serem reduzidos a cerca de ... deixa ver... aí uns 3,2 %, o que será um sucesso para o Governo, pois considerará que está no bom caminho uma vez que se situa abaixo (deixa lá ver que número me dá jeito... já sei!) abaixo do valor da inflação.

 

Pois bem... A sociedade falhou. Os políticos falharam. A polícia falhou... Quem foi responsabilizado? Ninguém. O flagelo continua... Novos episódios se esperam.

Perante o fracasso de todos, adivinha-se a pergunta do Governo: Que Fazer...? Encontrar solução para o problema, tornou-se um objectivo a perseguir.  Mas como?

 

 

Ao governo cabia agora uma função: "sacudir a água do capote" e "apresentar à sociedade os culpados pelo trabalho infantil". Este era um imperativo governamental cuja sentença, não temos a mínima dúvida, havia que ser pronunciada bem mais depressa do que os resultados do caso do Apito Dourado... (A propósito: ainda se fala dele...?).

Pois bem... Prender os pais que colocam os filhos no mercado de trabalho não seria uma solução economicamente viável: causaria mais despesas ao Estado (com alimentação e alojamento em cadeias repletas); Penalizar as empresas... Também não! Aliás, seria dar um tiro no pé ... Ou não são elas que lhes garantem emprego quando, por perderem as eleições ou as subvenções vitalícias que recebem por se reformarem como políticos se tornarem miseráveis (?!...).

Ora: os políticos não resolveram o problema. A polícia tão-pouco... E a inspecção do trabalho, também não!… Os empresários estão pouco interessados na temática... 

 

 

Ministra da Educação decidiu eleger os professores como um alvo a abater...

 

Num contexto em que este Governo necessita de explicar o fracasso das suas medidas, surge a necessidade de encontrar alguém que pudesse ser apontado como “bode expiatório”.

Com os governantes desiludidos com o insucesso das medidas de combate ao Trabalho Infantil ensaiadas, e frustrados por não terem encontrado soluções capazes de acabar com este flagelo social, quando estavam já totalmente desmotivados, eis que surge uma ideia luminosa (imaginem de quem? Claro... adivinharam!) da cabecinha da Senhora Ministra da Educação!... Para os que ficaram surpreendidos, pergunta-se... Então, de quem mais poderia ter sido?

Esta ideia brilhante, para não dizer fenomenal, foi a estratégia mais expedita que esta Ministra da Educação encontrou para lançar mais uma acha para as labaredas na fogueira que tinha ateado com o objectivo de queimar socialmente os professores.

 

É o descalabro total... Como diria o meu avô: "cada cavadela... cada minhoca".

Mas dêem-se por contentes, dirá o Zé da Esquina. Poderia dar-lhe p'ra pior!

E tem razão... Os professores que não falem muito pois, "se erguem bolinha"  correm o risco de ser culpabilizados pelo desemprego dos funcionários da Bombardier da Amadora, ou então pela falta de Petróleo ao largo de Peniche etc, ou até pelo previsto "encerramento da fábrica da General Motors da Azambuja" noticiado por António Mendonça, em 1 de Março de 2007, ou pelo encerramento de fábricas como a noticiada por Leonor Matias: "A Alcoa Fujikura fechou ontem a fábrica do Seixal, deixando 400 trabalhadores, na maioria mulheres, sem emprego" .

Será que fecham por falta de competência dos funcionários ou por falta de mão-de-obra competitiva? Será que pretendiam fazer como noutros países (que a Europa bem conhece mas que, incompreensivelmente, lhes abre a porta aos produtos numa concorrência tão injusta quanto desumana e desleal?).

Pois... sabendo que os professores são os culpados dos alunos estarem na escola e de diminuir o trabalho infantil, os professores são um entrave à economia... Ainda assim, são responsabilizados por este Governo por haver pais que aceitam que os seus filhos abandonem a escola....

Enfim... Sem pés nem cabeça, a medida da Ministra de responsabilizar os professores pelo abandono escolar pode levar a uma corrida ao pedido de licenciamento de uso e porte de arma (à semelhança dos polícias) para que possam entrar pelas portas das fábricas adentro e exigir que libertem as crianças que estiverem a ser escravizadas... Porém, com o tempo todo ocupado na escola, com aulas e mais aulas, com preparação de aulas e reuniões e mais reuniões, sinceramente, não estou a ver lá muito bem em que parte do dia o poderão fazer... Mas enfim... Há que combater o abandono escolar... Estou mesmo  ver o filma "À Saída da Fábrica" em que uma criança sai para ir para a escola e um professor sai para ir para a Cadeia...!

Este governo do Senhor Engenheiro José Sócrates que se vá preparando que parece que está tudo a ficar meio louco e corre o risco de fechar escolas, andar tão preocupado com as finanças do país e ter de abrir cadeias (leia-se, comprar mais pulseiras, pois parece que a moda pegar...)

 

Enfim. Para este Governo, o importante é avaliar. Tudo e todos. Por tudo e por nada. Se os critérios são justos ou injustos, isso não é importante. Aliás até pode dar um certo jeito para que se instale o caciquismo… Ou então decidiram avaliar os professores em função do abandono escolar para que vão trabalhar de borla como inspectores a ver se conseguem descobrir para onde vão trabalhar estas criancinhas que deveriam estar na escola. Sim... Claro... Por que não? No fim da missa de domingo poderão, quase garantidamente, encontrar uns tantos jovens a ajudar o sacerdote...

Há pois que penalizar os professores por estes jovens abandonarem a escola... Pois... Se abandonam a escola, deve ser por uma de duas razões: ou as crianças têm medo de ir para a Escola porque os professores são uns monstrinhos ou os professores são uma cambada de incompetentes, porque não conseguem motivar as crianças para o  maravilhoso espectáculo oferecido pelos governantes em quase todas as escolas do país em que os alunos fazem diariamente ginástica acrobática em todas as aulas para conseguirem ler as mensagens do professor, num "filme real" que seguramente, garantiria tantos ou mais episódios que a "Floribela" e, como tal, não deixaria de ser um sucesso de bilheteira. E, para que nada falhe, aqui fica o anúncio publicitário (a passar em horário nobre nos canais de televisão):

O Governo Português apresenta:

"O Reflexo do Giz Branco sobre o Quadro Negro". Em exibição (há décadas!) numa qualquer Sala de Aula, perto de si!

Mais uma iniciativa do Governo e do seu sensacional Programa "Novas oportunidades". Um filme triste e desolador... A não perder!

 

Parece-lhe um absurdo? Claro... Não se percebe é como é que nem mesmo com os deputados do partido do governo a tentarem fazer-lhes ver... nada! Ou será que a Senhora Ministra sofre de "cegueira auditiva"?

É que, tal como diz o povo, "mais cego que o cego é aquele que não quer ver"…

 

De facto, penalizar os professores na sua carreira porque têm alunos que não querem aprender e estão na escola porque se sentem obrigados (seja porque os pais os obrigam, seja porque a lei não lhes permite ir trabalhar) não é um absurdo, é uma aberração.

 

 

Uma Política Agressiva Que Leva ao Incremento da Agressividade nas Escolas

 

Não admira, pois, que a agressividade esteja a ser incrementada de dia para dia. E não só dos alunos! Quantas vezes também dos pais que, perante tamanho desrespeito que vêem numa Ministra (que não se cansou de atacar a dignidade e o profissionalismo dos docentes) não se coíbem, agora, também eles de faltar ao respeito aos professores.

De facto, temos uma Ministra que não se poupou a esforços para levar à estreia nos canais portugueses uma autêntica longa-metragem a que poderíamos chamar “Insucesso Escolar – Ficção ou Realidade”. Neste filme de ficção cujo argumento e roteiro parece ter sido alimentado pelas intervenções (des)educativas da Senhora Ministra, tinha como objectivo colocar os professores como “os maus da fita” nos problemas de educação da sociedade portuguesa. Com os dados falaciosos, de veracidade dúbia, negados por sindicatos, e contraditórios fornecidos pelos próprios organismos do ME, conseguiu a senhora Ministra colocar toda uma população contra os professores. Ingratamente, pois que, não nos esqueçamos, foram os mesmos professores (que a Senhora Ministra tanto critica!) que formaram os políticos que nos governam. E, se os professores são incompetentes e formam mal os cidadãos, então também estaríamos a ser governados por políticos incompetentes e mal formados, pois todos os políticos foram formados nas nossas escolas e, como dizia o meu avô, "ninguém pode dar o que não tem!".

 

A (ir)responsabilidade da Senhora Ministra é tanto maior quanto em Portugal uma parte significativa da população, é marcada pelos níveis de iliteracia que recentemente foram conhecidos. E, para muitos destes, infelizmente, “Palavra de Ministra” é “Palavra de Verdade”. Desenganem-se.

De facto, assistimos a uma novela bélica, cujo enredo foi alimentado essencialmente pelas intervenções injustas da Senhora Ministra da Educação e pelos dados que foi fornecendo à comunicação social, e a que o Canal Público de Televisão (ao serviço de quem e de quê?) deu eco. Servindo os propósitos da Ministra, apresentaram os professores como a fonte do mal que vai na Educação e colocaram-nos a desempenhar o papel de “vírus causadores do insucesso escolar” num filme de ficção em que a Senhora Ministra, como actriz principal, tinha o papel de "exterminadora implacável".

No entanto, e deliberadamente, ocultou aos portugueses que o guião, bem como as técnicas e as estratégias que os actores deveriam desempenhar, tinham sido sempre da autoria e responsabilidade dos seus pares, isto é, dos sucessivos Ministros da Educação. E, se o guião de alguns episódios foi muito bem escrito por alguns dos ministros, levando certos episódios (anos lectivos) a serem um autêntico “sucesso de bilheteira”, o guião doutros episódios (como os dirigidos pela actual ministra) ficaram para a história como sendo um autêntico desastre, pedagógico e financeiro (apenas serviu para promover uns quantos e esbanjar dinheiro público!) e até mesmo científico e cultural (veja-se o que se passou recentemente com a Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS).

 

Pouco contente com o que já tinha feito ao destruir a carreira docente, a Senhora ministra colocou os professores no papel de profissionais faltosos e sem brio profissional e, sem olhar a meios para atingir fins (comparando-os com os médicos, utilizando silogismos e falseando desta forma os dados para atingir o objectivo pretendido), tudo fez para desclassificar, desprestigiar a função docente e colocar este grupo profissional no grau zero da escala do reconhecimento social…! Não admira, pois, que seja cada vez maior o número de professores a sofrerem de “burnout” e que seja também cada vez maior o número de professores a desejarem abandonar a carreira docente (colegas há que já preferiram ingressar na carreira de polícia…).

 

Todavia, os professores, por essência da sua função, são pessoas que acreditam no futuro. E aguardam uma prova de inteligência da parte da Ministra pois acreditam que um dia se dará conta de que ao colocar os professores neste estranho estado de anomia (que a deveria deixar perplexa!), está a destruir os pilares do edifício monumental que é a Educação. O estado de anomia dos docentes apenas pode ser interpretado como um estado de hibernação, de anestesia total, de apatia e indiferença face aos golpes injustos e inesperados que sofreram num tão curto espaço de tempo.

Por isso, o grupo dos docentes é hoje um grupo profissional em “standby”… um grupo profissional hibernado,à espera” que este governo tenha uma vida curta. E que venha outro. Outro que seja realmente constituído por pessoas de uma idoneidade intocável no discurso e na prática. Outro, que tenha capacidade de diálogo, que não se considere o único que está certo. Um governo que procure cativar o empenho e o entusiasmo dos professores, que apazigúe as escolas (hoje num autêntico clima de tensão e à beira de um ataque de nervos, tamanha é a tensão latente criada pelo modelo de Autonomia e Gestão…). Um governo que sinta, como outrora o sentiram outros, que abrir uma Escola é contribuir para fechar uma Prisão… Que prefira reclassificar polícias como professores (zelando pela convivência escolar e pela educação rodoviária, por exemplo) em vez de despedir professores e vê-los “reclassificados” como polícias, guardas prisionais (ou outra qualquer mas também não menos digna função),… Investir numa Educação de Qualidade é apostar no entusiasmo e investimento daqueles que vivem o dia-a-dia na Escola: alunos, pais, funcionários e professores.

 

Estamos convictos que não basta ter vontade de fazer reformas. É necessário saber se elas se justificam, fazem falta, são fundamentais, são desejáveis e desejadas... É necessário que os políticos e a sociedade reflictam muito bem sobre a forma como se empreendem as Reformas da Educação em Portugal. É que, se um Governo reforma para dizer que reformou... mais vale que se aposente e diga que se aposentou.

 

Uma sociedade que se pretende de sucesso no futuro, tem de apostar na educação e não na repressão, na certeza de que, uma Sociedade que despreza a Educação é uma Sociedade Sem Futuro”.

 

J.Ferreira

O Duo da Corda

A Senhora Ministra da Educação afirmou-se preocupada com o insucesso escolar das escolas com um reduzido número de alunos, como se a existência de calma ou paz numa escola do interior onde existiam poucos alunos fosse condicionante do sucesso escolar desses alunos… Por ventura, sim. Mas vejamos:

 

Contra o Insucesso Escolar decreta a Extinção das Escolas

 

Em algumas escolas do interior, os alunos até tinham insucesso  (e, ainda bem!) na aprendizagem de comportamentos que todos criticamos nos jovens de hoje. Faltava-lhes a aprendizagem social de atitudes e comportamentos reprováveis, que só poderiam fazer se tivessem contacto com determinados alunos identificados como perturbadores e causadores de um grande número de problemas que afectam hoje a escola. Aliás, procurou-se na comunicação social fazer eco de uma ideia segundo a qual o facto de um aluno ter um número reduzido de colegas (menos de 25 alunos na escola) constituiria um handicap para esses e um factor condicionante da sua felicidade

De facto, estar no meio da confusão, da falta de espaço de recreio, da falta de tempo para ler um livro e ouvir o cantar dos pássaros – porque a cidade faz com que o tempo nunca nos chegue para nada, tal é o número de horas que perdemos em filas de trânsito para levar os filhos à escola – constituirá, por si só, para a Senhora Ministra, um factor de sucesso e felicidade. Oh! Quantos infelizes não haverá por esse país fora!… Mas a Ministra tem outra visão mais acertada desta realidade. Certamente diria:  “Quem se atreverá a negar o quão felizes e bem sucedidas não passaram a ser estas crianças, na hora e meia (ou mais) que viajam no banco de trás do carro (tendo como horizonte a parte traseira do banco da frente!), presas a uma cadeira (que confortáveis!), até chegar à “escola prometida(com tantos ou menos recursos que a que tinham!) mas com o tal maior número e maior diversidade de alunos (sem dúvida que sim!) que lhes permite alargar os seus horizontes e que fará deles as crianças mais felizes do Mundo?

 

Promete uma "Escola Socializadora" e oferece aos alunos uma "Escola - Prisão"

 

Pode a Senhora Ministra encontrar os argumentos falaciosos que quiser para explicar o inexplicável. O que é um facto, é que foi a mesma Senhora Ministra que, para justificar a sua obsessão pelo encerramento de centenas e centenas de estabelecimentos de ensino, acenou aos pais e alunos que se lhe opuseram, com as vontades pedagógicas e de uma socialização alargadora de horizontes mercê das experiências vivências e convivências que nestas escolas de maior dimensão poderiam usufruir. Para tal exibia o com o argumento e que iriam ter um maior número e uma maior diversidade de colegas de diferentes idades.

Agora que as escolas estão extintas, esqueceu-se das afirmações e das vantagens da socialização que exibira como bandeira. Por isso, com outro diploma legal retirou às crianças deslocadas qualquer possibilidade de confraternizar com os tais “tantos” e “novos” e “diversificados” colegas. De facto, foi esta mesma Senhora Ministra que decidiu impedir a criança de ter um espaço de tempo livre. Assim, mal passe a porta de entrada do recinto escolar, terá que se manter a todo o custo e todo o tempo entre quatro paredes (numa qualquer sala de aula); terá aulas atrás de aulas, sem interrupções, e, caso um dos seus professores o obrigue a faltar, por infortúnio da saúde ou por um acidente de percurso (sim, porque os carros dos professores também avariam, têm furos como os demais, muitos deles viajam de transporte público que todos sabemos quantas vezes chegam atrasados… etc. etc. ), a dita criancinha (que sonhava poder conviver com os prometidos novos amigos, companheiros ou o que lhe se quisermos chamar) que tão feliz se poderia sentir lá na aldeia onde ainda tinha a possibilidade de ouvir sons da natureza, (apreciar o canto das aves, a queda das folhas, a voz dos bezerros ou o som da chuva a cair dos beirais dos telhados), terá, obrigatoriamente, que continuar enfiada numa sala de aulas, ouvindo a voz de um professor qualquer (de inglês, a substituir um de Matemática…) que não conhece nem os ritmos nem as dificuldades dos alunos (veja-se como a Senhora Ministra nos apresenta na lei um exemplo paradigmático do que é a pedagogia que defende a individualização do ensino), pois não se pode escapar às aulas de substituição

Tão triste é ouvir nas esplanadas dos cafés, da boca de um jovem que terminou a escolaridade obrigatória: “Olha só do que me safei! Ainda bem que já saí da escola. Aulas de substituição? Então agora os alunos já não vão ter “feriados”? Que grande seca…!”. Oh, como me sinto triste ao ouvi-los falar de se terem livrado de andar na escola de hoje como se estivessem a falar de uma cadeia!…

E nada mais há de mais parecido! Ir para a Escola é, hoje, sentido por muitas das crianças e jovens como ir para um estabelecimento prisional (não admira, por isso, que façam da escola um campo de batalha…). Com uma diferença essencial: as crianças que frequentam as escolas não cometeram quaisquer crimes! E ninguém as pode acusar de terem escolhido esta Ministra da Educação… Porém, as crianças que estão hoje no sistema de ensino nada podem fazer contra este estado de coisas. Porque não votam! Podem exigir-lhes horas e horas a fio, obrigá-los a estarem fechados numa sala com outro qualquer adulto (feito polícia!) a vigiá-los. Mas nunca conseguirão que estejam lá “de corpo e alma” quando lhes retiram um dos Direitos Fundamentais da Criança: o direito ao desfrute dos tempos livres! Quem se atreve a dizer que não lhes sabia bem um “feriado”? Assim chamávamos nós em gíria estudantil àquela hora que tínhamos livre porque se tinha ouvido “o segundo toque” e o professor ainda não tinha aparecido…

 

 

Apregoa a “Escola Cooperativa” e incentiva o “Individualismo”

 

Muito embora possa tentar fazer como a avestruz mas o facto é que, com as medidas que tem vindo a tomar, a Senhora Ministra conseguiu aumentar a agressividade dentro do recinto escolar está a aumentar… Que professores e funcionários constituem as primeiras vítimas desta “fúria silenciosa” dos alunos. Eles sabem que precisam de conviver uns com os outros… Que precisam de espaço para serem crianças… Que têm aulas e aulas a mais… Que aprendem melhor se estiverem predispostos para tal. A senhora Ministra não sabe disso. Aliás, apenas parece saber muito de quase nada. Como é possível ter feito aprovar no parlamento um diploma legal que penaliza os professores quando há insucesso dos alunos. Senhora Ministra, tal como os empresários escolhem os materiais com que trabalham para fazer os seus produtos pelos quais são avaliados, os professores também deviam exigir poder escolher os alunos com que querem trabalhar… Só assim seria justo penalizá-los pelos resultados… Mas qual a empresa que quereria a madeira que não dá para fazer móveis? “A Ikea? Pois, bem pode tirar lá isso da ideia”. Senhora Ministra, se os troncos não dão para mobília, qualquer madeireiro lhe diria que podem ser vendidos como lenha para o lume! Mas os nossos alunos não são madeira! São crianças, adolescentes e jovens que merecem ser tratados com a dignidade humana. E, se uns são óptimos aprendizes, trabalhadores, participativos, dinâmicos, outros há que não. Por isso, aprovar uma lei em que os professores passam a ser avaliados pelos resultados dos seus alunos (que não escolhem!), é um absurdo que não passaria pela cabeça de ninguém, a não ser de Salazar (Mínimo de 60% de aprovação…, ou coisa assim.) … Mas o que não passaria nem mesmo pela cabeça de Salazar era penalizar a carreira de um professor porque um aluno (forçado ou não pelas circunstâncias de vida familiar) abandone a escola.

Os professores até percebem porque o faz. Estiveram no Governo há já muito tempo (ora o PSD ora o PS) governantes atrás de governantes que não foram capazes de motivar seriamente os alunos para que sentissem necessidade de frequentar a escola. Quantos dos mais bem sucedidos e glorificados abandonaram a escola e, ainda há bem pouco tempo foram condecorados pelo presidente da república… Está esquecida, por certo. Mas enquanto a Senhora Ministra criou um prémio anual para “O Melhor Professor” o Senhor Presidente da República condecorava não muito tempo antes TODOS os elementos da Selecção Nacional que representaram Portugal e ficaram em 4.º LUGAR! Mesmo aqueles que nem um pé na bola puseram… Repare bem. E Repito. Foram todos condecorados, mesmo os que nem um pé na bola puseram durante todo o Mundial… Está a perceber a diferença…? Ou teremos que lhe enviar um desenho.

 

Nas escolas também há (não tardará muito e esta frase estará desactualizada pois deveria ter outro tempo verbal: “haveria”) equipas de profissionais (professores)… E cada um passará a trabalhar apenas para si… Afinal, há que candidatar-se a um prémio, há que ter os melhores resultados, e, quiçá, comprar os alunos para que não abandonem a escola (substituindo-se aos pais e, com o cada vez mais mísero salário,  subsidiando as famílias que os querem pôr a trabalhar).

Creio que a Senhora Ministra deve ter agora percebido por que se sentem tão motivados os alunos para os estudos… ou teremos de chamar um aluno para lhe explicar…? Eles não são tontos. E quando vêm que a cabeça não lhes permite, no futuro, chegar ao lugar tão apetecível de professor (Oh, se não é!?...). E têm olhitos na cara: bem vêem que o pai, sem grandes estudos, chega à escola “numa máquina” e já trocou de carro duas ou três vezes, enquanto se riem da “carroça” ou do “calhambeque” do professor, que passados 20 anos de trabalho ainda continua com o mesmo Fiat Punto.

É, pois, com uma imagem do professor como um "quase criminoso" que esta Ministra da Educação (Maria de Lurdes Rodrigues) pretende valorizar a função do professor. De facto, jamais, em tempo algum, um Ministro da Educação atacou tão injustamente aqueles que são os seus trabalhadores.

Com uma imagem fortemente deteriorada, hoije mais do que nunca, os professores se sentyem insultados com os incríveis, inadmissíveis e impensáveis ataques da Ministra da Educação face à sua dedicação e empenho com que os professores, na sua maioria (ou quase totalidade), desempenharam a sua missão, cumprindo e seguindo rigorosamente o que os sucessivos governantes foram determinando como pol+ituicas educativas a empreender.

Não é admissível que a Srª Ministra (ou quaisquer outros governantes) tenham a coragem de vir agora assacar responsabilidades, insultando o profissionalismo dos professores que apenas cumpriram o que foi determinado superiormente, em temros curriculares, programáticos, mesmo quando estão em total desacordo com elas. Nem mesmo se pode aceitar que sejam emitidos quaisquer juízos face à avaliação que por eles é feita relativamente aos alunos, e muito mesno em relação à sua progressão na carreira pois foi de cima para baixo que tudo foi determiknado. E, se em política tudo vale, em educação a`prendemos a assumir as nossas reponsabilidades quando as temos e a rejeitar-las quando não nos podem ser imputadas. E é este o caso pois a forma e exigências de progressãoi na carreira estão em Decreto-lei, e não foram nunca os professores que governaram e aprovaram tais normativos.

Por isso, é inadmissível que a Srª Ministra nada faça para melhorar a Edcuação dos cidadãos e se limite a  apresentar à sociedade um bode expiatório das falhas que todos os governantes foram successivamente cometendo (e, com maior veemência por este ministério sem escrúpulos, como seguramente se constatará a curto ou médio prazo) crucificando socialmente um grupo profissional que nada mais fez senão cumprir ordens e directivas, leis e normativos...

A Srª Ministra tem-se limitado a tomar medidas que levam à destruição do Sistema Edcuativo, endossando a responsabilidade (hoje sua e outrora dos seus antecessores) pelas falhas das políticas que decidiram empreender.

 

Assim, Srª Ministra, não custa nada. Nós, os verdadeiros professores, sabemos que num futuro mais ou menos curto, outros políticos sem escrúpulos estarão sentados nas mesmas cadeiras em que a Srª hoje se senta e dita o futuro da Educaçã. E sabem que no futuro, mais ou menos próximo, outros políticos (que de educação, salvo raras excepções, nada percebem!) voltarão a ocupar as cadeiras do Ministério da Edcuação e estarão prontos a seguoir o seu exemplo, isto é, a crucificar os professores pelos erros que estão hoje a ser cometidos ao abrigo da incompetência que é já crónica nos governos face à necessidade de resolução de problemas que preocupam a sociedade.

 

Mas, pode a Srª Ministra dormir tranquila, pois nós, os verdadeiros professores (que vivem na escola e para a escola) somos preserverantes o suficiente para não desistirmos (mesmo quando somos enxovalhados injustamente) de levar a bom porto o barco da Educação, a fim de salvaguardar o melhor possível (dentro das limitações impostas superiormente) o futuro das crianças e dos jovens de hoje que, não votando, não podem defender-se dos ataques aoi seu futuro feitos pelos governos.

 

E, como alguém dizia, a Ministra pode atacar-nos, espezinhar-nos, tentar destruir-nos... Mas só o fará enquanto o poder estiver nas suas mãos...  Um dia, mais cedo ou mais tarde, outros estarão no seu lugar. E se Zeca Afonso cá estivcesse, imagino uma das suas cantigas de intervenção alertar:

                Para onde caminha, neste país, a Educação

                quando vemos uma Ministra a cantar vitória...

                com professores desmotivados na sua missão,

                como soldados feridos "sem honra, nem "glória" !

 

 .