A temática da Educação raramente ocupa espaços nobres da nossa comunicação social. E, infelizmente, quando tal se verifica é quase sempre pelos piores motivos...
O caso mais recente, à semelhança do ano lectivo ade 2006/2007 esteve relacionado com o encerramento de centenas de estabelecimentos de ensino. Na verdade, e segundo o assessor de imprensa do Ministério da Educação, "cerca de 1500 escolas encerradas no ano passado". E, no iníco deste ano, o ME vai levar à prática o encerramento anunciado de mais escolas sobretudo do 1.º ciclo, prevendo-se que o Ministério da Educação encerre "outras 900 neste ano". Porém, estas medidas não agradam, nem a pais nem professores... Mas enquanto os pais podem até mesmo cortar estradas... os professores não podem... nem manifestar-se... nem falar! Pois bem... Ë este o novo conceito de democracia moderna, dito de esquerda e socialista! Por isso, centenas de pais protestaram no ano anterior e no início deste ano lectivo, outros tantos voltam a protestar (e com razão, diga-se!) em frente das escolas. Recusam-se a aceitar o fim da escola dos seus filhos por "capricho" da Senhora Ministra. E asseguram que nas escolas onde os seus filhos estudam existem condições efectivas para um ensino de qualidade. Porém, e teimosamente, o Ministério da Educação, sozinho ou com a anuência das autarquias, habituou-se a aplicar aquilo a que chamamos de "efeito caterpillar" em tudo quanto pretende mudar na sociedade e, contra tudo e contra todos, sob a capa ("incrível!", diga-se) do combate ao insucesso escolar das crianças que frequentam as escolas mais isoladas, decidiu encerrar centenas de escolas sem criar condições realmente alternativas e pedagogicamente mais favoráeis que sejam mais aliciantes e vantajosas para a aprendizagem dos alunos. Bem pelo contrário. Estamos, de facto, convictos (o futuro dar-nos-á, seguramente, razão!) de que as novas condições são, em muitos casos, mais nefastas para os alunos, quer pela alteração do ambiente social das escolas já sobrelotadas que recebem os novos alunos, quer pelo desenraizamento das suas terras quer ainda pela inadaptação de muitas crianças aos novos espaços.
Lembremos o "bullying" para o que contribui imenso não apenas a qualidade e a organização do espaço nas salas de aula como a reduzida dimensão dos espaços de recreio.
Assim, sentimo-nos impotentes ao ver que, escolas onde ainda estão matriculadas mais de duas dezenas de alunos e que foram recentemente objecto de intervenção e melhoria por parte das autarquias (que, ainda há menos de 1 ou 2 anos, investiram largos milhares de euros adaptando casas de banho para crianças com dificuldades ou deficiências motoras, instaurando bibliotecas, cantinas, etc... ) são simplesmente mandadas encerrar por esta Ministra da Educação que parece agr "sem regra nem critério" digno desse nome.
Justificar medidas economicistas com o Insucesso dos alunos destas Esdcolas não serve, Senhora Ministra. Com efeito, são os pais quem mais quer aos seus filhos e todos os vimos na rua a lutar pela manutenção das escolas que os filhos frequentam. Não adianta tentar enganar os pais. Para estes pais, uma mentira ainda que repetida muitas vezes pela Senhora Minsitra, nunca será uma verdade. Eles conhecem bem o sucesso dos seus filhos. E se o Sucesso não é mais acentuado é por falta da qualidade dos recursos de que as escolas dispõem e não da falta de qualidade do processo desenvolvido pelos professores.
Na verdade, a base de fundamentação da Senhora Ministra não é de todo uma verdade. O Insucesso também existe em muitas escolas numerosas. O argumento do Insucesso das escolas de menor número de alunos esta é um falso argumento e apenas serve para os responsáveis do Ministério dissimularem a sua incompetência para gerir as questões educativas da forma como elas verdadeiramente mereciam ser tratadas.
Com efeito, conhecem-se imensos imensos estudos sobre o Sucesso e Insucesso Escolar, mas nenhum dos estudos apresentou o baixo número de alunos como factor de maior insucesso escolar. Bem pelo contrário. O grande númerod e alunos por turma, que leva a um elevado número de alunos na mesma escola, esse sim, leva a que haja turmas incongruentes com os recursos humanos existentes... Por isso se assite a manifestações de pais (que parecem entender mais que a Senhora Ministra) quando descobre que os filhos de uns cidadãos estão integrados numa única turma de 1.º ano e os filhos de outros são, na mesma escola, distribuídos por turmas de 2.º, 3.º e 4.º anos! A contestação dos pais indica bem o seu conhecimentod e causa. mas a Senhora Ministra faz "orelhas moucas"! Depois, vindo o insucesso, lá terá os professores para culpabilixzar...
Estamos convencidos que até mesmo para os pais, os argumentos da Senhora Ministra para o encerramento das escolas não passam de uma "desculpa esfarrapada" para encerrar uma grande quantidade de escolas e assim reduzir os gastos com professores.
Se o critério da falta de companheiros fosse cientificamente válido para explicar o insucesso em escolas com reduzido número de crianças, situadas em meios mais desfavorecidos (como se o insucesso fosse causado pela ausência de colegas para os alunos) e esta crença conduz ao encerramento da emsma escola, então, e em corência com esta sua tese, a Senhora Ministra deveria encerrar (ou dividir, em duas ou três...) as escolas de grande dimensão em que exista também uma elevada taxa de insucesso...
Todos sabemos, e os pais melhor que todos, que o facto de uma escola ser de pequena dimensão ou de grande dimensão pode influenciar nos resultados mas não é determinante. Há muito bons alunos oriundos de escolas isoladas... O que não há é investimento do estado em recursos para essas escolas... Conclui-se que a Senhora Ministra da Educação deve sofrer de um determinado tipo de "cegueira" tal que, quando chamada a decidir entre o factor sócio-pedagógico e o factor sócio-familiar, escolhe o económico-financeiro!
Mas coragem para ser coerente e abrir novos esp´ços escolares onde as escolas estão sobrelotadas ... isso, nunca veremos, nem nas palavras nem muito menos nos actos da Senhora Ministra. Simplesmente porque uma iniciativa deste tipo seria para o bem do Sucesso Escolar dos alunos, mas exigiria investimento. Estamos certos de que seria bem mais fácil ver a Senhora Ministra, enveredando pelo discurso sindicalista que tanto critica, a empunhar, frente ao Ministério da Educação, um cartaz com o Slogan: "Encerrar Sim. Abrir Não".
Ainda gostaríamos de ouvir a Senhora Ministra a explicar aos portugueses por que há insucesso em escolas de grande dimensão.
Claro que a resposta aé seria óbvia. Já não seria da dimensão da escola. E como os políticos nunca assumem oi Insucesso das suas políticas, nunca o Ministério seria o culpado nem aceitariam falar do peso da dimensão das escolas. Por isso, nunca a Ministra determinaria o encerramento
Pasaria logo a ser dos professores.
número de alunos das escolas de menor dimensão é factor de , veríamos a nossa Ministra a partir as escolas de grande dimensão
O elevado número de alnos por turma sim... O Insucesso aumenta nas turmas com elevado número de alunos a personalização do ensino se torna numa miragem. Basta pensarmos que, se durante uma aula de 60 minutos um professor atender a uma questão para cada aluno, aionda que isto se resuma a uma questão telegráfica cuja resposta não lñve mais que 2 minutos, com 25 alunos numa sala um professor apenas responde a duas questões de cada aluno. E... onde vai ele encontrar tempo para, com uma boca apenas, responder aos alunos e avançar com novas temáticas que constituem o currículo?
O que havia era que diminuir era o número de alunos por turma sobretudo nos casos em que na mesma turma se juntam alunos de mais do que um ano de escolaridade.
Extinguir uma escola onde existem mais do que 20 alunos e a população promete crescer, é uma acto meramente aritmético para que, com 2 professores o ME faça o que até então só era possível com 3 professores. Por isso o número de docentes dos quadros diminui... e enquanto o objectivo permanecer (cortar cegamente no investimento feito em Educação) esse continuará a diminuir.
Por isso, ainda que a Senhora Ministra o oculte, a Comunicação Social fez eco de inúmeras situações de escolas onde havia um grande número de alunos. Não adianta encontrar explicações plausíveis para esta cruzada economicista. A senhora Ministra está-se nas tintas para o Sucesso Escolar. Esse foi um falso pretexto... um "alibi" para destruir uma rede que servia as populações do interior (e por vezes até citadinas, com maior proximidade às residências). Aparentemente, este governo pretende mostrar que se preocupa com os pais, lançando actividades para ocupar os filhos... Mas, dando "uma no cravo outra na ferradura" lá lhes retira a proximidade da escola e manda-os para lá do fim do mundo... Agora são as crianças que pagam a fava... Levantam-se mais cedo. Chegam a casa mais tarde. Quando estudam? Quando fazem os trabalhos de casa? Ou passaremos a proibir este tipo de trabalhos?
Estas medidas não têm nada a ver com uma maior ou menor Sucesso Escolar. Elas visam tão somente, efectuar cortes orçamentais recolocando os alunos todos em centros escolares apra diminuir o quadro de pessoal docente...
Pois bem... perante tudo isto, cremos que nos é legítimo, enquanto contribuintes, perguntar :
Para que foi o investimento feito pelas autarquias na renovação do parque escolar?
Não foi com dinheiro do erário público que estas obras foram feitas?
Mas... Então, Senhores Governantes que exigem planificação a todos os súbditos:
Não sabem o que fazer ao dinheiro dos contribuintes?
Então... e a cooperação que tanto consideram ser importante, o trabalho em equipa, etc... Onde estão?
Onde está o planeamento concertado com as autarquias (a médio ou longo prazo) que evite que o dinheiro dos contribuintes seja esbanjado?
Se sabiam do que iria acontecer, por que fizeram? Ou foi uma decisão, como tantas outras, tomadas por capricho de alguém que se julga o mais iluminado?
E, claro, temos o direito a exigir e obter respostas!
Por tudo isto, dizemos que é com alguma inquietação que, nos canais de televisão, se assiste, sistematicamente, a programas que debatem o futuro do país, abordando tudo o que na Sociedade (Política, Segurança, Educação...) se vai passando de mais importante ou polémico, sobretudo quando implica e compromete o nosso futuro e o dos nossos filhos.
Porém, algumas vertentes da realidade das escolas deveria ser debatida entre profissionais que embora menos conhecidos da população são excelentes exemplos de profissionalismo, de inquietude, de pesquisa, de reflexão sobre os problemas da educação.
Creio que estamos todos um pouco cansados de ouvir sempre os mesmos interlocutores e de ver sempre os mesmos discursos de quem não exercendo a profissão docente, só porque algum dia, em tempos mais ou menso remotos, exerceu a função docente... Quase atreveria a dizer, de pessoas que já não exercem a função docente "desde o tempo da outra senhora"...
Creio que seria fundamental interrogar a senhora Ministra sobre:
1. Como se pode obter maior cooperação entre docentes se não são dadas oportunidades reais de empreender o trabalho cooperativo, tendo mesmo este ministério incentivado ao individualismo coma teoria da avaliação dos professores pelos resultados dos alunos para não falar já da instituição de um prémio para o melhor professor?
2. Como se calou o governo e não desmentiu publicamente o estudo da OCDE que apresenta 21 horas semanais como o tempo de trabalho dos professores em Portugal? Será que não sabem que todos os professores do 1º Ciclo trabalham semanalmente 25 horas lectivas (directamente com os alunos) e muitas outras em reuniões, planificação, organização de materiais para a aprendizagem dos nossos alunos, etc. etc.?
3. Como é possível instaurar actividades de enriquecimento curricular (AEC’s) e que, pela sua capacidade de gerir os espaços e os horários adequadamente, os professores sejam relegados para segundo plano na organização do horário das aulas a ministrar, dando prioridade a quem não tem de apresentar contas AEC’s pois destas não há exames nacionais?
4. Como e quem vai decidir quem é o melhor professor para lhe atribuir o prémio que este governo (incrivelmente!) decidiu criar? Por comparação com quem e com o quê?
Não é verdade que se apenas o jogador que mete o golo é o que vai receber o prémio, os outros colegas de equipa colocarão em causa se não deveriam se reles a rematar à baliza? E os defesas...? Que dirão? Será que vale a pena defender? Não será melhor irem todos para a frente e deixar o guarda-redes sozinho? Isto se este mesmo não acabar por ir também para a frente!...
Este prémio é, no mínimo, ridículo, Senhora Ministra.
Nem queremos questionar a quem vai ele ser entregue! Cremos que não valerá a pena! Com tantos problemas no país e este Governo não faz mais nada senão esbanjar dinheiro, procurar motivos para distrair os cidadãos dos reais problemas e acima de tudo, para justificar a aberração do sistema de avaliação que pretendem impor aos professores. E este Ministério da Educação procura obter o apoio dos pais, oferecendo-lhes o direito a participar na avaliação dos professores (que claro, avaliariam os professores em função dos resultados dos alunos, e facilmente teríamos um mesmo professor a ser considerado "besta" por uns e "bestial" outros!)... para depois aparecer a encerrar-lhes as escolas. Ora, o Governo de José Sócrates que nada faz senão retirar regalias aos cidadãos pensando sistematicamente como lhes há-de entrar ainda mais no bolso (lembremos o fecho das urgêncais, das maternidades, as taxas nos hospitais), bem sabe como trata da saúde das escolas. de cuidar fruto da incapacidade de colocar os professores que estão no desemprego (são pagos pelo fundo desemprego em que o Ministério responsável é o da Segurança Social e não da Educação) e como tal a Ministra da Educação fica sossegada, como se fosse dinheiro de outro país, fecha-lhes as escolas em nome de um maior sucesso!
Voltem a pôr as escolas a trabalhar no horário tradicional, conhecido como "duplo da manhã". E, se é verdade que (como bem diz o povo) "deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer", também não é menos verdade que as nossas crianças conseguem bem melhores resultados na parte da manhã. O sistema das AEC's que V.ª Ex.ª aplicou em Portugal (interrompendo os horários dos alunos até agora vigentes com AEC's é simplesmente uma aberração. Não contribui para a melhor organização das escolas, provoca distúrbios nos alunos, não responde a quem se dedica às actividades referidas... Enfim. Não é uma ideia que brilhe.
Uma escola em que o currículo académico se desenvolve pela manhã (como muitos de nós tivemos e ainda hoje é o horário preferido pelos nossos filhos!) obtém melhores resultados. Depois, a partir da hora do almoço, seria a oportunidade de outros profissionais (incluindo os professores que estão a ser pagos pelo fundo desemprego que não são assim tão poucos!) se encarregarem de trabalhar com as crianças implementando e desenvolvendo actividades de complemento ou enriquecimento curricular ...
Que tal? Dois coelhos de uma só cajadada: Mais emprego. Menos despesa para a Segurança Social... e... bem que o seu partido se poderia de vangloriar de ter, de facto e com propriedade, implementado em Portugal a escola de que tanto faz propaganda: "Escola a Tempo Inteiro"!
Senhor Primeiro Ministro. Aproveite que esta também é de borla! EOu teremos de esperar mais 15 anos para ela ter sentido para os políticos?
É que, se assim for, bem que darei razão uma vez mais a um amigo que me dizia em 1992: "É uma óptima ideia mas tem um grande defeito: não é deles!"
Neste momento, as melhores horas do dia escolar dos alunos (a que, em termos televisivos chamaríamos de "horário nobre" em questões de TV) que deveriam ser para a aprendizagem de matérias mais importantes e exigentes do ponto de vista intelectual, são ocupadas com as ditas AEC's.
Depois... depois os professores saem de casa pelas 8:00 horas da manhã, entram na escola às 9:00 e saem pelas 17:30 horas e, se não tiverem mais trabalho local para fazer como seja organizar a sala, resolver problemas dsa escola, atender pais, etc... etc... lá podem regressar a casa onde podem chegar pelas 19:00 horas ou até mais tarde. Pergunta-se, Como e em que tempo do dia os governantes esperam que os professores preparem as aulas do dia lectivo seguinte? Os professores e as professoras têm de ser todos uns suoper-homens e umas super-mulheres? E a família destes? Não tem direito ao usufruto de meia hora de conversa ou de sofá?
Como pode o professor fazer para ter a possibilidade de estabelecer um diálogo tão necessário entre pais e filhos se o seu tempo é vivido exclusivamente para a escola?
Será que com a modernidade, quando o número de sacerdotes se reduz constantemente, o Estado quer criar nos uma obrigação de desempenharem as funções de "Missionários" ?
O tempo de vida dos Educadores e dos Professores deste país tem de ser dedicado apenas ao trabalho? Onde fica o direito constitucional ao desfrute dos tempos livres? Têm que o dedicar à escola?
Finalmente, e parafraseando George Orwell, questionamos:
Que democracia é esta afinal onde se diz que "todos os cidadãos são iguais" mas se vê, claramente visto, que "alguns cidadãos são mais iguais do que os outros!"?