Força da Razão contra Razão da Força
J.Ferreira
A todos os anónimos deste país que insistem em não entender ou em não querer ver a Razão dos Professores.
Confesso que não entendo as razões apontadas por muitos dos caríssimos anónimos que não conhecem minimamente o sistema de avaliação do desempenho dos docentes que a Ministra pretende implementar... Assim, ver repetidamente escritas e publicadas barbaridades sobre este tema leva-nos a publicar este artigo, manifestando o nosso repúdio contra todos e quaisquer comentadores que, sem entenderem nada do assunto, sem quaisquer argumentos válidos têm a "lata" de pronunciar ou escrever apeloss a que a Ministra vá em frente, mais parecendo que têm ódio aos professores, quizás como forma de descarregar em alguém as frustrações e recalcamentos de seus próprios insucessos.
Assim, é comum pelas páginas de notícias sobre o tema, surgirem comentários semelhantes aos que a seguir expomos: "o problema está na má qualidade das aprendizagens no ensino escolar público. Aprende-se pouco e mal", tendo este texto surgido na sequência do comentário que ali postamos, em clara manifestação de repúdio e indignação.
Confesso que justificar que se avance com uma avaliação absurda e injusta, irreversível nos males que pode causar a tantos e tantos professores e consequentemente à Educação no nosso país só porque na escola pública alguns alunos (Sim, apenas alguns.!.. Ainda que sejam muitos no total, são alguns comparados com a totalidade dos alunos do ensino público!) não se empenham o suficiente ou não têm "capacidade" para obter os resultados que obtêm os alunos que se inscrevem no ensino particular (ou têm poder económico para se inscrever e pagar as mensalidades, a maioria deles, oriundas das famílias de elite da localidade onde estudam...)... Alguém tem dúvida?
Simples... Que se investigue o rendimento médio per capita das famílias dos alunos que frequentam o ensino público... e que se investigue também o rendimento per capita dos alunos do ensino privado ...
Que investiguem o nível médio das habilitações dos familiares (pais e mães, tios ou avós) que vivem e convivem diariamente com os mesmos alunos, quer para o ensino privado quer para o público... E que e vejam quantos do ensino privado não são "meninos do coro"...
Depois... Depois, que o Governo tenha a coragem e a dignidade de publicar os resultados... No final, sim... Se os resultados forem equivalentes, qualquer português poderá dizer aos professores do público que são incompetentes face aos do privado. Enquanto isso não for demonstrado, exigimos que alguém, seja ele engenheiro, padeiro ou pintor... ou simplesmente "comentador de meia tigela" (sobretudo o mais dotado de entre eles, que dá pelo nome de Miguel de Sousa Tavares!) nos explique e demonstre "como fazer omoletas sem ovos?"
Por fim, vejam e analisem o sucesso económico, social e cultural dos familiares dos alunos que frequentam um e outro sistema de ensino... Seguramente que depois de tudo isto, deixarão de massacrar os professores do ensino público: estes que sempre deram o máximo de si, o seu tempo e a sua vida, para que cada um dos seus alunos possa chegar o mais longe possível, respeitando as suas capacidades...
Sei que todos gostariam de ter o último nível de sucesso. Nós também gostaríamos. Mas respeitamos as diferenças dos alunos. E... sabemos muito bem que nem todos os jogadores de futebol podem jogar no Benfica, no Porto ou no Sporting? E isso nem é importante. Afinal, nesta data é o Leixões que é a sensação do Campeonato: 2º Lugar, apra um clube que ninguém dá por isso! Mas, milagres destes... Só uma vez em cada década!
Que esperavam? Que os alunos de famílias a quem não lhes faltam recursos materiais (livros, dicionários, enciclopédias...) nem recursos humanos (sejam eles os pais em casa que têm habilitações superiores aos seus filhos e como tal os podem acompanhar no estudo, seja mediante pagamento de apoio extra com explicadores a fim de alcançarem, não a positiva a tudo mas a média desejada para ingressar directamente no curso e na universidade pretendida!)
O importante é a realização pessoal de cada um... Saber que deu o máximo de si... Nem que não chegue ao mesmo nível do companheiro. Avaliar os alunos +é comparar o que é capaz de fazer hoje com o que era capaz de fazer ontem. E um aluno que antes conseguia apenas um nível de 6 valores a Matemática e agora alcança 9 valores, continua na negativa! E reprova! Incrível... Progrediu mais que o alunos que tinham 11 e agora têm 13 valores. Qual deles merece ser elogiado? Pois... Pois... Sucesso apra o que regrediu. Insucesso para o que progrediu!
Agora, façam mais este exercício:
É esta a justa avaliação? Não, para nós! Mas é esta que os governantes valorizam e colocaram na lei! E os professores não podem lutar contra todas as leis... Por que esperam os pais para exigirem a valorização dos seus filhos? Que os professores esqueçam o que afecta as suas vidas e que lutem para defender os seus filhos quando os pais se unem contra os professores?Por que esperam os portugueses? Alimentam que ilusões? Que os jogadores das equipas distritais consegam ganhar a taça de Portugal?
Muitas das frases que surgem nos comentários em jornais online não passam de falácias... quando não mesmo de mentiras. Estas afirmações, mais do que falta de reflexão de quem as profere, são o exemplo paradigmático da vontade recalcada de muitos cidadãos de fazer passar à prática uma máxima atribuída ao alemão Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista de Adolf Hitler, segundo a qual, "uma mentira repetida se pode transformar numa verdade!” Ora, quem afirma semelhante coisa carece, certamente, de clarividência ou de seriedade.
Expliquemos a falácia com um paralelismo entre Educação e Futebol porque parece que deste último é o que mais portugueses percebem (ou parecem perceber, a julgar pelos treinadores de bancada ou aos microfones das rádios ou de canais de televisão!). Os meus caros sabe que tipo de jogadores jogam na distrital, verdade? Sim… E também sabe que tipo de jogadores tem o Manchester, o Real Madrid, o Milão, o Barcelona, o Porto ou o Benfica... verdade? Sim!
Agora, diga-me: quando assistimos a um jogo da distrital temos determinadas expectativas e podemos sair de lá satisfeitos, verdade? Pois bem. Mas certamente não gostaríamos de sair de um jogo entre Benfica e Porto com a sensação de que estivemos a assistir a um jogo da distrital... Verdade? Continuemos. Muitos dos adeptos saem satisfeitíssimos de assistir ao seu clube da terra a jogar contra um clube rival vizinho (ainda que percam o jogo!), não é verdade? Basta que reconheçam que o rival tem jogadores mais fortes, com maior técnica... Até mesmo entre a primeira divisão podemos sentir sensações semelhantes.
Facilmente reconhecemos existir qualidade nos jogos entre clubes da distrital (onde os jogadores praticam desporto após a sua jornada de trabalho!) como da 1ª liga (onde os jogadores são especializados naquilo que fazem). E ninguém exige que o clube da regional ganhe a Taça de Portugal… Porquê? Simplesmente, reconhecem as suas limitações.
A diferença entre a escola Pública e a privada não está apenas no estabelecimento como espaço físico (estádio, para o caso do futebol)... Ela está também e acima de tudo, nos alunos (jogadores)... E não nos treinadores (professores). Se assim não fosse, por que motivo o Estado não contrata para o público os professores que foram para o privado (a maioria por falta de qualificação que lhe permitisse um lugar no público, ou por questões de ficar mais perto de casa) uma vez que o Estado dispõe dos professores para os colocar onde bem entende, sem respeito pelo direito à família (mas reconhece o direito ao reagrupamento familiar dos imigrantes!), desde Viana do Castelo a Tavira, passando por Bragança, Covilhã, Sines... (sem qualquer ajuda de custo)...
Enfim, será que o tipo de alunos que frequentam as diferentes Escolas Públicas do país (situadas nas aldeias, nas vilas, nas cidades ou na capital ou que os alunos de um bairro social (arcado pela degradação e pelo desemprego) têm as mesmas condições que os de uma escola privada onde só andam os que têm condições para pagar?
Ainda assim, meus caros, posso assegurar peremptoriamente que as minhas filhas não adoram... elas amam a Escola Pública. Têm orgulho na Escola que representam. Para a minha filha mais velha, o nome ESAS é um Hino. E, na mesma turma em que aprende, existem outros alunos excelentes mas também alunos que o não são. Assim, apesar de estarem todos na mesma turma, com os mesmos professores e as mesmas aulas, há alunas que conseguem obter notas altas... Uma delas, minha filha, tem 20 valores a todas as disciplinas (com excepção de Português que conseguiu "apenas" 19 valores!). Como se explica? Creio que se entende: ou é porque ela é inteligente (não a creio sobredotada!) e os restantes alunos não são... ou é porque enquanto ela vai para a Biblioteca enquanto os amigos que reprovam vão para a discoteca!
Não tenho dúvida de que, enquanto a minha filha prefere assistir a programas da “Discovery Channel” onde aprende a conhecer o mundo e a ciência, os restantes ou preferem rir-se com as parvoíces galhofeiras proporcionadas pelos "Simpsons” ou até abanar o capacete com a música barulhenta na “MTV”…
Enquanto a minha filha recorre ao computador para fazer as suas pesquisas na internet (porque o tem, como muitos alunos ou quase todos os alunos das escolas privadas enquanto os das públicas se terão de contentar com o “Magalhães”…!) muitos dos alunos preferem a playstation ou a X-Box…
Como devo classificar os professores da minha filha? Com "Excelente", adivinho que digam, pois claro! E como acham que esses mesmos professores vão ser classificados pelos pais dos alunos que reprovam? Com "Insuficiente", não é verdade? Claro os filhos reprovaram! Questiono pois: É esta uma avaliação séria?
Imagino que o leitor esteja a acenar com a cabeça que “Não” (uma vez que creio que o leitor é um ser inteligente!). Pois bem! Então... Que me diz à proposta desta Ministra avaliar os professores usando como critério “o resultados dos alunos”? Acha justo? Não? Claro… Só uma ministra incompetente poderia aceitar que um professor pudesse ser, simultaneamente, besta e bestial…!
Apenas mais um exemplo do absurdo do sistema de avaliação que esta Ministra quer implementar: Se uma empresa oferece umas férias a um cidadão que leva a família (e, obviamente, os filhos (alunos de um qualquer professor) consigo tendo por isso de faltar à escola durante mais de 15 dias (absentismo discente), a culpa é do professor? Imagino que me diga que “Não!”. Finalmente, se o pai levar o filho consigo para a feira ou o empregar numa empresa sem que a inspecção o detecte, o aluno passa a faltar à escola (abandono escolar) a culpa também é do professor? Imagino que esteja também a abanar a cabeça de modo negativo… Pois bem:
Se não concordou com a nossa indignação, também não vale a pena explicar-lhe por que motivo lutam os professores contra esta ministra e este sistema de “avaliação de desempenho” tremendamente injusto. Com efeito, se não entende que estes critérios tão simples não dependem da vontade nem da competência do professor, jamais iria entender os outros absurdos deste modelo que são bem mais complexos!
Se concordou com a nossa indignação face a estes dois critérios porque constata também que são absurdos, apenas temos a perguntar-lhe:
“Por que espera para se juntar à Luta dos Professores” ?
Vamos agora ao que pretende a Ministra: que os pais avaliem os professores. Pergunto:
Como deveria ser avaliado um aluno que no início do ano conseguia 18 valores a Matemática e que no final não passa de 11 valores? Afinal, regrediu... Pois bem! Este aprova e um aluno que passa de 4 valores no início do ano para 9 valores... Reprova! E os que antes tinham 18 valores e agora apenas conseguem 14 valores?