Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Até que o Teclado se Rompa!

"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons." (Martin Luther King)

Até que o Teclado se Rompa!

"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons." (Martin Luther King)

J.Ferreira

A nova moda parece que veio para ficar… Mas, a  verdade é que a nova moda “é mais velha que a Sé de Braga”. Em "O Público", Nuno Crato vem dizer uma novidade velha:  que as metas visam "definir com clareza o que se quer que cada aluno aprenda" acrescentando na notícia que as metas vão “clarificar aquilo que, nos programas, deve ser prioritário, os conhecimentos fundamentais a adquirir e as capacidades a desenvolver pelos alunos (...)”. Ou seja, voltamos a baptizar com nomes de "metas" os velhos "objectivos" que mercê de um moderno e também anglo-saxónico "lifting" (e de uma verborreia "palavrítica") mudam de lexema (termo) conforme se muda de camisa (perdão, de ministro ou de governo!). Vários ministyros passaram pela pasta da Educação nos últimos tempo. A Educação chegou ao descalabro que temos hoje porque cada Ministro chega e preocupa-se por deixar o seu "chichi".  Depois de tantas e tantas voltas à sardinha, finalmente voltamos a dar com o rumo certo para o barco educativo.

As Metas Curriculares para o Ensino Básico marcam o regresso à clareza e ao rigor do trabalho docente. Há muito que se esperava pelo regresso à ênfase nos conteúdos, ordenando-os sequencial e hierarquicamente, com uma definição clara e rigorosa dos objetivos a atingir pelos alunos. Tal como conhecera nos programas quando começamos a exercer a docência. Parece que temos um regresso aos valores fundamentais da exigência própria da pedagogia contra os da benevolência e facilitismo próprios da demagogia. A Taxonomia dos Objetivos Educacionais, de Benjamim Bloom, renasce com a forma de encarar a Educação do Ministro Nuno Crato. Esperemos que impere o bom senso noutras matérias.

Todos sabemos (menos os políticos, é claro!) que as metas são os objetivos (vestidos com uma ornamenta diferente, mas não passam de objetivos!) e que estes fazem parte da organização do ensino há mais de 40 anos também em Portugal. Andamos a remar sistematicamente para pontos cardeais diferente porque não sabemos muito bem para onde queremos ir! Há mais de 5 anos escrevíamos que Está na Hora do Grito do Ipiranga na Educação. Hoje, queremos aqui relançar o desafio: É urgente o “Grito do Portuga” na Educação.

Sem dúvida. Cada vez mais nos convencemos de que enquanto a Educação de um país estiver à mercê de guinadas políticas ou politiqueiras passaremos o tempo inovando regressivamente, em busca do nada transformando muitas horas de investimento dos alunos e dos docentes para satisfazerem os caprichos dos (des)governantes do barco Educativo. A Educação é muito mais melindroso que dirigir um barco, ou um navio. Mais se assemelha a dirigir um avião. Como tal, não se compadece com guinadas para a esquerda ou para a direita, para cima ou para baixo. Até ao presente temos navegado com timoneiros que sem rumo, muito pior que se navegassem "à bolina". Em Portugal, tal como no tempo do Titanic, "quem sabe, faz!" e "quem não sabe... manda!". Assim, temos os professores que fazem. E, quantas vezes têm de “fazer das tripas coração”, e aguentar as críticas injustas da sociedade (muitas vezes manipuladas com a ajuda de certos jornalistas e comentadores ingratos ou frustrados)  enquanto se assiste á debandada dos irresponsáveis políticos (forçosamente, é claro, porque são colocados na rua cada vez que há eleições!) que são os únicos responsáveis ao determinarem os currículos, os percursos, os objetivos, as competências ou as metas educativas.

Depois… Sim. Depois lá vêm outro conjunto de políticos com as suas ideias, marcar o terreno como cães que desejam deixar a sua marca no território educativo, com o seu “chichi”. E o primeiro que fazem é maltratar (de forma insensível e indecente) o corpo docente como se cada professor fosse apenas um número ou uma mercadoria... Criam sistemas infernais que perseguem a vida dos professores, transformando o seu quotidiano em extensões das salas de aula: seja na rua, no café, em casa, ou até na cama!

E, para conseguirem os seus intentos de “deixar marcas” lá criam sistemas absurdos de colocação, desrespeitando todas as regras básicas de justiça, obrigando professores a andar "de maço para cabaço", de um ponto do país para outro, com as suas trochas por anos e anos. Isto é a prova da incompetência dos sucessivos ministérios que não têm competência para usar uma das ferramentas fundamentais da actualidade: a informática. Com os recursos tecnológicos actuais, não se compreende como o ministério se recusa a colocar professores o melhor possível para que se sintam “motivados” para o exercício das suas funções com vista à obtenção dos melhores resultados.  O sistema injusto de colocação dos docentes transformou-se num autêntico martírio para docentes que se vêem afastados do direito a uma vida familiar.

Ser docente exige hoje mais espírito de missionário que a missão abraçada voluntariamente por muitos sacerdotes. gastam o que ganham em deslocações e ainda por cima, devem agradecer o facto de terem o direito a trabalhar...! Com efeito, enquanto os “ministros da igreja” estão vocacionados para servir sem esperar nada em troca, os docentes formaram-se para servir recebendo no mínimo um tratamento e um salário condigno para que tenham uma vida digna e dignificante. Acresce que, os sacerdotes nunca são culpabilizados nem pela pobreza nem pela morte. Ao contrário, os docentes são o bode expiatório de todos os males da sociedade que não é capaz de criar uma verdadeira igualdade de oportunidades (uma verdadeira utopia, tal como é a de criar um idêntico nível cultural e de recursos nas casas das nossas crianças!). Façamos o que façamos, de um modo médio, bom ou excelente, sempre virá um ministro mais de esquerda ou mais de direita (e se querem, mais de cima ou mais de baixo!) a seguir a outro voltando todo o trabalho docente "de patas arriba!

E, claro. Voltamos à estaca zero. Preparados para levar, mais uma vez paulada. Os resultados que surgirem das guinadas, se forem bons, será sempre mérito dos governantes. Se forem maus, culpa dos professores.

Até quando? Simples resposta. Até que sejamos capazes de expulsar os governantes do governo da Educação!

J.Ferreira

O Diário Económico intitula a notícia: "Emigrantes não enviavam tanto dinheiro para Portugal desde 2002".

Na verdade, a crise a que nos conduziram os políticos (des)governantes tremendamente incompetentes que o povo português colocou à frente dos destinos do país está a obrigar a emigrar cada vez mais portugueses. Segundo a notícia, "o aumento da emigração já se faz sentir desde há três ou quatro anos, período em que estima terem saído 80 mil a 100 mil portugueses por ano do País".

Porém, a explicação que é apresentada neste jornal contrasta com o afirmado pelo Secretário de Estado Cesário. Este explicou de forma ridícula este aumento do dinheiro que entrou no nosso país e que é aqui referido como remessas dos emigrantes.

Com efeito, afirmou que os emigrantes portugueses continuam a acreditar no país. Ora, meus caros, se os emigrantes continuam a acreditar no país não é porque tenhamos um Secretário de Estado das Comunidades que pugne por isso. De facto, as suas medidas acabam por penalizar os emigrantes que afinal não tão ingratos com a pátria como este senhor é com os seus emigrantes. Este foi o que lhes retirou os professores que lhes leccionavam a língua portuguesa. Este foi o que lhes quer impor o pagamento de 120 euros para que os filhos possam ter um professor de Língua e Cultura Portuguesa.

Este governante deveria pensar nos rios de dinheiro (que se gastam ou se gastaram com nomeados) para organizar e implementar os cursos de LCP. Quanto dinheiro não voltará a ter de se gastar para que se possa protocular de novo os cursos nas escolas desses países, diríamos que passamos o tempo a fazer como os trabalhos nas ruas de Portugal: vêm os canalizadores dos esgotos e abrem e fecham buracos, no dia seguinte vêm os da energia, voltam a abrir e a fechar, depois vêm os da tv por cabo, e fazem o mesmo... e passamos o tempo a gastar dinheiro para esburacar as ruas e as obras nunca estão acabadas!

O senhor SE das comunidades, José Cesário, sabe muito bem que o que afirmou pouco ou nada corresponde à verdade. Entre os emigrantes, o descrédito sobre os governentes (políticos) portugueses é total. Diria mesmo igual ou superior ao da Grécia. Porém, os emigrantes não têm alternativa.

Poderemos ser mais credíveis que há dois, três ou até quatro anos atrás! Mas estamos longe de sentir confiança em políticos que já por cá andaram e que mais não fazem que retirar os direitos constitucionais aos emigrantes. A máxima "quanto mais me bates mais eu gosto de ti" pertence ao passado.

O problema dos novos emigrantes é que tiveram de buscar a vida noutras paragens. Mas, parte da família continua em Portugal.

Tal como a notícia bem refere, o número de emigrantes aumentou exponencialmente. O que termos é um maior número de portugueses que, por culpa de alguns políticos (incompetentes que levaram as finanças à ruína!) deste triste país (onde a justiça tem os olhos bem abertos para saber a quem condena!), se viram forçados a procurar trabalho no estrangeiro. Isto porque os novos cidadãos portugueses (que foram forçados a emigrar) têm compromissos em Portugal . Isso sim, poderá ser um motivo por que Portugal recebe mais dinheiro vindo dos nossos emigrantes! E não porque confiam em Portugal. Muitos dos portugueses que emigraram estão hipotecas "até ao pescoço". Não conseguem vender nem casa nem nada do que compraram... Que fazer? Deixar que a (in)justiça lhes tire o suor dos anos que pagaram a sua hipoteca ou emigrar? Na verdade, aos emigrantes não lhes resta outra alternativa senão enviar dinheiro para Portugal se não querem ficar sem nada... Sem a casa que têm hipotecada, sem os bens, sem os familiares que sem esse dinheiro estariam já a morrer de fome...

Por isso, meus caros. Aos cidadãos portugueses da segunda década do século XXI não lhes resta outra alternativa senão seguir o destino dos cidadãos da década de 60 e 70 do século passado. Voltamos ao mesmo. Depois... Só de pensar que estes políticos de meia-tigela foram dos mais críticos com os governos de Salazar... dá nojo! Salazar morreu pobre! Os actuais políticos saltam dos governos para a vida pública ou para empresas que beneficiaram e vêm ou ficam podres de ricos em pouco tempo! E não lhes acontece mesmo nada...

Duvidam? Mas alguém é capaz de explicar por anda o primeiro-ministro que afundou o país com a sua desgovernação (com as PPP, por exemplo), fruto da sabedoria adquirida no curso de engenharia (ou já se esqueceram que, ele como tantos outros desgovernantes, também era engenheiro?) ou com o desnorte das suas ideias megalómanas (construir um TGV com as finanças à beira da bancarrota) e persecutórias (com a cruzada contra os professores, por exemplo)? Ah! Claro... Emigrou também... Ele também deve ser o emigrante que envia dinheiro para Portugal! E vive literalmente "à grande e à francesa" na capital da luz: Paris? Como é possível isto numa democracia? Quem responsabiliza a sua equipa (des)governativa? Um cidadão deixa de pagar 30 euros e já paga jurtos de mora, hipotecam-lhe os bens... Estes senhores, usam uma caneta, defraudam o país e ficamos a ver navios?

 

J.Ferreira

Aí vêm mais exames. Provar "o quê"? Com alunos mais motivados para as férias que estão à porta, e tão "motivados" (leia-se, fartos!) é fácil ver como é fundamental avaliar cada vez mais a escola e os professores e cada vez menos os alunos. Constata-se que os alunos estão, cada vez mais "nas tintas" para os resultados das avaliação e cada vez menos para a aprendizagem que se altrera com frequência: o que os leva a reprovar, deixa de ser o correcto e alguns que foram iompedidos por umas décimas de entrar em medicina por não terem escrito alguns "c" para abrir vogais, afinal agora até tinham conseguido pois o Acordo Ortográfico (AO) veio tornar a escrita e a leitura, em muitos casos, absurda (veja-se adopção, "adoção" sem "p" em que a vogal "o" terá, necessariamente, de ser lida como fechada "u", já que a acentuação está no ditongo nasal seguinte "ão"...!).

Ora, o AO veio alterar as regras a meio do percurso académico de muitos alunos. Não se aplica apenas a alunos que ingressam no sistema educativo a partir do ano em que é aprovado, mas faseadamente aplica-se a alunos que aprenderam de determinada forma e agora terão de se esforçar por reaprender a escrever...!

E os que até agora escreviam sem erros, a partir de agora instala-se a dúvida sobre a ortografia adequada das palavras. Não admira que se revoltem e que cada vez mais se estejam maribando para o que lhes é exigido nos curriculos decididos pelos ministros... Afinal, os (des)governantes terão de encontrar forma de os aprovar para não sentirem vergonha dos resultados das estatísticas e para não acabarem penalizados nas próximas eleições!). Todos sabem que são os resultados dos alunos que contam para a avaliação das políticas educativas da OCDE (e do lugar alto tão desejado no tal PISA!). Assim vamos.

 

No texto de um aluno do 8º ano (que abaixo vos apresentamos) podemos confirmar que já não são apenas os professores que estão fartos de tanta mudança, de tanta instabilidade, do mau trato que os políticos e linguístas infligem à Língua de Camões...

O texto que segue vem dizer-nos que há alunos que se revoltam, silenciosamente, escrevendo textos com alta criatividade (ainda que algumas "falhas" ou alguns "lapsos" conceptuais se se possam neste desabafo). Aqui o publicitamos, aguardando os vossos comentários.

 

"Vou chumbar a Língua Portuguesa. Aliás, quase toda a turma vai chumbar. Mas a gente está tão farta que já nem se importa. As aulas de português são um massacre. A professora? Coitada, até é simpática, o que a mandam ensinar é que não se aguenta. Por exemplo, isto: No ano passado, quando se dizia “ele está em casa“ , “em casa“ era o complemento circunstancial de lugar. Agora é o “predicativo do sujeito“. Vejamos a frase, “O Zeca está na retrete“, “na retrete” é o predicativo do sujeito, tal e qual como se disséssemos “ela é bonita“. Bonita é uma característica dela, mas “na retrete“ é característica dele? Meu Deus, a setôra também acha que não, mas passou a predicativo do sujeito, e agora o Zeca que se dane, com a retrete colada ao rabo.

No ano passado havia complementos circunstanciais de tempo, modo, lugar etc., conforme se precisava. Mas agora desapareceram e só há o desgraçado de um “complemento oblíquo”? Julgávamos que era o simplex a funcionar. Pronto, é tudo “complemento oblíquo“ já está. Simples, não é? Mas qual, não há simplex nenhum,o que há é um complicómetro a complicar tudo de uma ponta a outra: há por exemplo verbos transitivos directos e verbos transitivos indirectos, ou directos e indirectos ao mesmo tempo; há verbos de estado e verbos de evento, e os verbos de evento podem ser instantâneos ou prolongados, almoçar por exemplo é um verbo de evento prolongado (um bom almoço deve ter aperitivos, vários pratos e muitas sobremesas). E há verbos epistémicos, perceptivos, psicológicos e outros, há o tema e o rema, e deve haver coerência e relevância do tema com o rema; há o determinante e o modificador, o determinante possessivo pode ocorrer no modificador apositivo e as locuções coordenativas podem ocorrer em locuções contínuas correlativas. Estão a ver? E isto é só o princípio. Se eu disser “Algumas árvores secaram”, “algumas” é um quantificativo existencial, e a progressão temática de um texto pode ocorrer pela conversão do rema em tema do enunciado seguinte e assim sucessivamente.

No ano passado se disséssemos “O Zé não foi ao Porto” era uma frase declarativa negativa. Agora a predicação apresenta um elemento de polaridade, e o enunciado é de polaridade negativa.

No ano passado, se disséssemos “A rapariga entrou em casa. Abriu a janela“ o sujeito de “abriu a janela” era ela,subentendido. Agora o sujeito é nulo. Porquê, se sabemos que continua a ser ela? Que aconteceu à pobre da rapariga? Evaporou-se no espaço?

A professora também anda aflita. Pelo vistos no ano passado ensinou coisas erradas, mas não foi culpa dela se agora mudaram tudo, embora a autora da gramática deste ano seja a mesma que fez a gramática do ano passado. Mas quem faz as gramáticas pode dizer ou desdizer o que quiser, quem chumba nos exames somos nós. É uma chatice. Ainda só estou no sétimo ano, sou bom aluno em tudo excepto em português,que odeio, vou ser cientista e astronauta, e tenho de gramar até ao 12º estas coisas que me recuso a aprender, porque as acho demasiado parvas. Por exemplo,o que acham de adjectivalização deverbal e deadjectival, pronomes com valor anafórico, catafórico ou deítico, classes e subclasses do modificador, signo linguístico, hiperonímia, hiponímia, holonímia, meronímia, modalidade epistémica, apreciativa e deôntica, discurso e interdiscurso, texto, cotexto, intertexto, hipotexto, metatatexto, prototexto, macroestruturas e microestruturas textuais, implicação e implicaturas conversacionais? Pois vou ter de decorar um dicionário inteirinho de palavrões assim. Palavrões por palavrões, eu sei dos bons, dos que ajudam a cuspir a raiva. Mas estes palavrões só são para esquecer, dão um trabalhão e depois não servem para nada, é sempre a mesma tralha, para não dizer outra palavra (a começar por t, com 6 letras e a acabar em “ampa“ isso mesmo, claro.)

Mas eu estou farto. Farto até de dar erros, porque me põem na frente frases cheias deles, excepto uma, para eu escolher a que está certa. Mesmo sem querer, às vezes memorizo com os olhos o que está errado, por exemplo “haviam duas flores no jardim. Ou : a gente vamos à rua. Puseram-me erros desses na frente tantas vezes que já quase me parecem certos. Deve ser por isso que os ministros também os dizem na televisão. E também já não suporto respostas de cruzinhas, parece o totoloto. Embora às vezes até se acerte ao calhas. Livros não se lê nenhum, só nos dão notícias de jornais e reportagens, ou pedaços de novelas. Estou careca de saber o que é o lead. Por favor, parem de nos chatear. Nascemos curiosos e inteligentes, mas conseguem pôr-nos a detestar ler, detestar livros, detestar tudo. As redacções também são sempre sobre temas chatos, com um certo formato e um número certo de palavras. Só agora é que estou a escrever o que me apetece, porque já sei que de qualquer maneira vou ter zero.

E pronto, que se lixe, acabei a redacção - agora parece que se escreve redação.O meu pai diz que é um disparate, e que o Brasil não tem culpa nenhuma, não nos quer impôr a sua norma nem tem sentimentos de superioridade em relação a nós, só porque é grande e nós somos pequenos. A culpa é toda nossa, diz o meu pai, somos muito burros e julgamos que se escrevermos ação e redação nos tornamos logo do tamanho do Brasil, como se nos puséssemos em cima de sapatos altos. Mas, como os sapatos não são nossos nem nos servem, andamos por aí aos trambolhões, a entortar os pés e a manquejar. E é bem feita, para não sermos burros.

E agora é mesmo o fim. Vou deitar a gramática na retrete, e quando a setôra me perguntar: Ó João, onde está a tua gramática? Respondo: Está nula e subentendida na retrete, setôra, enfiei-a no predicativo do sujeito."

 

J.Ferreira

Resultados em matemática pelas ruas da amargura...?Que esperavam? Estamos fartos de ser comandados por incompetentes...

Mais um alerta que não deveria espantar ninguém. Estes resultados serão, cada vez mais, uma realidade crescente. As sociedades preparam as novas camadas jovens pelo conceito e exemplo que dão relativamente à responsabilidade. Assim, quando (por interesses não tanto obscuros quanto isso...!) o fracasso escolar é deslocado dos seus actores principais (leia-se, principais responsáveis) para outros intervenientes do processo educativo de quem está provado que não depende, na essência, o êxito nos estudos... está tudo dito! Com efeito, por muito que queiram lavar as mãos da (i)responsabilidade, os políticos sabem que são os culpados principais do caminho que a educação está a levar em Portugal. Podem não ser os governantes que estão hoje no poder nem os que se encontram na oposição... O certo é que não são os professores que determinam a maior parte dos factores que conduzem ao êxito ou ao fracasso de um sistema educativo.

São as políticas educativas dos diferentes governantes (sejam centrais ou locais, pois destes depende em muito os recursos materiais que são afectos às escolas como são as instalações) que têm determinado ao longo das três últimas décadas o caminho a percorrer pelas escolas, seja curricular, seja organizativo. Da mesma forma, os direitos e deveres que se estipulam apenas se dirigem à responsabilidade e responsabilização de uma das partes (os professores) pelos resultados escolares. Com efeito, nem mesmo a repetição de curso pode ser usada como forma de obrigar os estudantes a fazerem o que lhes é legítimo pedir: estudar. Na última década, os governos socialistas empenharam-se em destruir a credibilidade dos professores. Assim se compreende a atitude demagógica e populista (porque não cremos que tivessem alguma convicão da eficácia da sua filosofia educativa!) que centrou a sua política no resultado (em termos eleitorais, é claro!) da aplicação da filosofia pedagógica que concebe todo o aluno como um ser "inteligente, capaz, trabalhador, dedicado, empenhado e estudioso" que os malvados dos professores (um bando de incompetentes, é claro!) apenas sabem atrofiar, os políticos decidiram que os resultados escolares passariam a interferir não na progressão do aluno mas na progressão do professor. Incrível. Agora estamos onde estamos e os políticos aprecem não ter ainda entendido o "porquê?".

Continua o massacre da psicose da avaliação. Os políticos portugueses demonstraram  a sua incompetência levando as finanças públicas à beira do abismo. Teve que vir a Troika ajudar Portugal. Os políticos são todos iguais. Os actuais (des)governantes são dessa estirpe de políticos que defendem uma coisa na oposição e praticam outra quando estão no poder. Como já dissemos, eles já descobriram que só quem mente ao povo consegue chegar ao poder. Por isso, a sua arma eleitoral é o engano e a mentira. Não têm qualquer legitimidade democrática para fazerem o que fazem mas ali permanecem como se estivessem a cumprir o que prometeram fazer. Todos sabemos que há chicotadas psicológicas nos treinadores quando os resultados se afastam das expectativas com que os clubes os escolhem. Mas os políticos, uma vez eleitos, sentem-se no direito d epermanecer "democraticamente" no governo até que alguém, com a força democrática que o povo lhe deu em voto nominal, utilize a bomba atómica e o mande "fritar churros" (leia-se, cavar cebolas).

Assim se compreende que, depois de terem defendido o fim do sistema absurdo de avaliação dos professores enquanto estavam na oposição, continuem a manter o absurdo sistema de avaliação que, para além de enfermar pelas conhecidas e absurdas "quotas" coloca como avaliadores profissionais que obtiveram duvidosa avaliação.

 

Por isso, meus caros, venha lá alguém de coragem dizer-me que estes são diferentes.  Os políticos que levaram Portugal ao descalabro financeiro são os mesmos que vão determinar o "descalabro educativo".

Assim, e como se não bastasse que os resultados escolares dos alunos interferissem na avaliação dos professores, agora os resultados dos mesmos alunos nos exames (exame de cerca de 2 horas!) serão determinantes na avaliação das escolas. Assim, da diferença entre os resultados dos alunos na avaliação efectuada pela escola ao longo do ano e os resultados dos mesmos alunos num curto período de tempo (o da duração do exame!) passa a contar para a avaliação das escolas. Se nesta altura, por culpa da desgraça que os políticos tornaram o nosso país nenhum estrangeiro quereria vir governar Portugal, muito menos os docentes quererão governar estas escolas...

 

Nenhum professor pode estudar e exercitar os neurónios pelos seus alunos. De que serve o esforço do professor na explicação das matérias enquanto o aluno, mesmo que olhando para a cara do professor, está sistematicamente com a sua mente centrada noutros temas? Como pode o professor fazer a aprendizagem que compete ao aluno? Como vai este aprender se está sistematicamente com o corpo na sala mas com a cabeça e a mente noutro planeta? Que poder tem um professor para intervir e "obrigar" estes jovens a uma postura de esforço para a aprendizagem? Depois do que fizeram os políticos desvalorizando e até mutilando a autoridade e a capacidade de intervenção dos professores para manter a sala de aulas como um local de aprendizagem com o mínimo de sustentabilidade, outra atitude dos alunos não seria de esperar.

Depois... Como se pode forçar a aprender (e até compreensivelmente, depois do circo que foi o acesso à universidade por alunos oriundos das Novas Oportunidades!) quem não quer nada com a escola? Como se pode fazer com que aprenda quem sabe que para a sociedade (políticos demagogos, comentadores de serviço, e até paizinhos!) se "o menino" não aprende, a culpa será do "besta" (leia-se, incompetente) do professor?

Que sociedade estamos a criar? Que valores queremos desenvolver nesta juventude, futuros governantes que traçarão os destinos deste país? Como se pode incentivar os alunos que metem as mãos debaixo da mesa para manipular o seu "brinquedinho tecnológico" (telemóvel, iphone ou outro "brinquedo"...) para realizar vídeos (às pernas ou outras partes do corpo da colega do lado, da frente ou até mesmo da professora!) que depois colocam na internet para a galhofa de todos os colegas, para ter mais acessos às suas páginas, etc. etc.

Outros metem as mãos debaixo da mesa (ou entre pernas) usando o brinquedinho para escrever mensagens e enviar aos seus amigos que (com o seu brinquedinho em vibra) recebem e mostram ao companheiro do lado com anuência (tácita ou explícita) de muitos dos paizinhos que culpam os professores pelo seu menor sucesso escolar! Sim, nenhuma responsabilidade lhes é pedida! E assim, estas criancinhas (de 15 ou até 16 anos) com direitos (mas não deveres!) de homens e mulheres são sempre ilibados das suas responsabilidades (inimputáveis por excelência ou excelências da inimputabilidade!) mesmo quando se trata de um simples acto: o de estudar, de ler, de reler, de esforçar-se por saber mais.

 

O Governo está a colher aquilo que semeou: alunos que para além de desmotivados, revoltados, desinteressados, mal educados, desobedientes, irreverentes, são acima de tudo, irresponsáveis.

O desinteresse pela escola aumenta na directa proporcionalidade com que os políticos maltratam os seus principais actores: os professores.

Não entendemos tamanha admiração e preocupação. Com uma sociedade que desvaloriza os actores escolares, que desvalorizou os diplomas (lembram-se das Novas Oportunidades!???)... para quê estudar? Quando o fracasso escolar é atribuído aos professores está tudo dito. Afinal, são os únicos que verdadeiramente penalizados (na sua carreira) por aspectos para que nada contribuíram, como o fracasso escolar, a falta de estudo, o desinteresse pela escola,...
Atentemos no exemplo que segue. Os resultados de uma dada turma foram os seguintes: 15% de alunos com Excelente, 25% com Muito Bom 25% com Bom e 20% com Suficiente e 15% com Insuficiente. Estatisticamente, os resultados estão dentro da normalidade. Atente-se que, embora os resultados desta turma estejam validados pela "curva de Gauss", para o governo, o seu corpo docente é incompetente.

Sim. Para o governo, se o corpo docente desta turma fosse competente, todos os alunos seriam capazes de "sacar" Excelente. Mais. Neste caso é ao contrário. Verifica-se até que, estes valores são muito simpáticos comparado com a diferenciação imposta pelo Governo à avaliação dos seus professores. Aliás (diga-se a talho de foice!) não se compreende como é que o governo admite que, sendo a maioria dos professores rotulados com bom, como é que um Bom professor pode formar alunos excelentes! Claro está. Aposta-se no mérito superior de competência do aluno (para aprender!) face à competência do professor (para ensinar!). É uma anedota. Sim... Uma anedota admitir que numa turma possa haver 40% de alunos com nota de "excelente" (e é claro que até poderá haver!...) mas que, para o governo, nessa mesma escola, só possa haver 5% de professores com nota de "excelente"! O sistema de avaliação é anedótico e só pode levar à revolta dos professores, ao desencanto com a profissão e, obviamente, associado a outras tantas circunstâncias do exercício da profissão, a um alto grau de desmotivação.

Com o ataque cerrado aos profissionais de educação, o futuro do país é inequívoco: fechar escolas e abrir cadeias...!

J.Ferreira

Acaba de ser publicado um novo despacho de Sua Exª o Ministro da Educação. Estivemos a ver o seu conteúdo e... que estranho: voltam a ser culpabilizados os professores pela falta de interesse e de recursos que os nossos jovens têm quer nas escolas onde eles nem existem quer nas casa onde os orçamentos familiares cada vez podem dedicar menos dinheiro para a educação. Estamos sempre na mesma. Crê-se que se pode chegar a ser alguém na vida sem esforço! Continua a falta do contributo familiar na educação que nunca é avaliado. Os pais dedicam o que querem aos recursos que afectam à educação dos seus filhos... E os professores é que pagam as favas... Para quando a responsabilização dos alunos? Para quando a avaliação do esforço dos alunos? Nuno Crato deveria dedicar-se um pouco mais à agricultura. Talvez aprendesse que, quando o terreno é inóspito, de pouco serve cavar...

Com as medidas que acaba de tomar, o senhor Ministro passa uma vez mais a batata quente do fracasso escolar para as escolas. A sociedade é perfeita. Os políticos são perfeitos... profissionais. Portugal é um paraíso de óptimos profissionais em todas as áreas (por isso estamos como estamos!)... As escolas é que são o refugo da incompetência da sociedade portuguesa. Com o novo despacho do Nuno Crato, confirma-se que se culpa sobretudo as escolas e os professores pelo fracasso escolar. Com medidas deste tipo, facilmente se percebe por que motivos os agentes educativos se encontram cada vez menos motivados para o que deveriam fazer melhor: levar os alunos a aprender. Na verdade, pouco importa se as famílias têm cada vez menos recursos para poder contemplar os filhos com melhores meios de aprendizagem... pouco importa se os pais levam os filhos à bola em vez de os levar à biblioteca. Pouco importa se os filhos vão com os pais para o trabalho (no campo, no monte ou na feira...!). O que importa é olhar os resultados dos alunos... Estudem ou não estudem... estejam ou não motivados para engrossar ainda mais o número de licenciados no desemprego... Com as perspectivas que um curso superior (que absorvem 1/5 do orçamento das famílias portuguesas)dá nos dias de hoje, estranha-se que se esteja cada vez mais a fazer depender os recursos das escolas dos bons resultados escolares. Assim, como se penalizam as escolas cujas diferenças sejam maiores (para menos, supomos!) entre as notas obtidas pelos alunos ao longo do ano (em exames ou testes das disciplinas ministrados pelos professores das mesmas!) e as obtidas nos exames acaba por se fazer repercutir a responsabilidade dos alunos cábulas (que não estudam, que preferem ir para a piscina, para o rio ou para a praia) para os professores que ao longo do ano trabalham.

É incrível... Mas esta é a triste realidade. Motivação para ensinar...? Quem a tem? Afinal, por muito bons profissionais que sejamos, por melhores que sejam as nossas estratégias de ensino, por mais que nos esforcemos, sempre dependeremos dos nossos alunos para que tenhamos o nossos reconhecimento. E se os alunos que nos "saíram na rifa" (turma) não têm nem vontade, nem motivação, nem capacidade, nem meios, nem recursos...? Por que não fazem o mesmo com outros profissionais? Por que não "culpar" os médicos pelo fracasso dos doentes que não tomam os medicamentos a tempo e horas e na dose recomendada seja porque não têm dinheiro para comprar os medicamentos adequados seja porque não querem ou não gostam do "xarope"?

No caso dos professores, muitos alunos não têm quaisquer livros em casa, não têm dicionários, não têm material escolar adequado ao nível de ensino e à exigência de excelência que tanto se apregoa... Muito menos em tempo de crise. E como os profissionais de educação nem têm que ser ouvidos (simplesmente massacrados!) vamos em frente: nem há que ouvir os seus representantes! Mesmo que o destino seja o abismo! Teimosos até ao fim! Por isso, Sr. ministro, só nos resta dizer que esta é mais uma daquelas a que o meu avô classificaria com o dito popular: "Cada cavadela, cada minhoca!".