O Futuro Visto do Passado
J.Ferreira
Nota Prévia: VEJA NO FIM o LINK para A NOTÍCIA que INSPIROU ESTE POST
Neste espaço que tenho dedicado à sociedade, hoje decidi deixar aqui algo autobiográfico. Não tenho a pretensão de ser nada nem ninguém na sociedade mas tão só de colocar aqui pequenas reflexões dando o meu contributo para tentar contribuir para a mudança de aspectos que creio, convictamente, merecerem a dedicação de algum do meu tempo.
Nunca me senti futurologista... Alguns dizem que sim... Até de visionário já ouvi. isto porque há anos que previa muita da realidade que nos últimos anos se tem concretizado.
Gostava de lembrar o que já dizia eu, em 1992 (ano em que frequentava o curso de Sociologia das Organizações, na Universidade do Minho), a respeito das reformas chorudas que, no futuro, os funcionários públicos iriam receber. Sim. Em 1992, no mesmo ano em que foram publicados artigos no jornal da Associação Académica da Universidade do Minho, denunciando o sistema de financiamente do ensino superior com as propinas dos estudantes — que muito consideravam justas, fazendo escola na época, e transformando-se no discurso politicamente correcto, incluindo de senhores como Miguel de Sousa Tavares que dirigia, na televisão, o Programa "Viva a Liberdade", com a participação de António Barreto (do PS) e Pacheco Pereira (do PSD) — onde denunciava e apresentava argumentos que provavam exactamente o contrário, isto é, a enorme injustiça da introdução do princípio do utilizador pagador na frequência das Universidades.
Sim... um princípio que reneguei. E devo dizer, defendi sempre o princípio do “beneficiário-pagador”. Sim, deveriam pagar os que beneficiaram de instituições do Estado, estudando inclusivamente, mas só quando começassem a retirar benefício do curso que frequentaram, ou então, o Estado passaria a "vender cursos" independentemente do produto ter ou não eficácia. E foi o que aconteceu. Instituíram-se as propinas, os estudantes começaram a pagar e... imaginem, licenciaram-se em cursos que o Estado permitia "vender" nas Universidades... mesmo sabendo que eram para o desemprego. A minha proposta de então é que passassem a pagar depois de começarem a retirar o benefício do curso. Depressa o Estado deixaria de "vender" cursos que para nada serviam (como aliás, ainda hoje, o continua a fazer, em nome da liberdade de escolha dos jovens. mentira; em nome de manter o trabalho a uns quantos que nas universidade não sabem fazer mais nada, não podem mudar de área... Por isso acusava o Estado de fazer os jovens pagar propinas par o Desemprego. A realidade veio dar-me razão cerca de 10 ou 15 anos depois...
Mas se o Estado aprendesse, muitos cursos sem saída profissional teriam fechado. Mas não. Continuam porque agora, as universidades "vendem" cursos como as lojas tipo "Casa China" vendem produtos de todo o tipo, e que as pessoas compram, muitas vezes, independentemente de saber se realmente lhes fazem falta. mas trata-se de coisinhas de 5 euros... Não de cursos que queimam 5 anos de uma vida aos jovens e que chegam a custar mais de 25.000 euros ou 30.000 euros!
Se alguns dos meus companheiros nas tertúlias de café (porque me classificavam de "pessimista", a que eu respondia ser um "realista antecipado"!) tiverem boa memória, recordarão do que eu dizia quando me acenavam com as "chorudas reformas" que, no futuro, como funcionário público, teria direito (e que eram motivo de inveja de quem nos rodeava):
"—Quero lá saber do que me prometem. O que conta é o que ganho agora. Estou seguro de que, com a redução da natalidade, quando chegar à reforma, já nem metade do salário vamos receber. Com sorte, ainda teremos uma pensão de sobrevivência." Ainda me faltam 5 anos para concluir os 35 anos de serviço (e de descontos!) com que então tinha direito à reforma... E, que vemos??? Afinal, era pessimista!??? Ou um Optimista bem informado? Vejam a notícia: "Pensões pagas a partir de 2025 valem menos de metade do salário. Em 2025, a pensão corresponderá a menos de 45% do salário e em 2060 a pouco mais de 30%."
Lembro-me de dizer que na minha família nascia uma criança por cada três adultos... E se todos queriam reforma, a minha filha (apenas tinha na altura uma filha... agora já são quatro!) teria de assaltar um banco todos os meses!!! Porque dificilmente ganharia quatro vezes o meu salário para pagar uma para a mãe, outro para mim, outro para ela viver... E, por último, um salário para contribuir para que os meus irmãos sem filhos (e que descontaram para os outros cobrarem a reforma enquanto eles eram contribuintes) pudessem receber também alguma coisa!!!...
Não me sinto um visionário porque era Matemática Simples... Enfim... Estamos mal porque os políticos que nos (des)governaram desde 25 de abril de 1974 até hoje (esses sim, visionários!!!) não tiveram visão nenhuma de futuro... E se a tiveram, foi como a de Francisco, Lúcia e Jacinta... seguramente!
Pode aceder aqui ao vídeo que fala sobre as pensões dentro de 10 anos, publicado na página da RTP . Mas também aqui, na reportagem da TVI... Não se iluda... Não estamos assim tão longe