Ministra da Educação Sinistra - 2
J.Ferreira
Professores penalizados pela incompetência governativa dos responsáveis políticos pela pasta da Educação.
O Governo chefiado por José Sócrates deve ter feito uma promessa de encerrar tudo, e quiçá, o país.... Encerrado para balanço: Vende-se ou Trespassa-se!"
Com efeito, primeiro “acabou com uma grande quantidade de Escolas", depois “acabou com outras tantas maternidades", a seguir "acabou com umas quantas urgências… Realmente, devem ter pensado. Acabamos com tudo e não acabamos com o trabalho infantil? E, claro, como todas as ideias que falem em acabar com alguma coisa aprazem ao chefe deste governo, ao descobrirem que os cofres do Estado ficariam mais cheios, caso os professores fossem penalizados na progressão na carreira devido ao abandono escolar (que nem o Governo nem a Sociedade Civil foi capaz de resolver), toca a pôr esta ideia peregrina na lei. Bem, pensará o Governo, se os alunos não estão na escola então andam nas ruas... ou até podem estar reféns de empresários sem escrúpulos que os empregam como mão-de-obra barata que faz aumentar o desemprego em Portugal... Há que arranjar quem faça o trabalhinho de os ir buscar para a escola por nós! Daí que, com esta ideia genial, a Sra Ministra se tenha transformado numa excelente profissional da caça. De facto, mata dois coelhos de uma só cajadada: diminui o trabalho infantil e diminui o abandono escolar... Que genial, não acham? Quase me atreveria a dizer "Fenomenal!".
Todos se devem recordar, muito bem, que a sociedade portuguesa há muito tem uma bandeira: o combate ao Trabalho Infantil. São muitas as denúncias feitas pelos organismos internacionais e por diversas associações portuguesas de luta contra o trabalho infantil. Esta realidade apenas vem constatar um facto: o fracasso das medidas governamentais no que respeita a mais uma das vertentes de que deveriam assumir a responsabilidade.
Ainda em 26 de Fevereiro de 2007 o jornal "O Público" noticiava uma dura realidade: "Mil casos de trabalho infantil denunciados em Portugal" . Não há dúvida que existe um claro fracasso das medidas governamentais para combater este flagelo social. Por seu turno, se muitos dos que abandonam a escola acabam por ser vítimas de trabalho infantil, não é menos verdade que muitos dos que abandonam a escola não é para ir trabalhar, tal como salienta Joaquina Cadete, directora do Programa para Prevenção e Eliminação da Exploração do Trabalho Infantil (PETI) no referido artigo: "muitos dos que abandonam não estão a fazer nada e o ócio é um bom caminho para a asneira".
Por seu lado, a CNASTI - Confederação Nacional de Acção Sobre Trabalho Infantil manifestou-se, em Braga, preocupada com o aumento da taxa de abandono escolar em Portugal, que entre 2005 e 2006, passou de 38,6 % para 40 %. Imagina-se que, se a prática do desmentido governamental sobre os números for igual à que se pratica quanto aos números de adesão à greve, ouviremos certamente um discurso das mentiras (inverdades se quiséssemos usar a linguagem do politicamente correcto!!!, a que os governantes nos foram habituando), os 40% serem reduzidos a cerca de ... deixa ver... aí uns 3,2 %, o que será um sucesso para o Governo, pois considerará que está no bom caminho uma vez que se situa abaixo (deixa lá ver que número me dá jeito... já sei!) abaixo do valor da inflação.
Pois bem... A sociedade falhou. Os políticos falharam. A polícia falhou... Quem foi responsabilizado? Ninguém. O flagelo continua... Novos episódios se esperam.
Perante o fracasso de todos, adivinha-se a pergunta do Governo: Que Fazer...? Encontrar solução para o problema, tornou-se um objectivo a perseguir. Mas como?
Ao governo cabia agora uma função: "sacudir a água do capote" e "apresentar à sociedade os culpados pelo trabalho infantil". Este era um imperativo governamental cuja sentença, não temos a mínima dúvida, havia que ser pronunciada bem mais depressa do que os resultados do caso do Apito Dourado... (A propósito: ainda se fala dele...?).
Pois bem... Prender os pais que colocam os filhos no mercado de trabalho não seria uma solução economicamente viável: causaria mais despesas ao Estado (com alimentação e alojamento em cadeias repletas); Penalizar as empresas... Também não! Aliás, seria dar um tiro no pé ... Ou não são elas que lhes garantem emprego quando, por perderem as eleições ou as subvenções vitalícias que recebem por se reformarem como políticos se tornarem miseráveis (?!...).
Ora: os políticos não resolveram o problema. A polícia tão-pouco... E a inspecção do trabalho, também não!… Os empresários estão pouco interessados na temática...
Ministra da Educação decidiu eleger os professores como um alvo a abater...
Num contexto em que este Governo necessita de explicar o fracasso das suas medidas, surge a necessidade de encontrar alguém que pudesse ser apontado como “bode expiatório”.
Com os governantes desiludidos com o insucesso das medidas de combate ao Trabalho Infantil ensaiadas, e frustrados por não terem encontrado soluções capazes de acabar com este flagelo social, quando estavam já totalmente desmotivados, eis que surge uma ideia luminosa (imaginem de quem? Claro... adivinharam!) da cabecinha da Senhora Ministra da Educação!... Para os que ficaram surpreendidos, pergunta-se... Então, de quem mais poderia ter sido?
Esta ideia brilhante, para não dizer fenomenal, foi a estratégia mais expedita que esta Ministra da Educação encontrou para lançar mais uma acha para as labaredas na fogueira que tinha ateado com o objectivo de queimar socialmente os professores.
É o descalabro total... Como diria o meu avô: "cada cavadela... cada minhoca".
Mas dêem-se por contentes, dirá o Zé da Esquina. Poderia dar-lhe p'ra pior!
E tem razão... Os professores que não falem muito pois, "se erguem bolinha" correm o risco de ser culpabilizados pelo desemprego dos funcionários da Bombardier da Amadora, ou então pela falta de Petróleo ao largo de Peniche etc, ou até pelo previsto "encerramento da fábrica da General Motors da Azambuja" noticiado por António Mendonça, em 1 de Março de 2007, ou pelo encerramento de fábricas como a noticiada por Leonor Matias: "A Alcoa Fujikura fechou ontem a fábrica do Seixal, deixando 400 trabalhadores, na maioria mulheres, sem emprego" .
Será que fecham por falta de competência dos funcionários ou por falta de mão-de-obra competitiva? Será que pretendiam fazer como noutros países (que a Europa bem conhece mas que, incompreensivelmente, lhes abre a porta aos produtos numa concorrência tão injusta quanto desumana e desleal?).
Pois... sabendo que os professores são os culpados dos alunos estarem na escola e de diminuir o trabalho infantil, os professores são um entrave à economia... Ainda assim, são responsabilizados por este Governo por haver pais que aceitam que os seus filhos abandonem a escola....
Enfim... Sem pés nem cabeça, a medida da Ministra de responsabilizar os professores pelo abandono escolar pode levar a uma corrida ao pedido de licenciamento de uso e porte de arma (à semelhança dos polícias) para que possam entrar pelas portas das fábricas adentro e exigir que libertem as crianças que estiverem a ser escravizadas... Porém, com o tempo todo ocupado na escola, com aulas e mais aulas, com preparação de aulas e reuniões e mais reuniões, sinceramente, não estou a ver lá muito bem em que parte do dia o poderão fazer... Mas enfim... Há que combater o abandono escolar... Estou mesmo ver o filma "À Saída da Fábrica" em que uma criança sai para ir para a escola e um professor sai para ir para a Cadeia...!
Este governo do Senhor Engenheiro José Sócrates que se vá preparando que parece que está tudo a ficar meio louco e corre o risco de fechar escolas, andar tão preocupado com as finanças do país e ter de abrir cadeias (leia-se, comprar mais pulseiras, pois parece que a moda pegar...)
Enfim. Para este Governo, o importante é avaliar. Tudo e todos. Por tudo e por nada. Se os critérios são justos ou injustos, isso não é importante. Aliás até pode dar um certo jeito para que se instale o caciquismo… Ou então decidiram avaliar os professores em função do abandono escolar para que vão trabalhar de borla como inspectores a ver se conseguem descobrir para onde vão trabalhar estas criancinhas que deveriam estar na escola. Sim... Claro... Por que não? No fim da missa de domingo poderão, quase garantidamente, encontrar uns tantos jovens a ajudar o sacerdote...
Há pois que penalizar os professores por estes jovens abandonarem a escola... Pois... Se abandonam a escola, deve ser por uma de duas razões: ou as crianças têm medo de ir para a Escola porque os professores são uns monstrinhos ou os professores são uma cambada de incompetentes, porque não conseguem motivar as crianças para o maravilhoso espectáculo oferecido pelos governantes em quase todas as escolas do país em que os alunos fazem diariamente ginástica acrobática em todas as aulas para conseguirem ler as mensagens do professor, num "filme real" que seguramente, garantiria tantos ou mais episódios que a "Floribela" e, como tal, não deixaria de ser um sucesso de bilheteira. E, para que nada falhe, aqui fica o anúncio publicitário (a passar em horário nobre nos canais de televisão):
O Governo Português apresenta:
"O Reflexo do Giz Branco sobre o Quadro Negro". Em exibição (há décadas!) numa qualquer Sala de Aula, perto de si!
Mais uma iniciativa do Governo e do seu sensacional Programa "Novas oportunidades". Um filme triste e desolador... A não perder!
Parece-lhe um absurdo? Claro... Não se percebe é como é que nem mesmo com os deputados do partido do governo a tentarem fazer-lhes ver... nada! Ou será que a Senhora Ministra sofre de "cegueira auditiva"?
É que, tal como diz o povo, "mais cego que o cego é aquele que não quer ver"…
De facto, penalizar os professores na sua carreira porque têm alunos que não querem aprender e estão na escola porque se sentem obrigados (seja porque os pais os obrigam, seja porque a lei não lhes permite ir trabalhar) não é um absurdo, é uma aberração.
Uma Política Agressiva Que Leva ao Incremento da Agressividade nas Escolas
Não admira, pois, que a agressividade esteja a ser incrementada de dia para dia. E não só dos alunos! Quantas vezes também dos pais que, perante tamanho desrespeito que vêem numa Ministra (que não se cansou de atacar a dignidade e o profissionalismo dos docentes) não se coíbem, agora, também eles de faltar ao respeito aos professores.
De facto, temos uma Ministra que não se poupou a esforços para levar à estreia nos canais portugueses uma autêntica longa-metragem a que poderíamos chamar “Insucesso Escolar – Ficção ou Realidade”. Neste filme de ficção cujo argumento e roteiro parece ter sido alimentado pelas intervenções (des)educativas da Senhora Ministra, tinha como objectivo colocar os professores como “os maus da fita” nos problemas de educação da sociedade portuguesa. Com os dados falaciosos, de veracidade dúbia, negados por sindicatos, e contraditórios fornecidos pelos próprios organismos do ME, conseguiu a senhora Ministra colocar toda uma população contra os professores. Ingratamente, pois que, não nos esqueçamos, foram os mesmos professores (que a Senhora Ministra tanto critica!) que formaram os políticos que nos governam. E, se os professores são incompetentes e formam mal os cidadãos, então também estaríamos a ser governados por políticos incompetentes e mal formados, pois todos os políticos foram formados nas nossas escolas e, como dizia o meu avô, "ninguém pode dar o que não tem!".
A (ir)responsabilidade da Senhora Ministra é tanto maior quanto em Portugal uma parte significativa da população, é marcada pelos níveis de iliteracia que recentemente foram conhecidos. E, para muitos destes, infelizmente, “Palavra de Ministra” é “Palavra de Verdade”. Desenganem-se.
De facto, assistimos a uma novela bélica, cujo enredo foi alimentado essencialmente pelas intervenções injustas da Senhora Ministra da Educação e pelos dados que foi fornecendo à comunicação social, e a que o Canal Público de Televisão (ao serviço de quem e de quê?) deu eco. Servindo os propósitos da Ministra, apresentaram os professores como a fonte do mal que vai na Educação e colocaram-nos a desempenhar o papel de “vírus causadores do insucesso escolar” num filme de ficção em que a Senhora Ministra, como actriz principal, tinha o papel de "exterminadora implacável".
No entanto, e deliberadamente, ocultou aos portugueses que o guião, bem como as técnicas e as estratégias que os actores deveriam desempenhar, tinham sido sempre da autoria e responsabilidade dos seus pares, isto é, dos sucessivos Ministros da Educação. E, se o guião de alguns episódios foi muito bem escrito por alguns dos ministros, levando certos episódios (anos lectivos) a serem um autêntico “sucesso de bilheteira”, o guião doutros episódios (como os dirigidos pela actual ministra) ficaram para a história como sendo um autêntico desastre, pedagógico e financeiro (apenas serviu para promover uns quantos e esbanjar dinheiro público!) e até mesmo científico e cultural (veja-se o que se passou recentemente com a Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS).
Pouco contente com o que já tinha feito ao destruir a carreira docente, a Senhora ministra colocou os professores no papel de profissionais faltosos e sem brio profissional e, sem olhar a meios para atingir fins (comparando-os com os médicos, utilizando silogismos e falseando desta forma os dados para atingir o objectivo pretendido), tudo fez para desclassificar, desprestigiar a função docente e colocar este grupo profissional no grau zero da escala do reconhecimento social…! Não admira, pois, que seja cada vez maior o número de professores a sofrerem de “burnout” e que seja também cada vez maior o número de professores a desejarem abandonar a carreira docente (colegas há que já preferiram ingressar na carreira de polícia…).
Todavia, os professores, por essência da sua função, são pessoas que acreditam no futuro. E aguardam uma prova de inteligência da parte da Ministra pois acreditam que um dia se dará conta de que ao colocar os professores neste estranho estado de anomia (que a deveria deixar perplexa!), está a destruir os pilares do edifício monumental que é a Educação. O estado de anomia dos docentes apenas pode ser interpretado como um estado de hibernação, de anestesia total, de apatia e indiferença face aos golpes injustos e inesperados que sofreram num tão curto espaço de tempo.
Por isso, o grupo dos docentes é hoje um grupo profissional em “standby”… um grupo profissional hibernado, “à espera” que este governo tenha uma vida curta. E que venha outro. Outro que seja realmente constituído por pessoas de uma idoneidade intocável no discurso e na prática. Outro, que tenha capacidade de diálogo, que não se considere o único que está certo. Um governo que procure cativar o empenho e o entusiasmo dos professores, que apazigúe as escolas (hoje num autêntico clima de tensão e à beira de um ataque de nervos, tamanha é a tensão latente criada pelo modelo de Autonomia e Gestão…). Um governo que sinta, como outrora o sentiram outros, que abrir uma Escola é contribuir para fechar uma Prisão… Que prefira reclassificar polícias como professores (zelando pela convivência escolar e pela educação rodoviária, por exemplo) em vez de despedir professores e vê-los “reclassificados” como polícias, guardas prisionais (ou outra qualquer mas também não menos digna função),… Investir numa Educação de Qualidade é apostar no entusiasmo e investimento daqueles que vivem o dia-a-dia na Escola: alunos, pais, funcionários e professores.
Estamos convictos que não basta ter vontade de fazer reformas. É necessário saber se elas se justificam, fazem falta, são fundamentais, são desejáveis e desejadas... É necessário que os políticos e a sociedade reflictam muito bem sobre a forma como se empreendem as Reformas da Educação em Portugal. É que, se um Governo reforma para dizer que reformou... mais vale que se aposente e diga que se aposentou.
Uma sociedade que se pretende de sucesso no futuro, tem de apostar na educação e não na repressão, na certeza de que, “uma Sociedade que despreza a Educação é uma Sociedade Sem Futuro”.