Participação dos Pais na Avaliação dos Professores
J.Ferreira
Crónicas do Desencanto - Entre o Pântano e o Deserto
Qualquer cidadão, ainda que pouco atento aos problemas da educação, concordará que a Educação segue por caminhos sinuosos, um tanto obscuros e desconhecidos, em forma de zigue-zage, sem se saber muito bem qual o destino ou se há, de facto, algum objectivo educativo real digno desse nome. Andamos à deriva, em busca de um caminho, trilhando percursos aleatórios, com medidas avulso, inesperadas, sem um programa de facto compreensível para os professores e para os portugueses. Sabemos que temos alguém a chefiar o Ministério mas, cada vez que muda o chefe, sabemos que mudam todas as estratégias, muda o rumo.
Não há, pois, memória de um Governo que tenha contribuído tanto e de forma tão drástica para:
– aumentar o descrédito da população relativamente ao profissionalismo dos docentes;
– destruir a carreira construída ao longo de mais de 30 anos de luta;
– criar e desenvolver numa classe o desencanto profissional
– transformar a Educação em Portugal num autêntico pântano;
Os professores são dos poucos grupos profissionais mais interessados na melhoria do processo de aprendizagem dos alunos e da cultura e competência dos cidadaos. Por isso, sempre se prontificaram para levar a cabo reformas que os (ir)responsáveis pelas políticas governativas decidiram empreender ao longo das últimas duas décadas.
Porém, como os resultados das políticas se distanciam cada vez mais do do desejado, há que descobrir e apontar um bode expiatório para o fracasso das políticas governativas. Assim se compreende que, de há uns anos a esta parte, os professores tenham passado a ser o alvo preferido de sucessivos e inqualificáveis ataques por parte dos dois últimos governos. Ataques que ferem não se limitam a ferir apenas o profissionalismo dos docentes mas que chegam a atentar contra os seus legítimos direitos e mesmo contra a sua dignidade pessoal e profissional.
Com efeito, os governantes não se têm cansado de lavar as mãos da maior responsabilidade que é evidentemente sua e dos seus anteriores, tentando passar para a opinião pública a ideia de que os professores são os responsaveis pelo estado a que chegou a educação e, por isso, devem ser avaliados e responsabilizados pelos erros de politica, criando-se para tal critérios que classificamos como inacreditáveis em democracia. E, nao desistem da ideia de julgar a competência dos professores "na praça pública" usando para tal criterios como por exemplo (imagine-se!...) os resultados escolares dos alunos e as taxas de abandono escolar...
Insatisfeitos com esta injustiça, o Governo Chefiado pelo Senhor Engenheiro (?!) José Sócrates tratou os pais como ingenuos, presenteando-os com o (pseudo) poder de avaliarem os professores, tal como se oferece "um rebuçado" a uma criança, pensadno que com isto os faria esquecer as dificuldades que lhes tem criado na vida com o encerramento das escolas, o pagamento de portagens, o encerramento de maternidades, e, acima de tudo, distraí-los dos problemas que atravessa o país.
Para esquecer as desgraçadas consequências das medidas governativas, o Governo tentou "vender" aos portugueses um pouco de poder que, de facto, não corresponde a poder nenhum. Assim nasceu a brilhante ideia da Ministra da Educação segundo a qual "todo e qualquer cidadão pode avaliar os professores. Não se sabe onde vão buscar a competência!... Claro: Ao acto que lhe permitiu a paternidade!... Lógica da Ministra: Se um indivíduo é competente para fazer filhos, também é competente para avaliar os professores! Pois bem... Grande Lógica, Senhora Ministra... Mas, cuidado! Temos a certeza de que, não deve haver lugar algum neste Planeta, onde não haja quem classificasse essa lógica como a "Lógica da Batata"!
Sabendo que excepções existem pois há muitos pais preocupados com os trabalhos de aprendizagem desenvolvidos na escola pelos seus filhos, muitos dos pais jamais faltariam a um "jogo de futebol", a um "capítulo da Novela" ou a uma "reality show" tipo "Quinta das Celebridades" para participar numa reunião na Escola... os professores recusam-se a serem avaliados por pais que nunca verificam os trabalhos de casa dos seus filhos, que nunca verificam se o filho têm o material escolar na pasta, o livro necessário para trabalhar, antes de saírem para a escola e que ficam indignados por haver falta de solidariedade dos colegas mais interessados que se recusam a emprestar-lhes sistematicamente o material, etc... etc...
Pais que nem educam os seus filhos no "saber ser" e no "saber estar" não têm o mínimo de credibilidade para se apresentarem como avaliadores, nem muito menos de serem apresentados pela Senhora Ministra como competentes para tal...
Quem vai avaliar os pais na sua função de acompanhamento da aprendizagem dos filhos?
Que se vai exigir aos pais e como vão ser penalizados sempre que o filho se apresentar na escola sem material necessário ao bom e normal desenvolvimento das actividades sem a constante perturbação causada pela sistemática falta de material?
Porém, não contentes com este absurdo, os governantes elegeram os professores como um alvo a abater, e parecem imparáveis nas suas intenções: destruir o sistema educativo, impedir a educação de qualidade que merecem os cidadãos, criar um Portugal de analfabetos (e criticam Salazar...) e, obviamente, culpar os professores por tudo isto... Ora, creio que nem Salazar se atreveria a desenvolver uma ideia tão... sui generis, para não dizer mesmo absurda!
Esta atitude do Governo, não passa de um acto demagógico assente na expectativa de colher o apoio dos pais contra os professores, expressão de um certo "Estado de Desespero" resultante da consciência que os governantes têm, de serem eles os responsáveis máximos do estado de coisas a que se chegou, pela sua manifesta incapacidade de desenvolver políticas educativas capazes de mobilizar o país para fora do pântano em que eles mesmos colocaram a Educação...
Assim, esta é mais uma tentativa de encontrar um bode expiatório para a sua auto-desresponsabilização perante os portugueses face às mudanças que impuseram no sistema educativo e na forma de agir dos profissionais de educação, sem quaisquer certezas de que as suas iniciativas legislativas seriam bem sucedidas e de que as mesmas contribuiriam para melhorar o sucesso educativo.
Os professores têm demonstrado ao longo dos anos ser um grupo profissional responsável e empenhado na busca de soluções para a melhoria da educação em Portugal, contribuindo para o desenvolvimento do país. Poucos profissionais se sujeitariam, como os professores, a exercer em locais sem quaisquer condições como as que proliferam ainda pelo país: sem as mínimas condições sanitárias exigidas por lei, sem aquecimento, sem qualquer conforto para os alunos nem para os professores, ou até mesmo de segurança. Tantos e tantos anos, isolados nas aldeias recônditas deste país, quantas vezes a dezenas de quilómetros para o meio da serra sem terem tão pouco um telefone para chamar uma ambulância, em caso de emergência!. E continuam a trabalhar dando o seu melhor, na expectativa de ajudar a construir um Portugal mais desenvolvido, mais próspero e mais solidário.
Por isso chegou a hora de dizer Basta!
Os professores não podem aceitar que se continue num processo de desgaste da imagem construída com muita dedicação, quantas vezes com sacrifício próprio e da família, e acima de tudo, com muito esforço e profissionalismo!
Incompreensivelmente, não faltam por aí uns quantos senhores, que se auto-consideram de uma intocável sabedoria, não se coíbem de tomar as decisões que interferem na autonomia pedagógica que deveria pertencer ao profissional.
Na verdade, por exemplo, o manual escolar que um professor utiliza nas escolas é, na maioria das vezes, escolhido por outros docentes…Um professor quando chega à escola, recebe uma turma e tem um manual como ferramenta de trabalho que foi adoptado por outros professores, por vezes há dois ou mais anos! E quantas vezes cheio de falhas científicas…
Por outro lado, os professores nunca (ou quase nunca) são consultados quanto às reformas que seria necessário implementar ou ao investimento em termos de recursos que as escolas necessitam. E se o são, não passam de meras consultas para delas "fazer tábua rasa"… Não é assim que o governo trata os parceiros sociais? Ouve-os, de acordo com a lei, coloca isso no preâmbulo dos normativos mas, de facto, não passa de isso mesmo. É que o governo não é obrigado a seguir, nem uma única vírgula, do que é proposto e sugerido pelos profissionais como metodologia a implementar para o sucesso escolar… Depois, os governantes ainda "têm lata" de culpar os professores que tanto se cansaram de alertar para a desgraça da via escolhida pelo governo… Mas eles é que foram eleitos… e o povo tem apenas o que merece!…. Não é verdade que foram os governantes que determinaram que uma criança que apenas conhece duas letras do alfabeto deve continuar no mesmo grupo-turma que os restantes que já lêem e escrevem bem? Pobre criança…
Se percebessem a sabedoria das palavras do Presidente da Câmara de Ponte de Lima quando afirmou prefiro pertencer à primeira e maior Vila de Portugal que ser da última e mais pequena cidade do país, depressa perceberiam o quanto será frustrador para o ego da criança continuar no meio das suas companheiras da mesma idade. É que entraram todas ao mesmo tempo na escola mas realizam trabalhos de dificuldade muito diferente, mais avançados, e são bem sucedidas…
Fazê-la integrar outra turma será uma frustração para a criança? E ficar a recalcar a frustração de não ser capaz de acompanhar os meninos bem sucedidos, com quem ingressou na escola? Não é frustrador? Ou será necessário ficar com os restantes para que se mentalize e consciencialize de que ela é realmente um fracasso…? Ou será que alguém acredita num milagre do tipo, a criança que nada aprendeu num ano vai conseguir "apanhar" os restantes…? Só se esses ficassem parados… Nada mais aprendessem… Pois, ao ritmo que levam, naturalmente, o que ficou irremediavelmente para trás, nunca mais chegará a acompanhar os que vão à frente… Não é assim em tudo? E também no futebol? Quem acredita que, a meio do campeonato a equipa que não ganhou nem um único jogo, que apenas empatou um ou outro, possa chegar ao final e vencer o campeonato? Só por milagre…
Na maioria dos casos, os professores "não são tidos nem achados" nas decisões que levam à escolha da forma como se investe na educação... Quantas vezes os responsáveis pela administração das verbas púbicas não enviam material didáctico para as escolas sem consultar as necessidades junto dos profissionais... Por isso, a maioria das escolas limitam-se a receber livros (e outros) que mais parecem ter sido adquiridos "a metro" ou "ao quilo", imitando a velha publicidade televisiva em que uma empresa vendia mobílias ao quilo: "Ao Quilo é Uma Maravilha!"
Noutras escolas, os professores vêem chegar computadores e máquinas sem que haja a necessária segurança e, mais dia, menos dia, confrontando-se com a triste "sina" de ver a escola assaltada e os ditos computadores desaparecerem...
Depois querem sucesso! E se o não obtêm… a culpa é dos professores! Claro… lá diz o povo: não pode morrer solteira…! A verdade é que ninguém parece estar interessado em casar com ela (muito menos os políticos que têm acesso aos media para a "sacudir do capote") e por isso, há que encontrar um bode… expiatório, claro: o único que será obrigado a "levar com ela" toda a vida.
Os professores, na sua generalidade profissionais com brio e empenho, são constantemente culpabilizados pelo insucesso escolar dos jovens quando deles não depende nem a decisão sobre os recursos a afectar à educação, nem mesmo o destino a dar aos parcos recursos que são investidos pelo governo.
Os professores portugueses não são em nada menos profissionais que os seus homólogos estrangeiros e, ao contrário do que é normalmente dito, exercem muitas mais horas lectivas nas escolas que os seus homólogos franceses ou espanhóis...
A questão é de saber, porque conseguem bons resultados em França e em Portugal não? Onde estará o problema?
Bem... resposta não parece ser fácil... Mas, já pensaram quantos Governos teve a França nos últimos 30 anos? E a Espanha?... Não sabem...? Investiguem! Depois, comparem com Portugal... Talvez encontrem onde está a diferença!
A verdade é que os professores em Portugal se limitam a seguir as instruções emanadas dos governos, caso contrário estariam fora da lei e sujeitar-se-iam a fortes penalizações...
Excepção, e justiça seja feita, diga-se na defesa da verdade, aos professores da escola de Vila das Aves que, com coragem e determinação mas também muito risco (ou costas largas... pois não se percebe como puderam seguir ensinando violando as leis da República...!). Mas seguiram os seus ideais, quantas vezes contra a lei e sujeitos a "perseguições"... Agora, findos longos anos de irreverência perante a administração educativa, "passaram de bestas a bestiais" ao verem o seu trabalho ser reconhecido como muitos gostariam de ver, simplesmente lhes falta a perseverança e coragem de arriscar avançar contra os normativos, enfim, contra o Sistema.
E é aqui que reside a diferença. Todos os professores são capazes de executar um bom trabalho. Mas não podem ir além do que lhes é imposto pelos normativos. Com a sua função balizada, enquadrada, entalada por todos os lados com normativos que determinam linha a linha o que podem ou não podem fazer, desde quando e até onde podem ir, sujeitos a inspecções e a exigências de que seja cumprida a legalidade normativa, a maioria dos professores limita-se a ser tão bom profissional quanto a lei o permite. Inovador... Só se for fora da lei. A lei determina tudo. O professo limita-se actualmente a cumprir normativos: leis, despachos, regulamentos, circulares,... um sem número de diplomas que tem de ler e conhecer para poder desempenhar a sua função sem que seja objecto de um processo disciplinar. Neste clima de medo de infringir a lei e os regulamentos, os professores desgastam as suas energias para estar a par da legalidade, pois o seu desconhecimento não os livra de um processo disciplinar.
Por isso, se não há muitos professores como os de Vila das Aves, é pelo mesmo motivo que não há muitos heróis ao longo da nossa História... como esses heróis.
O estado da Educação em Portugal é pura e simplesmente o resultado das políticas educativas levadas a cabo pelos diferentes responsáveis pela pasta da educação. De facto, vem uma equipa ministerial e dá ordens para que se caminhe numa direcção e, em pouco tempo, por vezes menos de um mês, surgem ordens contraditórias que ordenam aos professores que devem seguir noutro sentido.
Esta situação tem que acabar. Os governantes não podem continuar a "lavar as mãos", das suas responsabilidades lançando constantemente a suspeita sobre a competência daqueles que, dia a dia e muitas vezes sem quaisquer meios, são confrontados com os problemas da mais variada ordem. E desculpem me a linguagem futebolística, mas, se um treinador de uma equipa de profissionais a conduz a maus resultados, deve ser responsabilizado. Pois bem. Os professores são profissionais com habilitações e competências diferentes (como em todas as actividades humanas) reconhecidas pelas mesmas universidades que formaram os senhores engenheiros, advogados, médicos, economistas, etc. que governam o nosso país.
Não se compreende como pode o governo estar constantemente a pôr em causa a educação e a formação dos professores quando o defeito está na política do Ministério que joga num terreno caracterizado pelo pântano legislativo. De facto, em linguagem futebolística, o Ministério da Educação comporta-se como aquele treinador que no fim de um jogo internacional, após ter passado todo o jogo a emanar ordens contraditórias para dentro do campo — obrigando os jogadores a fazerem de "baratas tontas", ora exigindo que ataquem todos pela esquerda, ora indicando-os que devem atacar pela direita e simultaneamente criticando-os por não estarem todos no centro do campo — ainda tem o desplante de vir para a sala de conferências de imprensa criticar os jogadores pelo mau resultado obtido, não assumindo quaisquer erros na estratégia de jogo que implementara no campo.
Numa empresa privada, não é aceitável que aqueles que tomam as decisões (que determinam a estratégia e que decidem o que se deve e o que se não deve produzir, que matéria-prima se deve ou não utilizar, em que horário devem os operários laborar) se desculpem culpabilizando os funcionários que apenas se limitaram a executar o que lhes foi solicitado. Muito menos se pode exigir que o resultado seja "resmas de folhas de papel branco" quando a ordem foi para produzir "cartão".
O que falta aos nossos governantes é verticalidade para assumirem os erros das suas estratégias. Nisto se distinguem, de facto, dos gestores das empresas privadas.
Portugal precisa de privatizar a forma de gerir a educação. É de um Ministro da Educação com as qualidades de um gestor que Portugal precisa. Os professores estão cansados de serem o bode expiatório para a incompetência de quem legisla. Nenhuma empresa que ambiciona o sucesso tenta alcançá-lo desmoralizando os seus trabalhadores. Um bom treinador sabe que precisa dos seus jogadores para atingir o sucesso. Por isso preocupa-se com "o moral" da equipa. Há até clubes que têm psicólogos para acompanhar os jogadores e levantar "o moral". É com a equipa que se constroem vitórias e não contra ela.
Mas a Senhora Ministra da Educação ainda não se apercebeu desta realidade... Critica os professores de não saberem trabalhar em equipa... E que exemplo dá?... Pode saber ouvir, mas não parece saber escutar... Por isso rejeita a colaboração de todos... Até mesmo dos seus pares da Assembleia da República...
E o pior é que os políticos não se coíbem muitas vezes de faltar à verdade. Veja-se o caso da análise das faltas dos professores (que parece não poderem ter filhos, estar doentes, serem vítimas das congestionadas estradas nos longos percursos que fazem diariamente para, à sua custa, servirem os jovens portugueses)... A Ministra sabe que em Portugal os professores são dos profissionais que menos faltam ao seu trabalho. Confrontem-se as folhas de descontos para a Segurança Social e veja-se quantos dias por mês descontam os trabalhadores, multiplique-se pelo numero de horas de falta, incluindo gravidez, morte de familiares etc... etc... e publique-se as estatísticas da mesma forma que fizeram com os professores a quem um atraso de 5 minutos corresponde à comunicação de uma hora (ou cinco horas de falta) ainda que o professor esteja as restantes horas do dia a trabalhar no estabelecimento...
A estratégia utilizada pelo governo para "queimar a imagem social dos professores" tinha sido muito bem pensada e estrategicamente planeada para retirar a força aos professores junto da opinião pública. Passar a ideia de que os professores faltam muito e de que nas escolas não se trabalha foi uma estratégia pouco digna porque falsa, utilizada por uns tantos socialistas – veja-se a opinião ridícula de Miguel de Sousa Tavares pronunciada aos microfones de um dos canais de TV–, que apenas demonstra a falta de ética na sua forma de fazer baixa política, conhecida por nós como "não olham a meios para atingir fins!".
Não admira, pois, o desespero de alguns professores que, de um dia para o outro (e por lhes faltar uns míseros 30 dias de tempo de serviço), viram a sua idade de reforma adiada por mais 10 anos. O descrédito de muitos dos profissionais cansados de verem alteradas as regras dos concursos cujos resultados implicam necessariamente com o estado de equilíbrio emocional e sócio-familiar, o desencanto de todo um grupo profissional que vê o seu já efémero prestígio fortemente atingido por um governo que não se cansa de fazer rebaixar os professores. Sim, tantos e tantos que por esse Portugal fora, em escolas sem quaisquer condições de trabalho, deram tudo de si para o desenvolvimento do país...
Tantos e tantos professores que passaram a vida a gastar o que ganhavam para exercer as suas funções com qualidade, se deslocavam dezenas (e por vezes centenas) de quilómetros, para levarem o conhecimento, a cultura, a esperança aos jovens do país.
Que governantes mais ingratos... Tanto se esforçaram os professores para levar a bom porto os diferentes e contraditórios rumos estipulados pelos diferentes governos... E agora, não olham a meios para salvar a pele da incompetência... De nada valeu aos professores terem servido com profissionalismo e empenho a causa educativa, cumprindo sempre as directivas governamentais independentemente de em muitas ocasiões discordarem da sua implementação.
Na hora da verdade... os professores são sempre os culpados dos males… Os políticos apenas estão dispostos a receber os aplausos e condecorações de mérito…
Mas… Até têm razão. Não foram os professores portugueses que, por essas escolas do país formado os governantes actuais? Bem… Querem uma melhor razão para serem eles os culpados das desgraças do país…? Os professores são, de facto e em última análise, os culpados de termos o Governo que temos.
Hoje, numa sociedade sem valores, já nada espanta os professores! Basta analisarmos as palavras de uma mãe que, interrogada sobre os resultados do filhinho, afirmava quando eles eram excelentes:
"Ah! O meu filho é tão inteligente!"
Mas quando mais tarde alguém a interrogou de novo e os resultados já não eram tão bons, já não teve qualquer pejo em dizer:
"Oh! Claro… como há-de aprender se o professor é um grande BU_ _ _ ?"
O quê...? Faltam letras?!.... Não sabem o que diz o Zé-Povinho?
"Para bom entendedor, meia palavra basta !"