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Até que o Teclado se Rompa!

"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons." (Martin Luther King)

Até que o Teclado se Rompa!

"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons." (Martin Luther King)

J.Ferreira

Prova de Ingresso na Carreira Docente versus O descrédito do Ensino Superior

 

O Absurdo da Licenciatura de José Sócrates.

Que terá aprendido José Sócrates com a sua licenciatura em Engenharia?

 

José Sócrates pode ter aprendido muito na Universidade Independente... Ou então, pode ter aprendido muito pouco! Mas uma coisa aprendeu: um aluno que passa mais de 13 anos sem estudar e que volta à universidade, mesmo com outras ocupações que absorvem (ou deveriam absorver!) a maior parte do seu tempo disponível pode conseguir muito melhores resultados académicos que esse mesmo aluno quando apenas se dedicava ao estudo.

 

Esta é a conclusão inevitável que poderemos retirar das classificações obtidas por José Sócrates nas últimas disciplinas que lhe permitiram a obtenção de uma “licenciatura em engenharia”.

 

Mas tudo poderia até ser considerado normal se o cidadão José Sócrates, para além de ter “retornado” como estudante, não fosse à data também um político influente na sociedade e alguns dos seus professores não fossem do grupo alargado de amigos, isto é, da família socialista.

E tudo poderia parecer ainda mais normal se o homem continuasse a acreditar nas instituições que o formaram. Mas não. De facto, mandou encerrar a universidade que o formou. Por que motivos? As notícias sobre este tema falam por si.

 

Mas o pior de tudo é que José Sócrates poderia ter dado uma prova de que acredita nas instituições e, se não acredita em mais alguma que a mande também encerrar. Mas não!

Como abaixo demonstraremos, José Sócrates parece ter deixado de acreditar nas instituições de ensino superior.

Perguntam: Por que terá sido?

Ora, ora... Cada leitor que faça o seu juízo de valor. Nós apenas dizemos: José Sócrates lá saberá por que motivo duvida da classificação atribuídas pelos professores universitários aos seus alunos!

 

Vamos lá então tentar perceber por que motivo dizemos que José Sócrates deixou de acreditar nas instituições que formam professores. Mas só das que formam professores. Nenhum outro concurso a nenhum outro cargo (muito menos de nomeação!) é submetido a uma prova de conhecimentos para certificar o que já vem certificado no diploma. Nem mesmo o de engenharia! Ou seja, instalou-se o descrédito nas instituições de ensino superior, especificamente (ou exclusivamente!) que formam professores.

 

José Sócrates dá sinais disso mesmo ao instituir que, um professor (devidamente certificado e profissionalizado por uma  Universidade Pública, aprovado com média de 10, 11, 12 ou 13 ou mais valores) se teria de submeter a uma Prova de Conhecimentos na qual, para poder ingressar na carreira docente,  teria de conseguir uma classificação mínima de 14 valores!

 

Esta prova (absurda!) é a prova mais do que evidente de que José Sócrates desconfia das classificações atribuídas pelos vários professores universitários (mais de 10, mais de 15... contrariamente a José Sócrates que teve o mesmo professor a várias disciplinas determinadas como necessárias para que ao “engenheiro técnico” lhe fosse reconhecido o grau de “licenciado em engenharia”!) que numa instituição pública  universitária avaliam os candidatos a professores ao largo de 4 anos e em mais de 20 disciplinas? De onde provém esta desconfiança?

 

 

A exigência de uma Prova de Ingresso na Carreira Docente é um absurdo.

Estamos já integrados na carreira. Por isso, não estamos em defesa de causa própria mas antes em defesa do prestígio das instituições, do nível mais generalista (ensino básico) ao mais especializado (ensino superior). Desde o início que lutamos contra os princípios que suportam esta iniciativa por diversos motivos que provam o quanto absurdo é esta medida legislativa socialistas:

 

Primeiro absurdo:

Os cidadãos formados pelas universidades tendo como grau a “licenciatura em ensino” (logo, com o mesmo grau que o Primeiro Ministro José Sócrates, licenciado em engenharia) o qual, ao contrário da Universidade Independente onde o nosso Primeiro-Ministro se formou, foi atribuído por universidades públicas cuja credibilidade nunca foi colocada em causa (lembrem-se que José Sócrates mandou encerrar a universidade em que se formou por haver irregularidades!) e que no correspondente diploma final tenham obtido uma média inferior a 14 valores (podem aprovar na licenciatura desde que obtenham uma média final de igual ou superior a 10 valores!) teriam de conseguir uma nota mínima de 14 valores numa prova de conhecimentos organizada pelo Ministério da Educação para poderem ingressar na carreira docente.

 

Segundo absurdo:

Os docentes que não obtivessem a classificação mínima exigida pelo Estado (que permite o funcionamento das licenciaturas nas suas universidades aprovando os alunos desde que obtenham uma média igual ou superior a 10 valores!) não poderiam ingressar na carreira docente porque o Estado considera que não têm o mínimo de garantia de qualidade. No entanto, o mesmo estado permitir-se-ia contratar estes cidadãos para exercerem essas mesmas funções para as quais havia determinado que não tinham atingido a qualificação mínima só porque estariam na situação de contratados ad eternum como mão-de-obra barata!

 

Terceiro Absurdo:

José Sócrates e a sua equipa do Ministério da Educação colocaram em causa os certificados passados no ensino superior. Até podem ter as suas motivações. Mas desacreditarem as instituições de ensino superior é colocar em causa os alicerces do sistema de ensino. Se não cremos no que as estatísticas demonstram (quanto maior é o número de professores a avaliar um mesmo aluno menor será a divergência entre a classificação obtida por uma aluno e aquela que realmente merece. Por isso, se um aluno (como aconteceu com José Sócrates) fosse avaliado por um mesmo professor a diversas disciplinas, haveria maior motivo de preocupação quanto à correspondência entre a classificação obtida e o seu real valor. Porém, José Sócrates lá sabe por que motivos quer agora que um candidato a ingressar na carreira seja submetido à avaliação por intermédio de uma prova (que não prova nada senão o que naquele momento foi capaz, sabe-se lá em que circunstâncias, com que problemas, com que limitações da mais diversa ordem!) que será corrigida por apenas um professor (ou engenheiro, ou cacique, ou...) abrindo assim as portas não só ao factor “sorte” como, e essencialmente ao “compadrio”, à “corrupção”.

 

Por último, uma questão nos inquieta. O que queremos fazer da educação em Portugal? Continuar a remar em ziguezague, sempre sem rumo sem destino, sem norte? Experimentar toda a parafernália de receitas mágicas que já foram demonstradas como ineficazes noutros sistemas de ensino? Porquê? Ah... Talvez os portugueses se julguem mais “inteligentes”, mais “capazes”, mais “eficazes” que os demais seres humanos!

 

Para onde vamos? Ninguém sabe! Um único português tem o objectivo bem traçado: José Sócrates.

 

Na certeza de que, daqui por 10 ou 20 anos, já ele estará como “refugiado de luxo”, num organismo tipo “Comissariado Europeu para os Refugiados” (tal como aconteceu com António Guterres!) e nós, professores, voltaremos a ser de novo “achincalhados”, “crucificados”, “desprestigiados”, “insultados” aos microfones da rádio ou da televisão por mais um conjunto de comentadores que se consideram as "sumidades" intelectuais da nação (tipo esse “inútil” de nome Miguel de Sousa Tavares!).

E queimados por nova vaga de políticos ávidos de popularidade que usam o achincalhar dos professores para fazer a catarse de muitos portugueses incultos, ansiosos por descarregar todas as suas frustrações derivadas do fracasso académico em cima dos professores.

E teremos uma vez mais políticos que, sem ouvir os que mais sabem (os conselhos académicos, o conselho de reitores, etc. etc.. das universidades que formam, aprovam e certificam os cidadãos como licenciados em ensino e como tal, com competência para desempenharem as funções de professores!) decidem fazer da educação mais uma das suas experiências...

 

A educação não pode andar ao sabor de governos que querem fazer experiências colocando à frente do ministério pessoas por nomeação. Chegou a hora de entregar a educação às instituições que dominam o saber. Os políticos são como que licenciados em demagogia. A entrega da educação aos políticos é o mesmo que se a justiça fosse entregue aos mesmo políticos. Se já poucos (ou nenhuns dos políticos corruptos se sentam no banco dos réus, no dia em que a justiça estiver integralmente (por que já o está!) debaixo da para dos políticos, a ditadura voltará a instalar-se.

Ora, meus caros, se duvidamos das dezenas de professores que avaliam os alunos universitários que frequentam as licenciaturas, em quem vamos crer para avaliar na hora da correcção da dita prova? Será que temos os supra-sumos a corrigir as provas? Será que os intocáveis também chegaram ao Ministério da Educação? Ou será que, tal como acontece com a avaliação de algumas provas de alunos do secundário, vamos assistir ao recurso atrás de recurso para subida de notas dos professores? Que dignidade queremos para a profissão docente? Que respeito e que legitimidade vai ter o professor perante os alunos quando, depois de certificado, tiver escorregado numa dessas ditas provas de avaliação?

 

E, que vamos dizer a um professor quando, num determinado ano, conseguir uma nota equivalente a 18 (dezoito) valores e, no ano seguinte, depois de ter voltado a estudar e de ter reforçado o seu conhecimento, ao sair-lhe o mesmo tema apenas consegue 8 (oito) valores? Julgam anedótico. Eu não o diria. Sim. Não o diria porque (investiguem...!) esta é a triste realidade que está a revoltar muitos professores em Espanha. E assistem resignados a esta triste realidade porque a democracia é assim mesmo: porque são os políticos que, por muito estúpidos que sejam (pois ter a maioria dos votos não significa ter mais competência!), decidem os caminhos da educação (e depois vêm sempre lançar as culpas nos professores quando os resultados são a desgraça que se conhece!). Espanha tem admitido na carreira docente muitos dos professores menos competentes que, por um golpe de sorte nos exames (ou outras estratégias...!) têm conseguido aquilo a que chamam “sacar plaza”. Porém, tal como diz a velha máxima “não ensina quem muito sabe, ensina quem sabe ensinar!” assiste-se a óptimos profissionais que ano após ano, dão provas da sua excelência, a continuar sem conseguir entrar...

Vá se lá saber por que motivo...”

Ou... quem sabe, talvez José Sócrates o pudesse explicar!