J.Ferreira
Para avaliar a competência desta Ministra, uma questão pertinente nos invade a mente. Será que a nossa Ministra da Educação é verdadeiramente competente ?
Antes de trentar saber a resposta, perguntemo-nos todos:
Teria a Senhora Ministra, usado os critérios "objectivos" (diz ela!) que criou, conseguido chegar a Professor Titular ?
A resposta não a conhecemos, mas, com toda a sinceridade, duvidamos! No entanto, e ndependentemente da resposta, temos como base que este concurso, fundado nos critérios que a Senhora Ministra (e seus "amigos"!) mais do que um Absurdo é uma Aberração e uma Injustiça.
Em Portugal nos últimos anos, em política educativa, não se fala em mais nada senão na necessidade de avaliar tudo e todos… A avaliação tornou-se uma obsessão…!
Apesar de, periodicamente, assistirmos a escândalos que envolvem dinheiros públicos, da mais variada natureza (sejam subvenções, acumulações, contratações…) continuamos a ter políticos e governantes que mantêm de forma estranha e incompreensível, cargos que atentam contra uma boa administração dos dinheiros públicos… Apesar destes escândalos que envolvem os impostos dos contribuintes, não surgem leis capazes de pôr termo à contínua devastação dos dinheiros dos cofres do Estado.
Em contrapartida, temos políticos e governantes a insistirem repetidamente na necessidade de se fazerem cortes nos investimentos que deveriam ser realizados na Educação para se formarem cidadãos mais competentes e capazes de contribuir para o desenvolvimento de Portugal. Antes, apontam as suas armas aos professores! Parecendo ter engolido a “cassete da avaliação”, os governantes responsáveis pelas políticas educativas, nada mais fazem senão tentar encontrar meios de desvalorizar a carreira docente e despromover socialmente os professores, para criar as condições de desvalorização da sua função, e, consequentemente, preparar o terreno social para a imposição de medidas que atentam contra os seus legítimos direitos...
Perguntamos: Quem e como são avaliados os políticos e os governantes?
Pelo povo, nas eleições… dirão imediatamente.
Que romântico… Isso é que é avaliação!... Avaliação estranha, esta, em que uns tantos políticos "postos na rua" numas eleições (considerados incompetentes pelo povo!) voltam a ocupar as cadeiras do poder nas eleições seguintes… Pois… pois… E depois, não admira que exclamem por aí indignados por, de um momento para o outro, passaram “de bestas a bestiais” e “de bestiais a bestas!”
É este o mesmo tipo de avaliação que querem agora impor aos professores. Por isso, confrontamo-nos hoje com professores que, sendo detentores de um currículo invejável (ao nível científico, pedagógico e didáctico), logo… bestiais, se vêm qualificados como não tendo um currículo que valha “um chavo, logo… bestas.
E o contrário… claro, obviamente. Por isso, este concurso, parecendo baseado na meritocracia, não passa de um concurso perverso, em que as pessoas são avaliadas com base em critérios no mínimo arbitrários que chegam a ser contraditórios, na sua essência, com o preâmbulo da lei que o regula …
O concurso para Professor Titular é, assim, fundado na mais incrível presunção de que o povo acredita que “se o diz a Ministra da Educação… logo ela tem razão.”
Pois, quanto a nós, estamos convencidos de que existe aqui um grande erro pois, cremos que “com esta Ministra … a Educação vai ser Sinistra!”
Se é verdade que vivemos num reinado de uma Ministra da Educação que se julga poderosa, como se fosse uma “rainha-sol”, não é menos verdade que os portugueses, que sempre contaram com os professores, não parecem estar muito preocupados.
É que “os ministros passam e os professores ficam”… Acreditando que muito do que destruiu neste mandato será reconstruído por alguém que a seguirá, a Ministra poderá ficar para a história… mas a sua obra, duvidamos que se perpetue na memória.
Detenhamo-nos sobre a última invenção (receita educativa?) do Governo chefiado por José Sócrates:
Criação da Categoria de "Professores Titulares".
Justifica-se a criação de uma Nova Categoria dentro da classe docente?
Afinal, o que se pretende das Escolas? Cooperação ou Conflito?
Não chega já a agressividade que as escolas importam da sociedade?
Que critérios para se decidir da competência para as funções a desempenhar?
Para encontrar suporte para esta aberração, a Ministra tenta fazer passar a ideia de que o concurso se fundamenta em dados objectivos que demonstram a competência (?!...) dos que serão seleccionados para o desempenho das funções de chefia e coordenação pedagógica.
Nada mais absurdo e subjectivo, bastando para tal afirmar que o desempenho do cargo de formador no âmbito da formação contínua (tão propagandeada nos últimos 15 anos pelos governantes como imprescindível e fundamental), funções directamente relacionadas com a qualidade pedagógica da educação ministrada nas nossas escolas, não conta nem um ponto para os formadores, apesar de terem sido, nos termos da Lei, credenciados pelo Conselho Científico-pedagógico da Formação Contínua.
Porém, veja-se como, inexplicavelmente, os Directores dos Centros de Formação, que exerciam funções muito menos fundamentais para a prática pedagógica, cargo cujas funções bem poderiam ser desempenhadas por não docentes, pois apenas lidavam com números e mais números (de docentes, cursos, escudos ou euros...), aparecem referenciados (leia-se, premiados pela Senhora Ministra!) com pontos e mais pontos... Justiça? Isto?
Mais...
Com que regras se vai determinar se este ou aquele tem perfil para dirigir, governar, coordenar... etc. etc.? Pelas faltas? Mas, então, a competência obtém-se pelo simples facto de se ter uma boa saúde... residir perto da escola (só assim será assíduo a 97%) para que não corra o risco de ter uma avaria na viatura, um furo no pneu que o faça chegar atrasado, um atraso nos transportes públicos, etc. e assim ter de comunicar faltas... ainda que sejam por desconto no período de férias. Qualquer cidadão se indignaria se fosse penalizado pela simples razão de ter gozado um dia de férias! Pois, um professor que goze um dia de férias, será francamente penalizado e pode mesmo ser impedido de aceder ao topo da carreira por ter gozado férias repartidas!...)
Se a Ministra pretendesse, de facto, valorizar a competência pedagógica, deveria dar-se maior valor ao trabalho efectivo com os alunos... Mas, não! Afinal, analisando os critérios objectivos (apenas no entender da Ministra... e de outros tantos, certamente beneficiados!...) o que mais se valoriza são os cargos em que não há trabalho directo com os alunos. A comprovar esta afirmação, veja-se:
Ter sido Presidente do Conselho Executivo, conta PONTOS todos os anos. Não contentes, ainda podem somar PONTOS pelos cargos (ainda que administrativos!...) que acumularam... Incrível?!... Veja-se o texto da Lei:
Art. 10º do Concurso a Professor titular:
5. Na experiência profissional são ponderados:
(...)
d) O desempenho de cargos de coordenação e supervisão pedagógica em estabelecimentos públicos do ensino não superior;
e) O exercício de funções nos órgãos de gestão e administração do agrupamento de escolas ou escola não agrupada, bem como de Director do Centro de Formação de Professores das Associações de Escolas;
11. Na ponderação dos factores constantes das alíneas d) e e) do n.º 5 são contabilizados
todos os cargos ou funções exercidos, ainda que em acumulação.
Afinal... com quem terá negociado a Senhora Ministra estes Critérios...?
Deixo-vos o inigma (?!). Analisem os beneficiados... e tirem a conclusão.
Verifiquem "o valor dos pontos" e "a quem são atribuídos" por cada ano de desempenho do "cargo":
7 pontos ---> Presidente da Assembleia
9 pontos ---> Presidente do Conselho Executivo
2 pontos ---> Presidente da Comissão Executiva Instaladora
9 pontos ---> Director Executivo
7 pontos ---> Vice-Presidente do Conselho Executivo
7 pontos ---> Adjunto da Direcção Executiva Instaladora
7 pontos ---> Membro da Comissão Executiva
7 pontos ---> Presidente do Conselho Pedagógico
7 pontos ---> Director de centro de formação
2 pontos ---> Representante dos docentes na Assembleia
2 pontos ---> Encarregado de direcção de escola do 1º ciclo
2 pontos ---> Director de escola do 1.º ciclo (<3>2 lugares)
4 pontos ---> Coordenador de estabelecimento
3 pontos ---> Assessor do Conselho Executivo
6 pontos ---> Coordenador do conselho de docentes
3 pontos ---> Coordenador de ano
3 pontos ---> Coordenador de ciclo
Uma única vez, sem acumulação...!
8 pontos ---> Exercício efectivo de funções lectivas (Público)
6 pontos ---> Exercício efectivo de funções lectivas (Noutros)
6 pontos ---> Exercício de funções dirigentes no Ministério
2 pontos ---> Exercício de outras funções
Note-se que os pontos são atribuídos, de acordo com a ideia genial da Senhora Ministra, por ano de desempenho do cargo, isto é, independentemente da qualidade com que foi desempenhado...
Pergunta-se:
Estará verdadeiramente a Senhora Ministra preocupada com a qualidade dos chefes que pretende nomear?
Mas que relação terá o facto de um indivíduo ter sido bafejado com "saúde" e, como tal, ter tido a possibilidade de faltar pouco nos últimos 7 anos, com competência para o exercício de cargos? E se adoecer a partir do próximo, durante um ou mais anos? Continuará competente? Já não há `problema com as faltas ou agora um professor vai passar de de incompetente a competente e de competente a incompetente (de bestial a besta e de besta a bestial) num simples esfregar de olhos?
É Incrível, Senhora Ministra... Incrível...!!!! Pois bem. Mas... continuemos.
Estará a Senhora Ministra interessada em saber da valia das pessoas?
Não...! De modo algum!... Pois bem... Estamos mais que seguros de que, se para alguma coisa vai servir este concurso, não será certamente para descobrir quem são os professores mais competentes em cada uma das áreas.
Mas para algo ele pode servir aos portugueses: ajudar a desmascarar a (in)competência da Senhora Ministra. Precisava de facto de fazer uma formação em "critérios de selecção de pessoal", para o que a aconselhamos vivamente a fazer um cursinho de Gestão de Recursos Humanos!
Mas este concurso vai servir para algo. Para financeiramente determinar quem vai ou não progredir de escalão nos próximos anos e até que esta absurda carreira seja de novo recolocada no patamar de prestígio que merece.
Veja-se só...
Quantos pontos valeram as acções de FORMAÇÃO CONTÍNUA efectuada pelos professores para além da mínima necessária à progressão nos anteriores escalões, e tão propalada como fundamental pelos políticos nos quais se inclui agora a Senhora Ministra? ZERO PONTOS!...
Claro... Como era tão importante fazer a formação contínua... Como enganaram os profesores que para a frequentarem usaram dos seus dias de falta por ocnta do período de férias... e agora se sentem duplamente enganados com a aplicação retroactiva dos critérios inventados por esta (?!) Ministra da Educação.
E, contrariamente ao que pretendeu dar a entender, havia avaliação dos docentes enquanto formandos por parte de formadores acreditados pelo conselho científico-pedagógico da formação contínua, onde têm assento uns tantos professores doutorados, tão competentes como a Senhora Ministra!
Concurso para Professores Titulares: para quê? Com que objectivos? Com que regras...? Uma pergunta se coloca: Que se pretende afinal?
Com o Concurso para Professores Titulares o “Governo pretende dotar as escolas de um corpo de docentes altamente qualificado, com mais experiência, formação e autoridade. Segundo o ME, caberá a este corpo de docentes assegurar em permanência as funções de organização das escolas, para a promoção do sucesso educativo, a prevenção do abandono escolar e a melhoria da qualidade das aprendizagens.” Cf (Joana Santos, www.educare.pt, 29 de Março de 2007 )
Mais um insucesso do Governo. Temos quase a certeza de que Sócrates e a sua equipa já devem ter o discurso que culpabilizará os professores pelo fracasso de mais esta grande ideia do seu Governo.... Porém, um dia os professores vão "fartar-se" de desempenhar as função de bode expiatório para as desgraças da política educativa causadas por sucessivos governantes responsáveis pela pasta da Educação neste país, que nada mais fazem que mudar sistematicamente de estratégia, de concepção e de objectivos, conduzindo a Educação dos nossos filhos para o abismo. Aos professores nunca lhes é pedida a sua palavra. Aos pais até se pede que avaliem os professores...
Creio que mesmo um qualquer analfabeto, entenderia facilmente a falácia da proposta de Reorganização da Carreira Docente que o Governo enviou para a Comunicação Social. Ela visa, apenas e só, entulhar as mentes dos portugueses (sobretudo os pais) com falsas verdades... Discursos "para Inglês ver"... Até agora, eram as universidades que formavam os cidadãos dotando-os das competências necessárias para ocuparem cargos de responsabilidade.
Agora, imagine-se só... um profissional reconhecidamente competente, que tenha desempenhado cargos variadíssimos até 1999, mas que, fruto da cooperação dos professores e do princípio da rotatividade implementado nas escolas, não tenha desempenhado mais nenhum cargo desde 1999 (porque é legalmente impossível em apenas 7 anos possibilitar que todos desempenhem tais cargos) vai ser penalizado. Isto porque não terá forma de apresentar os tais pontos que a Ministra inventou como critério ARBITRÁRIO e SUBJECTIVO (ainda que tente, pela sucessiva repetição, fazer crer que é objectivo).
Exemplificando: Em cada agrupamento apenas existe um lugar para o cargo de Presidente do Conselho Pedagógico e um (ou dois) de Presidente de Conselho de Docentes. Ora, havendo mais de 20 professores, como quer a Senhora Ministra que um cargo que pode ter a duração de 3 anos seja desempenhado em apenas 7 anos por tais de 3 professores? E os outros 27 professores? Será justo penalizá-los quando não tiveram a oportunidade de desempenhar nenhum dos cargos que a Sra Ministra se lembrou de valorizar...?
Num Estado de Direito Democrático que se deveria pautar pelos princípios da transparência e da igualdade, da equidade e sobretudo da boa-fé, não deveria nunca ser aceitável que um cidadão fosse penalizado por não ter executado algo cuja execução lhe estava vedada... Com efeito, para que todos os professores tivessem igualdade de oportunidades de exercerem os cargos seria necessário, no mínimo, a análise curricular que abrangesse, no mínimo, 20 a 25 anos...!
E, se juntarmos a isto o facto de muitos professores terem sido obrigados pelo sistema de colocações vigente até ao momento como se pode exigir dos professores o exercício de cargos para os quais já havia outros nomeados nas escolas onde eram colocados em Setembro, Outubro, Novembro ou até mesmo mais tarde, a quem ao longo de todo o ano, servem o sistema, percorrendo longos quilómetros para "tapar buracos" quando uma cidadã passa temporariamente de docente a parturiente ou, ocasionalmente, de docente a doente...?
Será que podemos penalizar os professores que estavam nestas situações quando o sistema de concursos era totalmente da responsabilidade dos governantes (alguns dos quais se passeiam ainda pelas cadeiras de S. Bento...) numa clara incompetência para solucionar o problema das colocações, "calcanhar de Aquiles" dos mais diversos governantes que assumiram a pasta do Ministério da Educação?
Então os professores que foram obrigados ao nomadismo (de que as etnias já há muito prescindiram), exercendo as suas funções como se fossem saltimbancos (de malas às costas, de maço para cabaço) são agora penalizados pelas regras absurdas do sistema de concurso a Professor Titular?
Tudo por culpa do Ministério da Educação que, incapaz de solucionar as colocações dos professores, recusava-se a abrir vagas para que efectivassem, criando condições de continuidade e de estabilidade dos docentes para uma melhor sucesso escolar...
Aliás, como se pode pretender que professores acabados de chegar às escolas sejam eleitos para cargos cuja periodicidade pode ser de dois ou três anos?
Como podem professores itinerantes, que nem conhecem os colegas da escola onde chegam nem a comunidade educativa, ser eleitos em anos em que não á eleições, ou ser nomeados para cargos e assim desempenhar as funções que agora a Senhora Ministra, injustamente, se lembrou de pontuar para este concurso? Que democracia vivemos? Como se pode fazer uma lei com implicações nas carreiras profissionais, baseada em percursos que se sabe que seria impossível todos rtertem feito?
Muitos professores investiram na formação contínua propagandeada pelo Estado...
Por que motivo a Senhora Ministra não valorizou os créditos obtidos no âmbito da formação contínua (a que todos tinha acesso e que o Estado tinha apontado como importantes para a melhoria do processo educativo e dos resultados escolares dos alunos) não utilizados pelos professores para progressão na carreira?
Ora bolas... Vão lá atirar com engodo aos olhos do Zé-povinho. Os professores estão fartos de ser injustamente culpabilizados e penalizados pelos governantes que mudam de ideias como quem muda de camisa...
Analisemos agora as faltas, outro critério tido pela Ministra como justo e revelador (...?!) da competência.
Veja-se bem como o patrão dos professores (Estado, que pretende passar uma imagem de tolerância) é o mais intolerante que se pode imaginar.
Qualquer cidadão em qualquer empresa apresenta um número muito mais elevado de faltas que os professores. Se tivermos em conta que os professores são obrigados a registar a falta a uma hora, ainda que por apenas 5 ou 10 minutos de atraso. Dificilmente se encontra este tipo de coisas nas empresas particulares... Será que mais vale deixar os alunos os restantes 50 minutos sem aulas e usufruir da falta que nos foi marcada? Nenhum professor o faz... Claro que os professores circulam na via pública e em transportes públcos como os restantes cidadãos, e como tal, estão sujeitos ás contingências do quotidiano de qualquer cidadão (furos nos pneus, avarias do automóvel, atraso do transporte público, acidentes, derrocadas, quedas de árvores...) Com uma diferença: se chegam atrasados por , 5 ou 10 minutos, têm que comunicar falta a uma hora... É o minimo que a lei permite apresentar... ainda que esteja a trabalhar os restantes 50 minutos, de nada lhe serve. Qualquer patrão relevaria um atraso de 10 minutos por culpa de um autocarro que se atrase, de um acidente, de um furo etc... etc... Os professores, têm de comunicar a falta a uma hora, até ao máximo de 20 horas nessa situação. Depois, com cinco situações de 10 minutos, têm 5 dias de falta quando um outro cidadão teria 50 minutos...
A partir daí, por uns 5 ou 10 minutos de falta têm que comunicar um dia! Apontem uma única empresa privada onde um atraso de 10 minutos, devidamente justificado (atraso ou avaria do transporte público, engarrafamento, acidente, ou qualquer outro motivo inesperado) e em que o funcionário trabalhe o resto do dia, seja considerado pelo patrão como falta de um dia ... Duvido que haja. Pois é assim que o Estado age.
Atraso de 5 ou 10 minutos e o cidadão (funcionário público) é obrigado a comunicar uma falta a um dia. Percebem a lógica? Não? Nem nós... Pois bem... Se a entidade patronal contasse um atraso de 5 ou 10 minutos como falta a um dia de trabalho, que faria o trabalhador? Ao ver que chegaria atrasado, deixaria de trabalhar as restantes 7h e 50 minutos do seu horário e regressaria a casa. Assim, ainda poupava o esforço, as filas de trânsito, o gasto da gasolina e ... Perceberam?
Que faziam os professores? Profissionais com brio e deontologia que são na maioria, iam trabalhar à mesma. Em vez de darem meia volta e poupar a gasolina... lá íam trabalhar... Que agradecimento? Aí está ele. São rotulados pela Ministra de faltosos... Faltando à verdade, publicou as faltas dos professores incluindo nelas as licenças que todos os cidadãos têm, tais como de falecimento de familiares, consultas pré-parto, por maternidade, ... etc.
Mordomias para os professores...? Onde estão elas? Apenas na obrigatoriedade de isto e de mais isso e de aquilo...
Para acabar com os falsos moralistas da nossa sociedade, daqueles que estão sempre prontos a julgar os outros, seria um acto de seriedade que o governo tivesse a coragem de fazer e se deixasse de hipocrisias, apresentando um estudo estatístico das faltas ao emprego por parte dos cidadãos comuns. Para isso, bastava ir verificar e contabilizar os dias de descontos para a Segurança Social. Verificando as folhas dos descontos para a Segurança Social depressa se aperceberiam de que os portugueses das empresas privadas faltam muito mais que os funcionários públicos.
Não temos a mínima dúvida que assim é. É que, para a Segurança Social ter caminhado para a falência, das duas uma: ou não descontam de todos os dias que trabalham, ou faltam ao trabalho que se fartam!... E ainda têm um olhar de censura sobre profissionais que faltam, de facto, menos do que as estatísticas apontam pelos motivos acima expressos.
A injustiça espelha-se nas leis deste governo. É o laxismo para com os alunos (as ausências dos alunos noutros países europeus têm de ser justificadas cabalmente pelos pais) e o rigor excessivo e desproporcional (quase mesmo desumano) para com os professores que, agora, uma forte dor de cabeça já só pode ser motivo se for para faltar, não apenas uma hora por conta do período de férias) mas dois ou três dias pois terá de se deslocar ao centro de saúde, marcar a vez, esperar que haja consulta nesse ou no dia seguinte e, depois, aparecer na escola com o atestadito de médico.... Valha-nos Deus... Uma falta que apenas seria de uma hora passará a ser de dois dias... E diz a ministra que é para moralizar...? Só faltava incluir na lei que todo e qualquer docente só se pode ausentar da escola se sair numa ambulância do INEM?
De facto, os alunos agora até poderão faltar mais de um terço do tempo lectivo... Mas os professores, esses adeptos da falta, esses criminosos, há que obrigá-los a ir para a Escola nem que seja de muletas ou de cadeira de rodas, carregados de febre e a tossir, com varicela ou uma qualquer outra virose... Há que obrigar esses preguiçosos a cumprir o máximo de presenças pois para a Senhora Ministra da Educação, presença é prova de competência.
Esta sua concepção é das mais retrógradas que algum dia se viu. Aliás, não é por acaso que serve de base a muitas anedotas sobre os funcionários públicos: "cumprem horários": nunca chegam "à hora" e saem "à hora"; nunca entram antes nem saem depois, porque isso não é cumprir! Pouco importa o que fazem ou a qualidade com que o fazem... Se em meia hora um faz o dobro do outro no dia inteiro... Para esta Ministra, o importante é a Assiduidade! Esta concepção retrógrada é precisamente a que é valorizada pela Senhora Ministra.
Aliás, os alunos serão as primeiras vítimas desta concepção. Imaginamos já os professores carregados com uma forte dose de gripe a chegarem sob o efeito de medicamentos, mais parecendo drogados (ou terroristas biológicos) a ajudar na proliferação das gripes. Que pena, dirão alguns, não ter eu a gripe das aves no dia em que a Senhora Ministra visitasse a minha Escola...! Talvez lhe servisse de lição e assim revogasse imediatamente a lei... Será que ainda assim o faria? Se "sim", por que espera para pôr termo a este aborto legislativo?
Ainda que nenhum aluno lá esteja, o professor tem que lá estar... para pregar às moscas! Viva a Assiduidade! Viva o entrar e sair a horas, ainda que nada se faça! E são estes os nossos governantes... É este o Governo que temos... Mas, será verdadeiramente este o Governo que merecemos?...
Mais… Sabendo que as urgências dos hospitais são os locais onde se reúnem o maior número de vírus, deixamos‑te um alerta. Se és professor, nunca arrisques a levar os teus filhos ao hospital. Não terás nenhuma desculpa no caso de teres ficado doente contaminado pelos outros que ali esperam horas a fio… Ou então, faz como os verdadeiramente grandes. Como o que está a dar é meter mega-processos contra o Estado, inventa um desses processos incríveis, obriga a sentar o vírus no banco dos réus, e tenta extorquir do Estado uma boa maquia que te compense. Parece que é o que está a dar… Pedir indemnizações atrás de indemnizações e o Zé-povinho é que paga… Incrível!
Outra… Se és professor e assististe a uma tentativa de “assassinato”, “assédio” “violação”, atropelamento, acidente, etc…, ou o que quer que seja, e te pedem que testemunhes, diz que nada viste e nega-te a dar o nome! Só assim te escaparás de faltar às aulas e ser responsabilizado pelas faltas a que a lei te irá obrigar…! Incrível!
Diz o governo que os critérios são objectivos…. “de forma a seleccionar os docentes que, pela análise dos elementos do seu currículo profissional, mostrem estar em melhores condições para exercer as correspondentes funções no início do próximo ano lectivo.” Incrível.
Então, para ser um bom profissional, a formação nas mais diversas áreas não conta nem um ponto…? Ser formador de centenas de professores não vale nada? Então um formador que coordenou grupos de trabalho de docentes agora não serve para coordenar as estruturas pedagógicas e vai ser coordenado por um dos seus formandos? Incrível.
E o rol não teria fim. Afinal, quem são estes senhores que diziam que os professores progrediam todos sem regras? Havia sim, regras mais fidedignas para ascender que as que agora vão ser colocadas em acção. Só com uma diferença. Agora, há lugar para a injustiça, para a discriminação (apenas alguns anos são considerados por preguiça ou incompetência para verificar os dados!), e, quiçá, para o compadrio ou até para a corrupção. Incrível.
Antes, os professores (por determinação dos governantes, diga-se!) se queriam progredir, tinham que frequentar formação… E, apesar de teoricamente terem direito a oito dias por ano (para formação em horário laboral), a verdade é que a formação era feita sistematicamente em horário pós-laboral... Recordamos ainda o quanto nos custou frequentar uma formação durante 11 sábados consecutivos (3 horas de manhã e 3 horas de tarde)! Quantos outros profissionais estariam dispostos a sacrificar 11 dias inteiros do seu tempo livre ainda por cima ao sábado? De facto, embora a lei prevesse que pudesse ser em horário laboral mas depois nunca havia formadores disponíveis nem formandos que, mercê da sua consciência profissional, estivessem disponíveis para faltar às aulas e prejudicar os seus alunos para poderem fazer a formação em horário escolar.
Nos países verdadeiramente avançados (como a França em que frequentei uma formação em horário de trabalho com os formadores e os inspectores franceses a coordenarem a formação!) a formação não é feita nem ao fim de semana nem ao fim do dia, depois de uma jornada esgotante... Como querem maior qualidade se obrigam as pessoas a fazerem formação depois de um dia de desgaste?