J.Ferreira
É incrível! Tremendamente incrível!!
Então, num país em que se defendeu que o comportamento dos alunos (desde as notas ao absentismo!!!!) devem contar para a avaliação do professor é o mesmo que apresenta senhores e relatórios que defendem a separação da avaliação do comportamento dos jovens face aos seus resultados escolares...?
Paulo Santiago, 43 anos, economista e analista principal da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), surge no Público (pág. 8 do dia 2 de maio de 2012) defende que "a aprendizagem dos alunos portugueses deve ser avaliada de forma separada e não traduzir-se numa nota em que também entram em linha de conta os seus comportamentos e atitudes (...)."
Afinal, como se pode compreender que não se coloquem contra os critérios que presidem à avaliação dos professores?
Por onde andavam estes senhores quando se colocou como factor da avaliação dos professores os resultados escolares dos alunos ? Estavam a dormir? Estavam exilados?
Então se o aluno não estuda, se comporta de tal forma na aula que impede a aprendizagem dos demais e ainda assim obtém resultados satisfatórios, avançará academicamente... Porém, se os demais não aprendem devido ao comportamento deste aluno, a culpa é do professor?
Se o comportamento de um aluno é insuportável (quer na aula quer na relação com colegas e companheiros) devemos considerar apenas os seus resultados escolares?
É caso para perguntar: Por que incumbem à escola a Educação e depois apenas querem que avalie (e por separado) os resultados de cada dimensão? Para que aprovem e prossigam impunes a carreira? Para que serve chamar de "Educação" a um ministério onde o que mais há é falta de educação que cada vez mais se despenaliza quem não cumpre regras, quem provoca distúrbios, quem impede os demais de aprender?
Na verdade, as escolas recebem cidadãos que passam mais horas fora dela que dentro dela, jovens cujos modelos são tudo menos os apregoados pelos valores veiculados pela escola (em vez da cooperação da escola, a sociedade apregoa o "salve-se quem puder", aplaude o uso de todos os meios possíveis para atingir os fins desejados, em vez da integração apregoada pela escola inclusiva pratica-se a segregação, a selecção dos mais fortes, dos mais astutos, dos mais hábeis, numa busca sem critério nem valor de atingir o almejado "excelente" com critérios absurdos de que tantos têm sido vítimas...).
A escola deve ser exigente... integradora, avaliadora de co0mpetências da mais vária índole que conduzem à formação integral (leia-se, educação) do cidadão. Pena é que cada vez mais se defendam os que não cooperam e os jovens na escola sentem que cada vez há uma maior décalage entre o que se exige na escola e o que a sociedade deles espera... Em vez da cooperação, a competitividade. Em vez da solidariedade, o egoísmo... o "salve-se quem puder", em busca da excelência a que apenas (por decreto!) alguns 5% podem chegar...
Não admira pois que, derrotados à partida, cada vez mais jovens se sintam com vontade de passar à clandestinidade. O seu esforço de nada lhes serve comparado com o que os companheiros (baldas!) conseguem atingir...
Não é verdade que, em Portugal, quanto mais fracassados nas escola, mais alto é o voo na sociedade? Ou estarei equivocado?
Necessitaremos de mais exemplos, ou basta o dos nossos últimos primeiros-ministros?
Na verdade, na escola actual (e chamem-nos de pessimistas..:, se quiserem!) o que mais há nas escolas de hoje não é educação mas sim "a da falta dela"...)?
É incrível! Tremendamente incrível!!
Então, num país em que se defendeu que o comportamento dos alunos (desde as notas ao absentismo!!!!) devem contar para a avaliação do professor é o mesmo que apresenta senhores e relatórios que defendem a separação da avaliação do comportamento dos jovens face aos seus resultados escolares...?
Uma pergunta final:
Face às teses da OCDE, será que o Ministério da "Educação" vai passar a chamar-se "Ministério da Instrução"...?