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Até que o Teclado se Rompa!

"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons." (Martin Luther King)

Até que o Teclado se Rompa!

"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons." (Martin Luther King)

J.Ferreira

Enquanto o país caminha para o abismo... há quem prefira atacar os professores. Se tivéssemos um povo culto, os portugueses conseguiriam entender melhor o que está em causa no nosso país e quem são, de facto, os culpados do estado a que chegamos. Por certo, não foi culpa dos professores...! A única culpa que poderão ter, é a de não terem "chumbado" um conjunto de senhores (políticos) que ao fim de uns anos, com discursos baseados na propaganda e na mentira, conseguiram chegar ao poder e destruir o país...!

Mas, ainda que os professores alertem para o caos a que nos conduzem os políticos eleitos pelo povo, afinal o que recebem é bofetadas da população... Basta ver o que se escreve na imprensa portuguesa (e no mundo da internet). A pointo de nos questionarmos:

Haverá jornais e jornalistas, comentadores e colunistas ao serviço dos interesses dos partidos ?

Vejam o que Paulo Morais denuncia neste vídeo. Vale a pena ouvir, e mais do que isso, escutar... reflectir !!

 

Nota prévia:
    Texto adaptado de um email recebido, cuja autora vem referida como sendo "Helena Almeida".
    Aqui fica o nosso apreço pelo texto e compreensão pelo desabafo com timbre de revolta mais do que justificada.
    Para não ferir algumas sensibilidades, a palavra ofensiva foi codificada.
 

"Quem tem medo dos professores?" 

 

Pelos vistos...

Quando a classe se une;

Quando a inércia se sacode;

Quando a doentia tendência que os professores têm para cumprirem tudo, aceitarem tudo sem um queixume se transforma na revolta de quem já não aguenta mais;

Quando os professores tomam consciência do poder que detêm e o exercem, o país treme.

... TODOS TREMEM !

Tremem os políticos ao verem escapar-se-lhes debaixo das garras dominadoras a classe que (justificadamente, diga-se..) acreditavam mais submissa, a mais sensível à chantagem emocional. Os direitos dos jovens, pois claro!

Tremem os pais ao verem ameaçados basicamente, os seus organizadinhos planos de férias, pois que outra coisa?

 

Hipócritas, uns e outros.

Não os comovem as crianças com fome, a única refeição diária retirada das escolas, a ASAE que há anos se pôs a medir batatas e encerrou ou inviabilizou as boas cantinas escolares, agora reféns da normalizada  fast food de empresas duvidosas.

Não os comovem as escolas fechadas, as crianças deslocadas, as escolas-fábrica em que cada aluno não é sequer um número, o interior do país desertificado, as longas viagens de e para casa, o tempo com a família, inexistente.

Não os comovem os livros deitados fora, que deixaram de servir porque sim: o novo programa de matemática para quê se o outro dava mostras de funcionar, o (des)acordo ortográfico para benefício de quem...

Não os comovem os professores massacrados que lhes aturam os filhos todo o dia: «Já não sei o que fazer dele/dela..., em casa é a mesma coisa... ».

Não os comovem os alunos que querem aprender e não podem, a indisciplina na sala de aula e os professores esgotados, deprimidos, muitas vezes doentes, os professores que desabam a chorar no meio da aula, a tensão, as pulsações que disparam e como é que se pode ensinar assim?

Não os comovem os professores hostilizados publicamente por ministras, escritores, comentadores, opinadores − e já lá vão anos de enxovalhamento!

Não os comovem as políticas aberrantes do ministério da Educação, as constantes alterações aos curricula, aos programas, as disciplinas de uma hora semanal a fingir que existem e os professores que se adaptam aos caprichos todos, formações atrás de formações, obrigatórias todas, pagas do próprio bolso, algumas.

Não os comovem as condições de trabalho e de saúde de quem lhes zela pelos filhos, as horas insanas passadas na escola, as tarefas sem sentido e as outras, o tempo e a disposição que depois faltam para tudo o resto que fazem em casa, preparar aulas, orientar trabalhos, corrigir testes, as noites que não dormem e amanhã aguenta-te que não são papéis que tens à frente, mas sim pessoas!

Não os comovem vidas inteiras de andar 'com a casa às costas', 10, 20, 30 anos contratados (dantes chamavam-se 'provisórios'), de Trás-Os-Montes ao Algarve e é se queres ter emprego, SEMPRE assim foi até conseguirem um lugar no quadro de efectivos numa escola − e agora aos 40, 50, à beira de vínculo nenhum! − as regras que mudam, a reforma que se alonga, a carreira de há muito congelada, os sucessivos cortes no salário, os impostos uns atrás dos outros... E depois... Depois, no dia a dia com os jovens a quem temos o dever de preparar e encorajar para enfrentar o futuro, ainda estranham se não somos capazes de pôr uma cara alegre...

Sim... Os professores têm em cima dos ombros já não só a  responsabilidade de ensinar, formar, educar os nossos jovens, para no futuro dirigirem o país! temos de os preparar para servir um qualquer país (dificilmente a sua pátria pois, por este andar, emigrar será o único futuro  que podemos prometer aso nossos jovens, muito mais depois de terem sido os próprios ministros a apontar-lhes o caminho da emigração como solução para as saus vidas.

 

 

Por isso, direi: já não vos aturo! Aos comentadores apenas respondo: "VÃO TODOS À FAVA!" com as vossas preocupações da treta, a vossa chantagem e as vossas ameaças, os vossos apelos aviltantes. E não, não peço desculpa pela linguagem, que outra não há que dê a medida da raiva.

 

Quem é que os políticos e as associações de pais pensam que são?

Quem foi que destruiu tudo o que de bom se tinha conseguido neste país julgam-se defensores da escola pública? 

Aqueles que promovem o regresso à miséria, ao cinzentismo, à ignorância? Que se estão borrifando para os alunos e as famílias, a qualidade do ensino nas nossas escolas públicas? Que tiram ao estado para darem aos privados? Que acabam com apoios onde eles eram vitais, aos alunos mais pobres, aos alunos com deficiências? Que despedem psicólogos e professores do ensino especial? Que, em exames, recusaram tempo extra aos alunos que a ele tinham direito? Que não fazem nada para promover a educação, os vossos podres serviços públicos reféns do vosso oportunismo, da vossa falta de valores, do vosso cinismo?

Aqueles que atacam os professores mas lhes confiam os seus filhos? Que não os educam em casa, mas esperam que eles o façam na escola? Os mesmos que agora defendem a “mobilidade especial” quando antes defendiam a estabilidade,

Os mesmos que se queixavam de que as crianças mudavam de professores todos os anos e agora aceitam o que se está a fazer?

Será que não percebem que um professor maltratado é um profissional menos disponível para os alunos que tem à frente?

Será que não percebem que a luta dos professores é a luta pelos vossos filhos, pela qualidade da sua educação, pelas oportunidades do seu futuro?

 

Aos opinadores “de bancada”, que continuam a achar que os professores trabalham pouco e ganham muito, por que se queixam agora desta greve (três meses de férias, é?!), quando nunca antes se queixaram das condições miseráveis em que vocês próprios sempre viveram?

Por que não se queixam dos dinheiros mal gastos destes políticos?

Por que não se queixam de um serviço público de televisão que vos embrutece e vos torna prisioneiros de quem vos engana todos os dias, vos impede de terem pensamento próprio?

Por que não se queixam da razia deste governo sobre os  funcionários públicos, dos serviços que vão funcionar muito pior, das horas de espera que vão aumentar, nos hospitais, nos centros de saúde, nos correios e nas repartições todas, a “má-cara” de quem, maltratado, vos vai atender com pouca paciência e muito cansaço?

 A todos os portugueses que ainda não sabem o que é uma greve (ou que egoísticamente a não compreendem!), quero dizer-vos:

Nunca vos vi defenderem os professores do vosso país. Vi-vos aplaudirem uma ministra que “perdendo os professores” arrogantemente dizia que tinha "conquistado os pais”. Vi-vos a colocarem-se contra os professores tendo ao lado os vossos filhos que não souberam nem se preocuparam em educar. Vi-vos irem às escolas apenas para insultarem ou ameaçarem os que nela todos os dias “dão o litro” para que os vossos filhos sejam melhores pessoas que os seus pais, que tenham no futuro melhores condições de vida que os pais não puderam (ou não quiseram!) ter.

Os professores não estão de férias, como muitos de vós, que tudo julgam saber, gostam de apregoar.

ABRAM OS OLHOS... e DEIXEM de MENTIR...  Os Professores estão em greve. Finalmente!

Os Professores levaram anos a aguentar pauladas. Anos e anos a serem, eles, prejudicados.

Agora fazem greve, para dizer BASTA!

E todos os portugueses deveriam revoltar-se. Não contra quem os defende, quem os que outrora como hoje prepara os jovens apra enfrentarem o futuro 8cada vez mais negro que cinzento!) Sim. Contra aqueles que afundaram e os que ohoje continuam afundando o país...

Ou será que a educação que a escola pública vos proporcionou só vos garantiu sentido crítico contra os professores?

Dignem-se de usar o cérebro e o pensamento autónomo!

Tenham DIGNIDADE!