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Até que o Teclado se Rompa!

"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons." (Martin Luther King)

Até que o Teclado se Rompa!

"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons." (Martin Luther King)

J.Ferreira

 

A Senhora Ministra deveria ter vergonha de lançar um Concurso para “Professor Titular” baseado numa tão grande falta de sentido de oportunidade e de justiça. Aliás, diga-se a propósito do nome do cargo, que a Sra Ministra começa logo por demonstrar uma total falta de imaginação pois esta designação já era utilizada no 1.º Ciclo para os professores que tinham turma!

De facto, se os critérios utilizados fossem submetidos a uma validação científica, duvidamos que algum investigador os considerasse fiáveis, isto é, que eles sejam capazes de medir o que pretendem medir: a competência para desempenhar funções, até agora consideradas pelos mais diversos governos (incluindo do partido que actualmente está no poder) como sendo de todos os docentes. Isto explica que tivessem imposto uma penalização para os professores que se recusasse a exercer qualquer dos cargos para que fossem “eleitos” pelos pares (na verdade muitos eram “nomeados” pelos pares pois eram eleitos sem nunca terem sido candidatos! Que conceito de democracia!).

Afinal, até ao presente e aos olhos dos governantes que foram passando ela pasta da Educação… todos os professores serviam e tinham igualmente competência. Porém, esta iluminada Ministra, considerou que não era bastante… E aqueles que exerceram, quantas vezes sem o profissionalismo que lhes era devido porque “meteram o pé na poça” “até dizer chega!”, são hoje os que têm vantagem no concurso para Professor Titular, quando afinal, desempenharam cargos cuja performance nunca foi avaliada

Como poderemos nós aceitar que a nossa iluminada Ministra tenha a coragem de dizer que valoriza o efectivo exercício de funções com os alunos quando decidiu atribuir maior pontuação aos docentes que exerceram de cargos de “direcção” (sejam eles quais tenham sido porque foram remunerados por isso!) do que aos docentes que se envolveram directamente na formação dos seus alunos, que se empenharam e se esforçaram (dando tudo o que podiam de si, trabalhando horas e horas a fio, extra horário, quantas vezes com prejuízo para as famílias!), para levar a bom porto os projectos educativos dos agrupamentos,

 

E quantas das funções, remuneradas devidamente nos termos da lei, são agora duplamente premiadas quando não passavam de meros actos administrativos, reduzidas a apenas uma ou duas reuniões anuais, onde pouco mais têm que dirigir a reunião seguindo as regras burocráticas?!...

 

De facto, é incrível como podem ser criados critérios baseados em diferentes condições de igualdade de oportunidades. Num agrupamento onde há 30 professores, para que todos tivessem igual oportunidade de exercerem as funções de Coordenador de Conselho de Docentes, por exemplo, seria necessário deixar passar trinta anos...

Que culpa têm os professores de apenas haver eleições de 3 em 3 anos, e de terem sido os governantes a obrigar a constituir agrupamentos de grande dimensão, onde existem agora, mais de 30 professores, e apenas um coordenador de Conselho de Docentes, um conselho executivo, e os professores um pode desempenhar as funções de presidente, vice-presidente…

 

Assim, que culpa têm 30 dos professores de um Agrupamento de não terem nunca desempenhado cargos (como o de Presidente ou de Vice-Presidente do Conselho Executivo, por exemplo), se os mandatos têm a duração de 3 anos e apenas estão em análise 7 anos da carreira?

 

De facto, muitos professores foram colocados tardiamente nas escolas (por falhas no sistema de concursos da responsabilidade da administração educativa) e agora vêm-se penalizados por não terem tido a oportunidade, tão-pouco, de ser eleitos para presidir a nenhum dos órgãos que agora a Sra. Ministra decidiu pontuar... Ela lá sabe porque o faz... Os que apoiam (ou apoiaram) este modelo de avaliação das competências para progredir ou não a “Professor Titular”, são cúmplices do desastre que será irreversível par ao Sistema Educativo...

Mais... Ser Presidente do Centro de Formação, tarefa essencialmente administrativa, tem tanto ou mais valor que estar com uma turma formada por alunos do 1.º ao 4.º anos?

Como podem deixar de fora da candidatura, ex-formadores de centros de formação? Nada vale ter ajudado a formar os professores, e em horário extra-escolar?

E as formações que os professores mais interessados na sua formação fizeram extra-formação obrigatória decretada pelo Ministério? Nada conta?

 

Incrível? Este concurso está viciado...

Os efeitos podem ser irreversíveis... Deveria pura e simplesmente ser anulado!

 

Como é possível que este concurso seja democraticamente aceitável se, para se ser candidato a Ministra da Educação (ou de primeiro-ministro, ou de Presidente da república), não se exige o exercício de nada na sua carreira, se pode ser a pessoa mais estúpida do país? Então até agora, jovens colegas de profissão, situados em índices remuneratórios do meio da carreira, eram empreendedores, inovadores, competentes etc… e por isso, eram convidados pelos pares a integrarem as equipas que dirigiam os agrupamentos. Agora, fruto deste concurso absurdo, e em nome da selecção dos melhores e mais competentes professores para progredirem e desempenharem as mais altas funções dentro do sistema educativo (lugares de direcção…) todos esses candidatos que poderiam ter acumulado imensos pontos (por sorte ou ironia do destino) apesar de eleitos (numa perspectiva de escola democrática) são expulsos por uma Ministra que, por decreto determina quem é ou não é competente… realmente, pensávamos que era apenas no futebol que os jogos se ganhavam na secretaria… Começa a fazer falta uma investigação do tipo “Giz Dourado” para apurar que interesses se movem por detrás de toda esta bagunça…

Em suma… Quem querem enganar com esta farsa? Estamos convictos de que, se os professores tivessem a mesma oportunidade de aceder aos canais de televisão, como é dado a uns tantos incompetentes, que usam as ondas hertzianas para nos inundar com disparates (estamos a lembrar-nos de Miguel de Sousa Tavares, por exemplo), nem mesmo o Zé‑povinho se deixaria enganar!

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