J.Ferreira
Como querer melhorias nos resultados do Sistema de Ensino quando se obriga a trabalhar com alunos pessoas que estão na situação de Luta contra um Cancro?
É incrível... Esta realidade apenas nos pode confirmar uma simples constatação: Portugal está a transformar-se cada vez mais num país onde o mais importante não é "SER" mas "PARECER".
O que as novas gerações necessitam de saber é que, pese embora se viva aparentemente em Democracia e a organização política aparecer na Constituição da República como sendo uma Democracia, tal implica a igualdade de deveres, mas a desigualdade dos direitos.
Viver num Estado de Direito Democrático não passa para muitos de uma miragem, um sonho... ou um pesadelo! Como foi o caso de Manuela Estanqueiro...
Se é verdade que fazer chacota com estas coisas demasiado sérias nos parece um pouco forte para os familiares de quem é atingido por tanta injustiça, temos que ter em consideração de que, para sensibilizar a sociedade moderna assente nas tecnologias e nos media, é necessário usar uma forma apelativa, utilizando todos os meios, inclusivé a comédia, para desmascarar as injustiças que proliferam por este país, contra as quais nenhum Ministro se digna lutar... pelo menos até ser atingido na sua essência: o próprio ou um familiar muito querido. Aí, com certeza, o debate passaria do palco teatral para o Parlamento, onde os actores são sobretudo, decisores.
Por este andar, nem os paralíticos terão direito a reforma. Preocupados que o dinheiro destinado às reformas não chegue para os deputados, há que adiar... adiar... adiar... o direito à reforma dos cidadãos portugueses até que a morte lhes cale a voz. Pois a minha, como a dos Gato Fedorento, há-de continuar... silenciosamente, ao som do teclado.
Os nossos políticos deixaram de se reger por princípios do humanismo… Temos na política indivíduos que se especializaram na arte de bem enganar os outros… São todos uns demagogos e uns hipócritas… Tentam fazer crer que se preocupam com as mulheres, chegando ao ponto de exigirem quotas – estúpidas (diga-se!) pois, gostaria de saber o que vão fazer se um dia não houver mulheres que queiram fazer parte desta hipocrisia e se deixem de interessar por esta forma estúpida e cega de fazer política e governar o país! – mas permitem que e obrigue a “morrer em combate" mulheres com doenças cancerosas. Sim... A “morrer em combate”... Não contra nenhum ser humano (como outros que se julgam heróis por matarem legalmente outros seres humanos) mas contra uma doença sem cura, quase com encontro marcado com a Morte... Não num campo de batalha qualquer mas dentro de uma sala de aula.
Aqui expresso a minha solidariedade para com o legítimo Grito de Revolta que deve inundar toda esta família...
Com efeito, sinto uma enorme revolta porque poderiam ser a minha mãe! Também a ela morreu com leucemia… Com três diferenças fundamentais: a primeira, é que tinha menos de 35 anos; a segunda, é que, feliz,mente, não estava ligada ao ensino; a terceira, é que não chegou a depender deste Ministério da Educação porque, triste mas felizmente, a luta contra a doença ainda foi feita no tempo da Ditadura! Não é isto um desejom de regresso aom passado. É uma reevolta pelo que se pasa no presente... Sim... Porque se a Ditadura era o tempo em que muitos cidadãos eram maltratados, face às práticas de democracia actuais, parece ter havido, em Portugal, muito mais humanismo na Ditadura que nesta Democracia... Obrigar uma pessoa a trabalhar até morrer, não é nenhuma medalha que qualquer país democrata deveria ter orgulho em exibir... Mas a prática de quem nos governa parece apontar cada vez mais para a seguinte máxima:
"Trabalhar até à morte, primeiro passo para sanear a Segurança Social!..."
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E, por incrível que pareça… minha mãe foi tratada, até ao último minuto, por todos os médicos com a máxima dignidade! Pois... Se a minha mãe tivesse sobrevivido na Ditadura a esta doença fatal, nesta Democracia, por certo que sucumbiria às mãos de indivíduos sem escrúpulos que em vez de médicos, deveriam ter sido cangalheiros.
A julgar pelo que sucedeu com Manuela Estanqueiro, e a ser observada medicamente por indivíduos sem humanismo, teria de escolher entre trabalhar até à morte... ou passar fome nos últimos dias da vida.
Sem dúvida que não aguentaria a trabalhar mais 30 anos para ter direito a receber parte dos descontos que havia efectuado para a CGA … e que ela, legitimamente, teria direito.
Por que motivo lhe retiraram o direito que era seu de poder usufruir daquilo que descontara…? Será legítimo que deputados plenos de saúde acumulem subvenções atrás de subvenções, quando estão ainda no gozo total das suas capacidades de trabalho e ainda por cima acumulam “reformas” com salários chorudos? Como podem maltratar assim as mães portuguesas…? E são estes indivíduos que nos falam da democracia e paridade entre homens e mulheres na Assembleia? Exigiram 1/3 de mulheres nas listas partidárias para candidaturas à assembleia da república...? Como é possível que pretendam assim enganar toda a gente e permitam atitudes nos seus súbditos que fazem isto com as mulheres?
Agora, das duas uma: ou se apuram responsabilidades e alguém é exemplarmente punido pela incompetência (e por que não, posto na rua como fizeram com outros professores na DREN por um simples delito de opinião!), ou será que o governo aproveitou a ideia e já aprovou e publicou a lei que, ironicamente, recomendáramos há uns tempos para sanear a Segurança Social, fazer o aeroporto da OTA e construir o TGV , mantendo as mordomias dos titulares de cargos políticos? (veja o artigo completo )
Artigo Único
1. Todos os cidadãos trabalhadores e que tenham descontado para a Segurança Social, têm direito a receber uma pensão.
2. A pensão será paga apenas aos cidadãos que apresentarem o seu “Atestado de Óbito”.
3. O disposto no número anterior não é aplicável aos titulares de cargos políticos ou de nomeação política.
É muito triste que tenhamos eleito para nos governarem indivíduos que promovem e incentivam esta falta de sensibilidade humana. É que ela está a ir muito além do fecho de maternidades e de urgências: ela transformou-se numa obsessão pela destruição de tudo e de todos. Pior que uma cegueira física, ela é uma cegueira económica! Depois multam-nos por não usar o cinto pois pomos em risco a nossa vida! Querem eles lá saber da vida dos cidadãos… Isso está visto que pouco lhes interessa. Eles querem, pura e simplesmente, é o dinheiro das multas…!
Estamos seguros que, numa operação de charme, teremos estes irónicos políticos (a que já nos habituaram com o deserto no sul!) a proceder à criação de uma nova medalha para Condecorar Cidadãos a Título Póstumo, à que se poderão candidatar indivíduos com o mais elevado mérito: a "Medalha de Óbito em Serviço"!
E já se imagina que a primeira medalha poderá muito bem ser atribuída a um docente. E, no perfil que será certamente traçado pelos nossos governantes, Manuela Estanqueiro, com 63 anos obrigada pelos médicos da CGA (que não deixam de ser funcionários de instituições superintendidas pelo Governo?!) a trabalhar até aos últimos dias da sua vida, apesar de ter confirmada uma leucemia há dois anos, estará, certamente, muito bem posicionada para receber tal medalha. Pena é que as homenagens ado Estado sejam sempre feits a título póstumo... Por certo os galardoados trocariam a condecoração por uns momentos de paz...
No entanto, para os que se queiram candidatar a esta medalha, um alerta aqui deixamos:
Preparem-se para nunca faltar ao trabalho, mesmo que estejam cancerosos ou leprosos: As faltas (à semelhança do concurso para Titulares) serão um dos critérios mais importantes... E, claro, à semelhança das razões do alargamento da idade da reforma, contribuir para a CGA com as quotizações até fazerem 65 anos...
Só desta forma serão reconhecidos como cidadãos exemplares uma vez que contibuem francamente para sanear as finanças da CGA garantindo que os actuais senhores deputados da nação tenham, nos próximos anos, garantia de receberem as suas chorudas subvenções!
E não digam que os responsáveis pelo Ministério da Saúde e do Ministério das Finanças não têm nada a ver com o assunto.
Afinal, fecham-se maternidades... fecham-se urgências... fecham-se escolas... obriga-se a trabalhar pessoas doentes, francamente doentes, diria mesmo, com o "encontro marcado com a morte") enquanto Portugal financia a construção de Estádios de Futebol no médio Oriente...?
Que país somos? Quem escolhemos nós para nos Governar? Alguém tinha colocado isto no programa eleitoral...? Ou andam a enganar-nos a todos?
Como se permite um Presidente da República fechar os olhos a esta realidade, ver cidadãos a enganar outros cidadãos, e deixar tudo na mesma quando foi eleito, ele sim, por todos e cada um de nós?
Nós não escolhemos o Ministro da Saúde, nem da Educação, nem das Finanças... Mas elegemos directamente o Presidente da República... !
Para que existe afinal um Presidente da República? Para nada? Ou estará adormecido?
Indignação? Revolta? Nenhuma palavra é suficientemente forte para expressar o que nos vai na alma!
Por isso...
Exmo Senhor
Presidente da República:
Chegou a hora de agir... Obrigue este governo a respeitar a Constituição da República. Obrigue-o a entrar nos eixos! é que para Manuela Estanqueiro, já ontem era tarde!...
E... como não me dói a barriga por nenhum dos partidos... e, tenho a certeza de que uma estranha sensação se está a generalizar na consciência da maioria dos portugueses e que se está a transformar num grito de revolta. Isto está a atingir os limites do bom-senso e da sã convivência nacional, na certeza de que
"Por muito menos caiu o governo anterior "
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