Os Rankings da Vergonha
J.Ferreira
De tempos a tempos... lá voltam os estúpidos, absurdos, inqualificáveis Rankings das Escolas.
Como os anteriores, este Ranking mede o que mede. E se alguma coisa mede, é a incompetência de quem patrocina e/ou apoia a criação e publicação de Rankings de Escolas. Não mede a qualidade das escolas, nem dos seus professores. Mas sim, a qualidade dos nossos (des)governantes! Se medisse a qualidade dos professores ou das escolas, então, se os alunos das escolas colocadas nos últimos lugares do Ranking fossem "transladados" para as escolas dos primeiros lugares continuariam estas a serem as melhores. Alguém acredita nisso? Não? Então, para que servem estes absurdos rankings?
Se alguém acredita que sim... então, que espera o governo para enviar os professores das escolas do primeiro lugar do ranking para as escolas do últimos lugares... ??? Vamos! Tenham a coragem de avançar com essa medida. E assim veremos se é culpa dos professores ou dos recursos e da "matéria-prima" de cada escola. Ainda não foi descoberto nenhum cozinheiro que fizesse "omeletes sem ovos"! Nem consta que o "melhor treinador do mundo" (José Mourinho) aceitasse treinar um clube como o Vilaverdense, sem poder mudar a matéria-prima da equipa (os jogadores!!!) e o levasse a conquistar o campeonato nacional, e muito menos a ser campeão europeu. É que, são todos clubes de futebol (como esta é uma lista de escolas!!!) mas os seus intervenientes são muito distntos. por isso, o futebol está organizado em divisões..!
Com os seres humanos é desumano colocar todos os alunos a competir numa mesma divisão! Se em muito somos todos iguais, há aspectos da human idade em que todos somos diferentes. E não é legítimo tratar o diferente como igual!
A escola deveria respeitar a diferença, de gostos, de competências, de aptidões. Tal não é possível por determinação governamental. Sim. Porque é o governo que determina tudo, desde o currículo à forma de avaliar e critérios de progressão dos alunos (ultimamente com a panaceia dos exames que nada medem e estão a permitir enganar os pais, permitindo que alunos progridam sem as devidas competências e obrigando alunos a repetir anos porque tiveram azar no exame...!!). Enfim... continuamos à espera de um minstro que seja capaz de perceber esta coisa simples: não se pode obrigar todos os alunos a fazerem o pino, porque há alunos que, infelizmente, apenas têm um braço! Pior, há alunos que, por má fortuna, nem um braço têm! Enfim. Esperamos que o leitor comprenda o exagero que aqui plasmamos. E, é claro esta atrocidade não se verifica nas escolas porque se vê "claramente visto" quado uma criança foi vítima de lesões corporais (nos braços, nas pernas, nos olhos, nos ouvidos... ). Porém, as lesões no céfebro... essas, nem todas se vêm tão claramente... E as crianças são submetidas todas a um mesmo percurso académico e aos mesmos exame. Assim, se fazem os rankings. Com crianças de etnias nacionais e estrangeiras à mistura... Tudo a molho e fé em Deus. Tenham a coragem de indicar também o númerod e crianlças "especiais" que frequentam essas escolas privadas que se encontram nos primeiros lugares do ranking... Vamos!!! Ou que tenham uma miscelânea de anos de escolaridade na emsma sala de aula!!! Vamos... senhores políticos ou então tenham vergonha na cara e acabem com a palhaçada dos rankings!
Os políticos de Portugal continuam a insistir na busca de culpados para as suas medidas, para a sua falta de capacidade de conduzir o país pela rota do progresso. O que há não é fracasso escola: o que há é fracasso governativo. E em todos os níveis, desde a educação à saúde, passando pela justiça, até à segurança. Porém, o que os preocupa é encontrar bodes expiatórios para o fracasso das suas polícias. A continuarem assim, atribuindo à escola a culpa do fracasso das medidas governativas, não admira que um dia atribuam também o falhanço das políticas financeiras (e da falência dos bancos!) à escola!
Há mais de uma década que escrevemos um artigo sobre o tema: Ranking das Escolas? Os Alunos Não São Tijolos. E, embora tardiamente, acabou por ser publicado na Revista "O Docente" da ANP. Porém, ano após ano, os (des)governantes insistem em publicar este ranking... Os nossos governantes continuam a avaliar as escolas como se os nossos meatriais fossem tábuas rasas, madeira ou tijolos!!!
Ora vamos lá ver até que ponto isto não é uma forma de os políticos (à semelhança de um dos seus predecessores, bem conhecido do povo Pilatos) lavarem as mãos da sua responsabilidade face ao fracasso do sistema educativo, permitindo que um grupo inocente (os professores, neste caso!) seja crucificado!
Os responsáveis pelas políticas educativas têm contribuído decisivamente para aumentar o pântano educativo (a todos os níveis!). E insistem em não perceber que, se algum Ranking houvesse que ser feito, seria o Ranking de Concelhos Educativos. Nunca o Ranking de Escolas. As escolas não têm recursos para investir na educação. As escolas não tomam decisões curriculares. E são obrigadas a albergar nos seus espaços, crianças e jovens que da escola nada pretendem. A escola, tal como os políticos a conceberam e determinam, não serve nem os seus gostos, nem as suas ambições de vida. As escolas limitam-se a aplicar decisões curriculares que são determinados superiormente.
Os ministros deveriam ter vergonha de terem contribuído para a desmotivação e descrédito, para o pântano que se tornou o trabalho nas escolas. Os nossos (des)governantes, depois de terem conduzido o país para o abismo económico, social, educativo e sanitário, continuam a insistir com o Ranking de Escolas como se as escolas fossem as responsáveis pela crise económica e social em que o país se encontra mergulhado.
Em vez de contribuirem para melhorar o trabalho nas escolas (com recursos e equipamentos adequados ao sucesso escolar!) preferem matar a sua ávida sede de vingança contra aqueles de que pouco depende o sucesso de uma larga franja de população condenada à pobreza pelas políticas levadas a cabo pelos (des)governos do pós 25 de abril. Desde as escolas sem recurso pedagógicos, salas de aula sem espaço para desenvolver um trabalho pedagógico adequado aos níveis diferenciados de aprendizagem que continuam a proliferar nas turmas, apesar das mentiras governamentais de que o reordenamento da rede escolar seria mais vantajoso para a aprendizagem das crianças (há hoje crianças que perdem mais de duas horas no trajecto casa-escola!!!!) até crianças com fome, as escolas públicas continuam a ser as piores do país. Mas isso, não interessa aos governos! O que importa é encontrar bodes expiatórios. Mas isso só será possível enquanto o povo estiver adormecido. Mais cedo ou mais tarde, os cidadãos dar-se-ão conta de que os resultados da formação dos nossos filhos depende predominantemente dos recursos que cada escola possui, sejam eles materiais e humanos seja em temos de público que frequenta as mesmas.
Que espera o estado para apresentar, a par do ranking das escolas, o rendimento (e fortuna!) per capita, dos famílias das crianças e jovens que frequentam cada uma das escolas do Ranking? É que, com este dado, facilmente cada português que compreende facilmente que tal como o Belenenses, apesar de, teoricamente, poder ir ao mercado comprar os jogadores que precisa para enfrentar o campeonato da primeiro divisão, na realidade não o pode fazer porque financeiramente não tem os recursos do Porto ou do Benfica, ou do Sporting (e muito menos do Barcelona ou do Real Madrid) pelo que as aspirações dos seus adeptos e dirigentes não são ficar nos primeiros lugares do campeonato mas (e tão-só!) a permanência na 1ª divisão.
O mesmos e passa com as escolas. Muitas delas apenas possuem jogadores de 3ª divisão. E são seriadas no mesmo Ranking??? Este Ranking é a demonstração da falta de vergonha dos ministérios que têm sido os únicos responsáveis pela diferença que existe na educação.
Por isso perguntamos: Ranking das Escolas? Onde está o verdadeiro Ranking das Escolas? Onde está o Ranking de Escolas que apresente aos portugueses uma classificação que espelhe a diferença das suas valências: a qualidade das suas instalações e adequação dos seus espaços, equipamentos e seus recursos destinados à aprendizagem? Umas “têm tudo”… Outras “também não”!!!
Por que motivo não se diz que os melhores alunos estão nos concelhos “tal” e “tal”??? Porque se insiste em ordenar as escolas. Que pretendem com este Ranking de escolas? Afinal, as escolas não educam: são as sociedades que educam querem massacrar os professores e libertar-se os Presidentes de Câmara que, em vez de apostarem nos equipamentos e condições de trabalho nas escolas apostam em colocar relva sintética nos campos de futebol das freguesias... et. etc.
A avaliação que os governos decidiram fazer com base em RANKINGS (absurdos, porque comparam o incomparável. Sim... Nenhuma escola pública pode escolher os seus alunos (como os clubes escolhem os seus jogadores, como as escolas privadas "escolhem" devido aos diferentes recursos económicos das famílias!!!). Todos os anos vem a público este ranking absurdo. E o pior é que, dado o objectivo com que o apresentam: continuar a denegrir a imagem dos professores como se, única ou predominantemente, deles dependesse o resultado obtido pelos alunos!!!.
Por isso, não importa nem os métodos nem os critérios que são usados nem mesmo os meios para atingir os fins: libertar os políticos da desgraça das suas medidas quer em termos de falta de investimento verdadeiramente direccionado para a educação, quer em termos de apoio à formação dos jovens (com famílias a cortar na educação para poderem dar alimentação aos seus filhos. O que existe em Portugal é fracasso social. Não é fracasso educativo. O que existe em Portugal, são famílias miseráveis passando fome que nem um euro têm para despender na educação. O que existe em Portugal é uma sede ávida da parte dos nossos (des)governantes por retirar aos jovens o futuro a que tinham direito em benefício de uns quantos políticos que sabem muito bem que, sendo incapazes, a única garantia que têm de poder "continuar a reinar" é que Portugal se reduza a uma ""terra de cegos".