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Até que o Teclado se Rompa!

"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons." (Martin Luther King)

Até que o Teclado se Rompa!

"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons." (Martin Luther King)

J.Ferreira

TPC_CPP.jpg
Nos últimos tempos tem voltado a polémica sobre a legitimidade da ordem dos professores no que respeita aos TPC (vulgo, Trabalho Para Casa).
O chamado "Trabalho Para Casa" é uma falácia. Qual Trabalho para casa?? Há um erro na Sigla. Não são TPC...! São, isso sim, e seguramente, CPP: Castigo Para o Professor!
Na verdade, um aluno trabalhará, na maioria das vezes, um tempo extra que poderá levar-lhe 10 ou 20 minutos, ou até mesmo 01:00 hora (dependendo do ritmo e da concentração que coloque no trabalho). É claro que, se o aluno está, simultaneamente, a jogar no telemóvel, a responder a não sei quantas solicitações dos amigos nas redes sociais, passa outro tanto tempo a atender o telemóvel... dirá que perdeu mais de duas horas a fazer o TPC... Claro... E se fosse ver, pelo meio, um ou 2 episódios da séries televisivas que "chupam" como gelados, sem nunca se queixarem de excessos — e do que se vangloriam nas redes sociais, referindo terem visto toda uma temporada, fazendo directas, a comer pipocas e sem dormir (e, não me venham com "estórias", porque conheço o fenómeno muito bem..:!) — podem dizer que os trabalhos de casa tardam 2 ou 3 horas a fazer... O mais caricato é que estes jovens (que se queixam ou recusam os TPC) conseguem enganar muitos paizinhos (aqueles que ainda acreditam no Pai Natal quando já nem os mais pequeninos e de tenra idade não se deixam levar pelo encanto do "barbas brancas"...). 
O erradamente chamado TPC — Trabalho Para Casa — na essência não é um CPA (Castigo Para Alunos). O TPC é, antes que isso, um PPA (Prémio Para Alunos). Sim, Um PPA porque facultam a possibilidade aos alunos de desenvolverem as suas competências ou de concluírem as tarefas que deixam por acabar (devido à sua lentidão e distracção sistemática na sala de aula!). E os professores são forçados a corrigir todos esses trabalhos...! Por isso dizemos:
Qual Trabalho Para Casa?? Há um erro na Sigla. Não são TPC..:! Os mal designados TPC são CPP... São Castigos Para Professores.
É um TRABALHO EXTRA para o professor realizar, em casa, e que NÃO É REMUNERADO...!!! É um trabalho de que qualquer professor prescindiria com todo o gosto... Por mim, quizás, fosse a forma de ter tempo para sair à rua, e deixar de estar enclausurado, dias e fins de semana, entre as quatro paredes de uma sala, agarrado a canetas, corrigindo falhas, definindo, traçando e elaborando estratégias de superação das diferentes dificuldades demonstradas pelos diversos alunos... Mas só posso definir estratégias de superação das dificuldades se conhecer as lacunas de cada um dos alunos... Sim... Tal como o médico só pode receitar a medicina eficaz se tiver os meios de fazer o diagnóstico dos problemas do paciente...! Logo, o  TPC pode também ser um meio de diagnóstico que corresponde a horas extraordinárias de trabalho que NUNCA FORAM PAGAS nem são RECONHECIDAS... E, ainda por cima, há quem as critique!!??? De facto, o TPC não é um TPC... é antes um CPP. 
Sim... Enquanto um aluno trabalhará um tempo extra inferior a 1 hora. Então, o que dizem ser Trabalho Para Casa é, essencialmente, um Castigo Para o Professor. Sim… um Castigo Para o Professor! Porque, enquanto os meninos se deitam às 21:00 h. (ou 22:00 porque no fim dos TPC, para o que sempre diziam que não tinham tempo, ficam a jogar Fortnite...) o professor terá de deitar-se às 02:00 horas ou 03:00 horas da madrugada (sendo optimista!).
Por isso, acabem com os TPC... e será dada a machadada (tão esperada) nos CPP.
Por vezes, proponho algum trabalho extra para os meus alunos ... Distribuo a todos... Mas peço-lhes (e agradeço!) que não o façam!!! Sim... Agradeço porque se o fizerem, terei de os corrigir, comentar, apontar alternativas de superação das dificuldades demonstradas... E isso, sim... é trabalho, reflexão, exercício de descoberta de estratégias de superação de dificuldades... Por isso defendo que, aquilo a que a sociedade chama de TPC (vitimizando os alunos) são na verdade... CPP..: (Castigo Para o Professor!).
E, o problema é que os meus alunos costumam pedir mais... Querem mais tarefas... Eles sabem que é um CPP e preferem levar o que os pacóvios dos pais chamam de TPC... porque se divertem arranjando CPP — Castigos para o Professor.. E não é que eles se riem...!??!! E ainda gozam... E divertem-se porque, de pretensamente "castigados" com TPC, eles têm consciência (que falta aos pais!) de que tudo é uma questão de ponto de vista: Eles sabem que não é um castigo... mas que são eles a despenhar o papel de "castigadores"... Eles é que castigam os professores...
É claro que não querem TPC... mas pedem mais... e mais CPP...!!! E gostam do papel que lhes toca... Têm prazer em e divertem-se a castigar o professor... Eles chamam-lhes DPC... (Diversão Para Casa... ) E eu não os considero nada divertidos!!! É que dão muito trabalho para elaborar: levam horas e horas... E depois, os alunos livram-se do dito rrabalho em menos de meia ou de uma hora. Por sua vez, o professor, que tem de corrigir e comentar trabalhos de 26 a 30 alunos, a 5 minutos cada um, e na melhor das hipóteses, terá de trabalhar 2 horas extra (130 minutos). Tempo que NUNCA foi nem será remunerado. Ou seja, TSP... Tira o Sono a Professores.
Quem não gosta nada dos TPC são os pais... Porque têm de dar atenção aos filhos... Sim... têm que dar atenção aos filhos e.. dialogar, interagir com eles... quando preferiam estar a ver novelas ou reality-shows... ou a jogar nos seus iphones ou nos seus tablets...).
Não me estranha que, em Portugal, um certo grupo de cidadãos opinadores (que sabem de tudo mesmo não sendo especialistas de nada...) consigam manipular uma outra camada de cidadãos acríticos (que, tal como papagaios, repetem as opiniões que ouvem do referido género de cidadãos) fazendo-os ficar encantados e caminhar para o abismo, tal como Hamelin fez aos ratos, encaminhando-os e afogando-os a todos no rio.
É este grupo de cidadãos (que opinam sobre o que realmente sabem mas que não se coíbem de opinar do que nada sabem...) que no seu alto pedestal da comunicação (como José Eduardo Moniz) manipulam, enviesam, deturpam a informação... e conduzem os "pacóvios" acríticos para o abismo do conhecimento. E se ficassem pela opinião... Mas não... do seu pedestal megafónico (televisão e rádio) lançam entulho na rede comunicacional que atinge e infecta todo o país, em jeito de falácias (mentiras que parecem verdade!) e que ninguém tem possibilidade de discutir nem de desmascarar...
E lançam petições (de que se orgulham e vangloriam!) para acabar com os TPC.
Da minha parte, a esses pseudo-intelectuais, esses tais sábios — do tipo que Sócrates (o filósofo grego) se divertia demonstrando-lhes a sua ignorância — que nem sabem que nada sabem — só posso agradecer a sua iniciativa que visa o Fim dos TPC... Porque não passam de CPP (Castigo Para Professores!). OBRIGADO, pois, caro José Eduardo Moniz... Saiba que, como eu, milhares de professores agradecem, veementemente, que a sua iniciativa seja aprovada no Parlamento... E que seja legislado, de uma vez por todas, o FIM aos Castigos Para Professores.
A partir desse dia, cada criança, cada jovem, aprenderá e irá tão longe quanto os seus PAIZINHOS quiserem ou puderem. Sim, porque os meninos das classes economicamente mais robustas, poderão continuar a pagar a explicadores que, após as aulas (nos seus gabinetes, salões, escritórios, salas de estudo e não em casa!) se ocuparão de desenvolver mais e mais as competências dos seus filhotes (ainda que nem tantas tenham como outros oriundos de classes menos favorecidas).
Quizás, José Eduardo Moniz seja dos que inscreveu os seus rebentos em salas de estudo, e apostou em explicadores... Ou talvez não... Mas muitos, todos sabemos que o fazem... e exigem progressos aos seus filhos! Até ao sábado vão a escolas particulares... Mas, como mas esses trabalhos são feitos fora de casa... os paizinhos podem ficar tranquilos nas suas redes sociais...! Não têm que prescindir das suas "horas de lazer" para acompanhar os filhos... E, sem os ditos TPC... até os podem deixar a jogar até às duas da madrugada pois, será na sala de aula que não pararão de bocejar... E, como os paizinhos nem se dão conta de que os filhinhos (que não têm tempo para os ditos TPC!) chegam à escola esgotados (porque ficaram a jogar Fortnite no seu quarto privado, em rede com não se sabe quem nem de que parte do mundo!), porque não assistem às manifestações de desgaste e de cansaço provocado pelos jogos ditos jogos de vídeo, continuam a apoiar esta palhaçada que é o questionamento dos TPC (para nós, CPP...!). O TPC, se for mandado pelo professor da escola pública... (porque tal crítica ocorre, essencialmente na escola pública, diga-se!) é inadmissível porque rouba horas de vídeojogos... Mas, se for em aulas privadas (em centros de estudos ou com explicadores provados...!) já é uma atitude nobre, louvável, uma prova de dedicação do professor!
Porque, para as classes altas, não convém que existam TPC! Por que será que isto sucede? Por que motivo são contra os (mal nomeados) TPC? Em suma, que preocupará, então, pessoas como José Eduardo Moniz?
Resposta:
Que os mais pobres possam igualar os seus filhotes, se executarem trabalhos em casa... e desenvolverem ou recuperarem capacidades... E não convém porque, assim, os alunos oriundos de classes desfavorecidas podem desenvolver as suas capacidades (sem pagar a explicadores!) e... quizás, conseguir recuperar dos handicaps relacionados com o nível socio-económico e social das famílias de origem, e ultrapassar os filhos de papá que têm esses apoio em explicadores......
Palavras para quê...?